
Mostra do Museu de História do Pantanal
Museu instalado no Mato Grosso do Sul traz um acervo que abrange a arqueologia histórica, a cultura e os costumes regionais do povo pantaneiro, datados de 6.000 anos a.C
A identidade do Pantanal está detalhada de forma lúdica, didática e interativa no Museu de História do Pantanal (Muhpan), inaugurado neste mês, na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Com um acervo que abrange a arqueologia histórica, a cultura e os costumes regionais, datados de 6.000 anos a.C, o espaço deverá se tornar um dos principais pontos turísticos da cidade, inclusive pelo valor histórico do prédio onde está localizado – um edifício de 1876 no Casario do Porto, construído com material importado da Inglaterra, numa época em que a cidade era o terceiro porto fluvial mais importante da América Latina.
A arqueóloga e vice-presidente da Fundação Barbosa Rodrigues, responsável pelo museu, Verônica Nogueira, explica que esse é o primeiro trabalho que explora conceitos museográficos desde a pré-história até o homem moderno na região. “Com apoio do Ministério da Cultura e diversas outras instituições, essa proposta inédita está se tornando realidade. Contaremos com acervo fixo e mostras temporárias que levarão à população um pouco da história do povo pantaneiro”.
A proposta é promover visitas monitoradas para todos os públicos, trabalhando diferentes linguagens no espaço. A curadoria espera também conquistar o interesse dos turistas que passam pela região, oferecendo um museu que possui desde artefatos pré-históricos até elementos de alta tecnologia. O público poderá conferir fósseis e fragmentos arqueológicos, além de obras interativas que abordam temas como missões jesuíticas, incursões bandeirantes e atividades econômicas da região.
A montagem do museu contou com o apoio de organizações dos setores público e privado e foi viabilizada por meio da Lei Rouanet, que concede benefícios fiscais a empresas que financiam atividades culturais. O trabalho é uma realização da Fundação Barbosa Rodrigues, com supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), apoio da Prefeitura de Corumbá, e patrocínio da Petrobras e do Instituto Votorantim, que atualmente patrocina 50 projetos em mais de 200 cidades brasileiras.
Segundo o gerente da unidade Corumbá da Votorantim Cimentos, Marco Antônio Monteiro de Souza, “o apoio ao restauro do museu é uma forma da empresa se integrar não só com a comunidade, mas com a sua história, uma vez que o novo espaço representa uma viagem pelos oito mil anos da ocupação humana do Pantanal, uma das regiões mais belas do Brasil”.
Viagem histórica
A viagem pela história do Pantanal começa em um túnel de imersão, onde são projetadas imagens e trechos da poesia de Manoel de Barros em um corredor de espelhos. Seguindo pela sala Os Pantanais, o visitante encontra uma canoa Guató, uma forte referência ao assoreamento do Rio Taquari, e fotos e mapas que retratam as sub-regiões do Pantanal.
A visita segue pela pré-história no andar seguinte, onde fósseis e fragmentos arqueológicos retratam os primeiros vestígios humanos na região. Em ordem cronológica, o roteiro expõe a conquista espanhola, as missões jesuíticas e incursões bandeirantes. Passa pelas expedições científicas do início do século 20, pela Guerra do Paraguai, pela próspera Corumbá dos imigrantes, e termina no século 20 da Ferrovia Noroeste, da pecuária e da mineração mato-grossense.
A idéia é superar a função de museu visto como depósito de objetos, e transformá-lo em um local onde a população possa reconhecer as marcas de seu patrimônio, encontrar suas origens culturais e partilhar essa experiência com pessoas de outras regiões. Segundo a coordenadora do Muhpan, Marta Barros dos Santos, os museus não são produtos estáticos porque, como a história, estão em constante construção. “Mais difícil que expor objetos, é expor os valores culturais de um povo”, diz. “O povo é o produtor da cultura. Não estamos aqui somente para contar a história, mas dialogar com a comunidade, e juntos fazermos a história”, ressalta Juliano Borges, coordenador de Ações Educativas.
Fundação Barbosa Rodrigues e Instituto Votorantim – Tel.: (11) 3061-9596
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