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Para o Wal-Mart, maior empregador dos Estados Unidos (são mais de dois milhões de associados, 70 mil deles no Brasil), investir em sustentabilidade é uma forma inteligente de economia, com impacto positivo no negócio. Com um desembolso em torno dos US$ 500 milhões nos próximos cinco anos, a empresa espera ter 100% de consumo de energia renovável, reduzir em 25% a geração de resíduos sólidos, ter lojas 25% mais eficientes, entre outros benefícios que refletem diretamente na saúde do Planeta.
Em novembro do ano passado, por exemplo, a rede varejista inaugurou em São Paulo uma unidade planejada dentro do conceito de “construção verde”, que conta com sistema de captação de água da chuva, tem instalações que otimizam o uso da iluminação natural e possui um sistema com lâmpadas especiais para economizar energia elétrica. O Wal-Mart também manteve uma área de preservação ambiental permanente, onde foram plantadas mais de 170 mudas de espécies da Mata Atlântica e transplantados dois Jerivás, espécie nativa da região, e um abacateiro.
Em outra frente, o Instituto Wal-Mart, braço social da rede, adotou o bairro Bomba do Hemetério, zona norte da capital pernambucana, onde pretende elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) por meio de ações que contribuam para o aumento da renda, melhoria da qualidade do ensino, redução da mortalidade infantil, fortalecimento das manifestações culturais locais, mobilização e articulação comunitária. O instituto também irá apoiar ao longo de 2008, 25 projetos sociais nos 17 estados onde a rede está presente, num investimento que alcança a marca dos R$ 7 milhões.
Em entrevista exclusiva ao Responsabilidade Social, o diretor do Instituto Wal-Mart, Paulo Mindlin e a gerente de Sustentabilidade do Wal-Mart Brasil, Christianne Urioste, destacam as principais ações da rede em sustentabilidade e mostram que é possível pensar no social sem perder o foco nos negócios.
1) Responsabilidade Social – O Instituto Wal-Mart lançou recentemente edital para seleção de projetos sociais nos estados brasileiros onde a rede está presente. Explique como funciona essa seleção e de que forma esses projetos são apoiados.
Paulo Mindlin – A inscrição dos projetos deve ser feita online no recém-lançado site http://www.iwm.org.br. Poderão se inscrever organizações da sociedade civil, legalmente constituídas e sem fins lucrativos, que desenvolvam projetos sociais nas localidades onde existam lojas da rede Wal-Mart Brasil, que inclui hipermercados Bompreço, BIG e Wal-Mart Supercenter, supermercados Bompreço, Nacional, Mercadorama, atacado Maxxi e o clube de compras SAM’S CLUB. Os projetos serão selecionados pelo Instituto Wal-Mart, em parceria com o Instituto Fonte e especialistas do Terceiro Setor. O Instituto Wal-Mart selecionará 25 projetos, que receberão aporte de recursos por um período de 24 meses para desenvolvimento de infra-estrutura e consultoria, no valor total de até R$ 250 mil, considerando os dois anos da parceria.
2) RS – O balanço social apresentado pelo instituto traz dados bastante expressivos. Somente no ano passado 45 projetos foram financiados, beneficiando 3,8 mil pessoas pela iniciativa de geração de trabalho e renda. Mas como o senhor defenderia para um leigo – um cliente, por exemplo – que o Wal-Mart é realmente responsável?
Paulo Mindlin – A missão do instituto está alinhada à missão do Wal-Mart, que é promover o desenvolvimento social, econômico e cultural nas comunidades onde está presente. Temos atividades como o Dia na Comunidade, em que funcionários da rede reservam voluntariamente algumas horas de seu dia a ações que beneficiem instituições beneficentes e públicos carentes. Acabamos de lançar a Campanha contra o Trabalho Escravo em nossas lojas, ampliando a iniciativa já realizada nos escritórios, que consiste em colher assinaturas com o objetivo de pressionar a aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001 que determina a expropriação (sem pagamento de indenização) de propriedades onde for constatada a exploração de mão-de-obra escrava. Além disso, a comunidade representa toda a rede de influência das lojas, ou seja, na comunidade estão nossos clientes, fornecedores, uma vez que nos preocupamos em fortalecer a produção local, e também nossos funcionários. Desenvolvendo atividades nas comunidades em que atuamos, é automática a percepção dos clientes em relação à influência das nossas atividades no desenvolvimento local.
3) RS – Quais foram os principais investimentos feitos em Responsabilidade Social, e qual o retorno que a organização teve (e tem) atuando de maneira socialmente responsável?
Christianne Urioste – O Wal-Mart anunciou investimentos de US$ 500 milhões em cinco anos em sustentabilidade no mundo. A sustentabilidade é um programa contínuo e está sendo desenvolvido em todas as áreas da empresa. É parte da nossa forma de fazer negócios. Para promover a sustentabilidade são realizadas ações no dia-a-dia, na elaboração de projetos conjuntos com fornecedores, na construção de lojas, ações para redução de consumo de energia, redução de emissão de poluentes, de redução de embalagens. As ações de sustentabilidade, no Brasil e no mundo, refletem positivamente na imagem da companhia. No entanto, essa não é nossa motivação. Investir em sustentabilidade é uma forma inteligente de economia, com impacto positivo no negócio. Mas acima de tudo esse é um caminho sem volta. A perenidade da nossa sociedade, do planeta e também da nossa empresa dependem da adoção desse tipo de prática.
Paulo Mindlin – Também destaco parceria com a Coca-Cola para lançamento das Estações de Reciclagem, que já estão ativas em 107 lojas beneficiando cooperativas de todo o País; a campanha contra o trabalho escravo, o projeto na comunidade Bomba do Hemetério, em Recife, e os lançamentos do primeiro Edital de Projetos e do site do Instituto (http://www.iwm.org.br). De forma geral, para 2008 estão previstos investimentos de R$ 7 milhões nos projetos apoiados.
4) RS – O estudo “Riscos Estratégicos aos Negócios – 2008 – Os Dez Maiores Riscos às Empresas”, da consultoria Ernst&Young divulgado em maio deste ano apontou que o consumo consciente está entre as dez maiores preocupações das empresas atualmente. De que forma o Wal-Mart se prepara para atender esse cliente?
Christianne Urioste – Os consumidores estão cada vez mais cuidadosos de sua responsabilidade na preservação do meio-ambiente, influenciados pelas iniciativas diversas de conscientização do impacto individual das ações cotidianas. Além de oferecer produtos sustentáveis, lojas cada vez mais adaptadas a essa necessidade, o trabalho da rede está especialmente focado na orientação do consumidor. As iniciativas de sustentabilidade são orientadas por dez plataformas de ação e uma delas trata da conscientização dos clientes. Desenvolvemos uma sinalização que está sendo testada nas lojas, especialmente em Curitiba, com informações educativas para os consumidores. São orientações sobre como economizar energia e água, recomendação para reaproveitar embalagens, indicação dos benefícios dos produtos orgânicos instaladas nas gôndolas e suspensos em áreas com boa visibilidade. É um processo que pretendemos avançar. Um exemplo da conscientização dos consumidores é a nossa sacola retornável, que lançamos no início de maio.
5) RS – A empresa tem um plano com metas anuais para minimizar o impacto ambiental decorrente de sua operação ou para prevenir os riscos ambientais?
Christianne Urioste – No Brasil, nossas principais metas são:
Energia & Construções
– Visão: Ter 100% de consumo de energia renovável;
– Lojas 25% mais eficientes em sete anos;
– Frota 50% mais eficiente em dez anos;
– Trabalhar o conceito de desperdício zero;
– 25% de redução na geração de resíduos sólidos em três anos;
– Vender produtos ‘sustentáveis’;
– 20% da cadeia de abastecimento alinhada em três anos.
6) RS – O senhor tem enfrentado dificuldades práticas ou operacionais para implantar o processo de responsabilidade social dentro da cultura do Wal-Mart?
Paulo Mindlin – A responsabilidade social faz parte da cultura do Wal-Mart Brasil desde o início, uma vez que trabalhos sociais são realizados pela empresa desde sua chegada no País, em 1995. O Instituto Wal-Mart, que foi criado em 2005, é uma evolução natural dessa cultura, refletida no entendimento da necessidade de fazer investimentos de longo prazo com maior poder de transformação social nas comunidades em que atua. È parte essencial da nossa forma de fazer negócio.
7) RS – Como foi a evolução do tema sustentabilidade na empresa nos últimos anos? Houve mudança no entendimento do conceito, no objetivo e na abrangência das ações, no engajamento de colaboradores e da própria empresa?
Christianne Urioste – O Wal-Mart tem como objetivo influenciar toda a cadeia, incluindo os funcionários também. Em parceria com o Instituto Akatu, a nossa área de treinamento desenvolveu um módulo de treinamento formal para o quadro funcional. Mais de duas mil pessoas já estão inscritas em programas como consumo responsável, redução e reciclagem, saúde e bem-estar, economia de energia e água, mobilização e voluntariado. A ação de cada pessoa é espontânea e o papel da empresa é reconhecer a ação e lhe dar visibilidade para que sirva como sugestão de boa prática que pode ser seguida pelos demais.
Em 2008, treinaremos 20 mil funcionários. Implementamos recentemente o Programa Pessoal de Sustentabilidade (PPS) para estimular nossos funcionários a incorporarem as boas práticas de sustentabilidade no seu dia-a-dia. É um programa que em quatro dias teve mais de duas mil adesões já que por meio dele estimulamos os nossos funcionários a adotarem ações de sustentabilidade no seu cotidiano gerando benefícios diretos para o indivíduo. Acreditamos ser essa a melhor maneira de engajar os funcionários a causa – eles devem primeiro acreditar como indivíduos. Só assim o engajamento e a adesão serão verdadeiros.
8) RS – A senhora acredita que o desenvolvimento econômico possa conviver harmoniosamente com o meio ambiente e práticas sociais?
Christianne Urioste – Sim. Em um mercado cada vez mais competitivo, a todo momento nos deparamos com novos riscos, o que exige a evolução contínua de nossas práticas. As novas exigências do mercado global fizeram com que as empresas passem a adotar o modelo de negócios conhecido como “tripé da sustentabilidade” que trabalha desenvolvimento com três dimensões: o social, o ambiental e o econômico – “desenvolvimento sustentável”.
9) RS – O Wal-Mart possui prêmios ou certificações conquistadas em reconhecimento pelo desempenho da gestão ambiental, tais como ISO 14000 e FSC (Forest Stewardship Council)? Quais?
Christianne Urioste – O Wal-Mart conquistou o TOP Ambiental 2008 da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de São Paulo, a ADVB-SP, pelo case “Programa de Sustentabilidade Wal-Mart Brasil”. A empresa foi escolhida, ao lado de mais onze companhias, por ter se destacado com sua política de práticas responsáveis para a preservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, alinhadas com a missão da varejista em melhorar a qualidade de vida das pessoas para servir às comunidades onde atua. Em 2008, lançamos também os tablóides de ofertas certificados, produzidos com papel certificado pelo FSC, o Forest Stewardship Council, entidade que confere um selo ao material que garante que o papel é oriundo de áreas de manejo sustentável. Além disso, temos uma série de produtos sustentáveis em nossas gôndolas, alguns deles com embalagem certificada também pelo FSC. No âmbito da comunicação, o Wal-Mart foi reconhecido pela Aberje, a Associção Brasileira de Comunicação Empresarial e pela Revista Imprensa, como uma das empresas mais citadas em matérias sobre sustentabilidade, em 2º e 5º lugar, especificamente.
10) RS – Qual o seu entendimento pessoal do termo “responsabilidade social”?
Paulo Mindlin – Empresas socialmente responsáveis são aquelas que têm na gestão do negócio a consideração pelos temas de interesse da sociedade.
11) RS – Fale dos desafios do instituto e de suas pretensões para o futuro.
Paulo Mindlin – O Instituto acabou de lançar o Primeiro Programa de Desenvolvimento Local Integrado do grupo no País. A iniciativa foi inaugurada no dia dois de julho no bairro Bomba do Hemetério, zona norte da capital pernambucana, e tem como meta de longo prazo a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do bairro (0,704, enquanto o índice da cidade do Recife é de 0,797). O programa, que certamente é um dos nossos maiores desafios, será desenvolvido em parceria com o Governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife e visa promover o desenvolvimento da comunidade por meio de ações que contribuam para o aumento da renda, melhoria da qualidade do ensino, redução da mortalidade infantil, fortalecimento das manifestações culturais locais, mobilização e articulação comunitária.
Avaliar as inscrições que estamos recebendo por conta do lançamento do Edital de Projetos e selecionar os projetos também se configura como uma das principais metas. O instituto também tem o desafio contínuo de trabalhar para que os projetos apoiados desenvolvam todo o seu potencial. O trabalho tem como pano de fundo a crença na capacidade do indivíduo como protagonista na mudança de sua própria vida. A proposta é investir em ações de fortalecimento e impulso social, não em ajudas pontuais ou de caráter assistencialista. Os projetos são apoiados pelo instituto por um prazo máximo de dois anos, período em que são capacitados para seguir atuando de forma autônoma.
Wal-Mart Brasil e Instituto Wal-Mart – Tel.: (11) 2103-5357
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