Operação sorriso

ONG faz pós-operatório em Santarém

Entidade devolve o sorriso para mais de 3 mil crianças com fissura lábio-palatina

A Associação Operação Sorriso do Brasil, instituição sem fins lucrativos que trabalha com pessoas com lábio leporino e fenda palatina, uma das mais frequentes deformidades congenital facial, é responsável pela reconstrução do sorriso de cerca de 3,4 mil pessoas no país. Com atendimento de norte ao sul do Brasil, a entidade examinou de 1997 até o final do ano passado, 7,2 mil pacientes, operou 3.321 e realizou 40 programas, que envolvem não só cirurgias, mas também acompanhamento pós-operatório e atividades educacionais continuadas. Pela iniciativa, voluntários fazem gratuitamente procedimentos cirúrgicos que na rede privada podem custar até R$ 10 mil.

Para se ter uma ideia do alcance do projeto, somente no mutirão realizado em agosto passado no Rio de Janeiro, foram 491 inscritos e 120 cirurgias agendadas para serem realizadas durante uma semana. A rotina da equipe, que contou com profissionais voluntários de cinco países e oito estados,   muitas vezes começava às 5h30 da manhã e só terminava à meia noite. O mutirão ocupou seis salas de cirurgia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Somente em 2008, a instituição desenvolveu cinco programas cirúrgicos e dois programas educacionais, ações que garantiram exames clínicos para 718 portadores de fissuras lábio-palatina,   totalizando 529 cirurgias gratuitas em 357 pacientes. A ação teve apoio de empresas parceiras, autoridades públicas e entidades mais representativas da área médica envolvida nesse tipo de tratamento.

“A organização foi desenvolvida com o propósito de oferecer aos portadores dessa deformidade, uma reabilitação social completa”, destaca o médico e diretor da instituição, Nivaldo Alonso. Ainda de acordo com ele, o foco da entidade é atuar nos locais mais carentes, onde a possibilidade de cirurgias reparadoras sejam remotas, ou onde o número de pacientes seja maior do que a capacidade local de tratá-los. “Embora seu aspecto inicial cause uma certa estranheza nas pessoas, a grande maioria desses pacientes tem um desenvolvimento cognitivo normal, o que transforma o seu tratamento cirúrgico em grande alternativa para a solução desse problema que atinge, principalmente, os países em desenvolvimento”, explica.

Embora não exista um levantamento de dados oficiais do número de pessoas com a fissura, a estimativa dos centros de tratamento no país é de que 1 criança nasça com o problema em cada 650 nascidos vivos, o que resultaria numa população de 280.000 pessoas afetadas hoje no Brasil. “Em virtude desse número tão expressivo, e da insuficiência de condições de tratamento cirúrgico e complementar para o devido tratamento do paciente pela rede pública, buscamos ampliar a auto-suficiência nas diversas regiões do país, principalmente nos estados de maior incidência do norte e nordeste”, revela o médico. Para tanto, a instituição busca profissionais voluntários da área de saúde, patrocínio de pessoas física e jurídica e a doação de equipamentos e instrumentos cirúrgicos.

Com intuito de ofertar para todos os pacientes os mesmos procedimentos e atendimento com médicos capacitados, a instituição leva profissionais de todos os países associados ao projeto aos Estados Unidos para receber treinamento avançado em sua área de especialização. Desde 1987, mais de 800 profissionais da saúde já participaram do programa, que se realiza na sede da organização em Norfolk (Virgínia, EUA). Até o momento 36 médicos brasileiros já participaram.

A instituição realiza, ainda, programas cirúrgicos nos hospitais públicos, em parceria com as Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais e desenvolve atividades como simpósios, oficinas e palestras, com o objetivo de ampliar a auto-suficiência no tratamento do paciente. Fundada em 1982, a Operation Smile, realizou seu primeiro programa em território nacional no ano de 1997, na cidade de Fortaleza, no Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS). Hoje tem ações no Rio de Janeiro, Paraná, Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Pará, Distrito Federal, entre outros.

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