
Capa da publicação recém lançada
Publicação é resultado de pesquisa inédita, que compilou ferramentas utilizadas em mais de 30 países
Após mais de um ano de pesquisas, foi lançado neste mês no Brasil o Compêndio para Sustentabilidade – Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Socioambiental: Uma Contribuição para o Desenvolvimento Sustentável. Organizado por Anne Louette, coordenadora do Instituto AntaKarana e diretora estatutária voluntária do programa Reciclar desde 1998, a publicação reúne ferramentas de apoio à gestão sustentável utilizadas em 33 países, com o intuito de ampliar a adoção de práticas de responsabilidade social empresarial.
Segundo a organizadora, a proposta da publicação é oferecer alternativas para as organizações avançarem nos projetos e processos de implementação da sustentabilidade nas suas práticas cotidianas, tornando-as mais transparentes e comprometidas com as demandas. “O objetivo é mostrar, principalmente aos empresários, que não é preciso reinventar a roda, boas ferramentas já existem, o que falta é colocá-las em prática, no centro das decisões dos negócios”, diz Anne.
A publicação traz instrumentos que atendem às necessidades das organizações em diversas etapas de gestão, como diagnóstico, implementação e avaliação do desempenho. “Não são receitas de bolo prontas. Cada organização, seja pequena, média ou grande, pública e também não-governamental, deve eleger as ferramentas mais adequadas para sua realidade”, explica.
O livro também pode ser útil para as organizações que ainda não dispõem de política gerencial voltada para a ação sustentável. Para Louette, nesse caso o primeiro passo é mapear os valores da empresa, a fim de dimensionar se a organização tem solo fértil para avançar. O passo seguinte é traçar os desafios e selecionar dentre as ferramentas existentes, o arsenal necessário para estruturar o processo. Os desafios são grandes e exigem dedicação e compromisso permanentes.
O levantamento revela também a diversidade e a convergência entre as várias ferramentas desenvolvidas por centros de pesquisa e organizações de todo mundo, e ainda pouco divulgadas no Brasil. “Vale ressaltar que os processos não são estáticos. Por isso criamos um hotsite, no qual os responsáveis pelo desenvolvimento das ferramentas e os diversos usuários têm a possibilidade de interagir de forma sistemática, trocando experiências e aprimorando esses instrumentos, na busca de novos modelos e soluções que cada vez mais ajudem as organizações”, complementa.
Em outubro passado, antes do seu lançamento no Brasil, o livro foi apresentado no Fórum Mundial da Economia Responsável, em Paris, por Philippe Vasseur, ex-ministro do presidente Jacques Chirac. Para Anne Louette, que participou do evento, o “Compêndio foi considerado uma ferramenta de apoio muito bem-estruturada e de grande utilidade para as organizações”. A publicação, disponível gratuitamente no endereço http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio, conta com o patrocínio da Petrobras, Comgas e apoio cultural da AES Tietê e da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.
Quem é sustentável?
Nos últimos anos, o investimento das empresas brasileiras em ações sociais registrou crescimento exponencial. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2000 e 2004 a participação empresarial na área social subiu de 59% para 69%, o que significa um universo de cerca de 600 mil empresas, dentre as 871mil em atividade no país. Só em 2004 foram aplicados R$ 4,7 bilhões em ações sociais, o equivalente a 0,27 do Produto Interno Bruto (PIB) nacional daquele ano.
O interesse corporativo pelos balanços sociais também teve um aumento significativo, o que mostra que a sustentabilidade tem conquistado status de gestão. Somente o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que trabalha com o modelo de balanço mais difundido no país, tem no seu banco de dados 342 médias e grandes empresas cadastradas. “A publicação dos dados sociais registrou, entre os anos de 2000 e 2004, um crescimento bem nítido, isso tanto pelo marketing social, curiosidade sobre o movimento de responsabilidade social empresarial, como também em função de um conjunto de fatores, como o espírito de participação e consciência cidadã”, destaca a pesquisadora do instituto, Cláudia Mansur.
O instituto também identifica, desde 1998, as companhias comprometidas com a sustentabilidade, por meio do Selo Ibase, que leva em consideração a transparência, ampla divulgação do documento e a melhora contínua no investimento em projetos ou ações sociais. “As empresas solicitantes também são avaliadas por consulta pública no site. No ano passado duas não ganharam o selo por intervenção da população”, conta a pesquisadora. Em 2006, 52 corporações foram certificadas. Já em 2007, o número caiu para 17. “A cada ano utilizamos critérios mais rígidos. No ano passado, por exemplo, foi exigido que as empresas estivessem de acordo com a lei das cotas para pessoas com deficiência. Nosso objetivo não é somente dar um selo. É sacudir a sociedade no caminho da cidadania plena”, complementa.
“Grandes avanços na área de responsabilidade social empresarial foram efetivados, mas em sã consciência, quem pode dizer que é sustentável?”, provoca Anne Louette. “Mundialmente os resultados são pífios. É bem verdade que dos três pilares clássicos do desenvolvimento sustentável – dimensões econômica, social e ambiental – o debate referente ao pilar econômico pouco avançou. É necessário que as empresas ampliem a consciência do papel que elas ocupam na sociedade e que os compromissos de fazer negócios de forma sustentável estejam, de fato, demonstrados nas suas práticas e em todas as suas decisões”, completa.
Instituto AntaKarana – Telefone: (11) 5594 4174 – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Telefone: (61) 3315-5334 – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Telefone: (21) 2556-3095
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