
Símbolo da campanha de prevenção a Aids
Prevenção à Aids nas escolas melhora, mas está longe do ideal. Essa é a conclusão de pesquisa realizada em 2.138 municípios, encomendada pelo Ministério da Educação. O estudo revelou que o percentual de escolas brasileiras que mantêm alguma atividade de prevenção às DST/AIDS subiu de 19%, em 1998, para 66%, em 2004.
O percentual de escolas brasileiras que mantêm alguma atividade de prevenção às DST/AIDS subiu de 19%, em 1998, para 66%, em 2004. A conclusão é de um levantamento junto às secretarias de Educação e de Saúde de 2.138 municípios brasileiros consultados pela ONG APTA – Associação de Prevenção e Tratamento da Aids – a pedido do Ministério da Educação (MEC), nos meses de outubro a dezembro de 2003. O objetivo era mapear os programas de prevenção nas escolas, considerados como a principal barreira contra a propagação da epidemia. Embora venha dando sinais de estabilização, a doença continua muito presente no interior do país, com ocorrência maior em mulheres e entre as camadas mais pobres da população, como avalia a biomédica e pedagoga Terezinha Pinto, coordenadora do estudo.
A pesquisa apontou o envolvimento de 73,6% dos professores das escolas públicas nos projetos de prevenção nas cidades onde existe esse tipo de trabalho. Os docentes apontaram o que julgam ser as principais dificuldades para a realização das iniciativas: falta de material de apoio (14% das respostas), recursos financeiros (13,8%), capacitação profissional (13,2%) e a falta de material didático (10,1%). A resistência dos pais mereceu 8,8% das respostas.
No que diz respeito às expectativas das secretarias de Educação dos municípios em relação ao MEC, 37,9% dos consultados esperam o fornecimento de material didático, 32,2% pedem fomento à formação e qualificação, 15,9% querem recursos financeiros e 11,4%, profissionais para capacitar seus professores. Em 18% das respostas classificadas como ‘outras demandas’, foram citados conhecimentos sobre temas sociais contemporâneos, pós-graduação na área, preservativos femininos, equipamentos como TV e vídeo, material didático para Educação Infantil e disciplina especial de prevenção.
As parcerias com a iniciativa privada em projetos de Educação Preventiva caiu de 5%, no levantamento realizado pela APTA com o Unicef em 1998, para 3%, em 2003. O envolvimento das comunidades nessas atividades é de apenas 13,4%. Mas os maiores obstáculos a uma política de prevenção no sistema de ensino do país, segundo a coordenadora do estudo, são o tempo do professor e a ausência de uma orientação geral de como implantar esses programas nas escolas. “Cerca de 91% dos municípios que possuem alguma atividade de prevenção entendem como projetos um seminário ou mesmo palestras relacionadas ao tema”, revela Teresinha Pinto. Apenas 34 dos 2.138 municípios que responderam à pesquisa (1,6%) disseram contar com uma disciplina especial em seus currículos escolares.
Temas como drogas e sexualidade – uma das principais vulnerabilidades da adolescência, como revelou uma outra pesquisa recente, feita pela Unesco – têm sido objeto de programas de prevenção em apenas 1.095 das cidades alcançadas pela pesquisa (51,2%). Para Teresinha Pinto, a inclusão de questões como o HIV, as drogas, a sexualidade e a violência na prática cotidiana e pedagógica é mais do que uma necessidade de saúde pública: “isso deve ser uma estratégia de formação voltada à cidadania, porque é na escola que a criança e o adolescente passam a maior parte do seu tempo”.
Site da Coordenação Nacional de AIDS: www.aids.gov.br
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