
Entidade brasileira mais antiga a praticar o voluntariado, o Centro de Valorização da Vida (CVV) completa 41 anos de existência e permanece no seu mesmo objetivo: prestar apoio às pessoas fragilizadas e que precisam de amparo emocional
Em 1962, em São Paulo, foi fundado o Centro de Valorização da Vida (CVV), em decorrência do aumento do suicídio nas grandes metrópoles. Foi criado nos mesmos moldes de “Os Samaritanos”, de Londres. É integrado somente por voluntários, inclusive em sua diretoria. Nos primeiros 10 anos, funcionou com apenas um posto em São Paulo. No início da década de 70, começou a se estruturar para um trabalho mais amplo. A abertura de novos postos recebeu um grande impulso a partir de 1977, por ocasião da visita ao Brasil de Chad Varah, fundador de “Os Samaritanos” e simultânea campanha publicitária realizada por agência de publicidade que, na ocasião, adotou o CVV.
Desde o início, seu principal objetivo foi a prevenção ao suicídio, através do apoio emocional oferecido por pessoas voluntárias às pessoas angustiadas, solitárias ou mesmo sem vontade de viver. Como instituição, o CVV é reconhecido como Entidade de Utilidade Pública Federal pelo Decreto Lei nº 73.348 de 20 de dezembro de 1973, e se caracteriza por ser movimento filantrópico, civil, sem fins lucrativos e desvinculado de religiões e política. Mantém, além dos postos de prevenção ao suicídio, o Hospital Francisca Júlia, em São José dos Campos, que abriga 150 pacientes, relacionados com a dependência química e saúde mental, sem recursos, e em convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde).
Conta com 2500 voluntários, 48 postos distribuídos pelo Brasil e que colocam-se gratuitamente à disposição de todos que precisam conversar. Os Postos do CVV estão disponíveis em diversos Estados brasileiros, por telefone, pessoalmente ou por correspondência, 24 horas por dia, todos os dias da semana. “Ao ajudar o CVV a pessoa estará dando a mão a quem realmente precisa de seu carinho e conforto. Com a atenção oferecida pelo telefone, é possível participar de uma relação que traz um novo sentido para aqueles que estão se sentindo solitários e muitas vezes sem expectativa em relação à vida”, explica o Coordenador de Postos CVV no Centro Oeste, Luis Villas.
O trabalho do CVV é mantido pelos próprios voluntários. Qualquer divulgação feita pela entidade é sempre uma oferta da Instituição que a faz (seja de rádio, TV ou jornal). Doações são raras. Mas, quando ocorrem, transformam-se em gastos com divulgação, como faixas e cartazes. Segundo Luis Villas, há dois importantes pontos a serem destacados dentro do CVV: 1) Para ser voluntário, não precisa de formação profissional específica, embora haja treinamento interno permanente. Porém, não se diagnostica nem é substituto de terapeutas; e 2) Para o CVV, é fundamental preservar o anonimato de quem procura o serviço. A pessoa que liga pode ter a certeza absoluta de que tudo que disser é sigiloso, mesmo que ela se identifique.
Em 2002 e neste ano, o CVV tem participado de uma importante parceria com o Ministério da Saúde no Programa de Prevenção ao Suicídio. Até agora, já foram impressos quatro milhões de folhetos, 120 mil cartazes e 15 mil manuais para capacitação de voluntários. Essa parceria contempla capacitação de recursos humanos para atuação direta junto às pessoas que se candidatam a ser voluntárias, através de cursos e treinamentos para prestação deste serviço. É um projeto especificamente voltado à redução dos fatores de riscos de lesões autoprovocadas (suicídios).
Segundo o CVV, a parceria com o Ministério da Saúde foi firmada após diversos contatos realizados no ano passado, em que se descobriu que o apoio mais importante que o Ministério da Saúde poderia oferecer, seria a viabilização do treinamento e seleção de voluntários, assim como a divulgação do serviço. E esse apoio chegou em um novo momento de crescimento no CVV, com o estabelecimento de um Plano de Expansão, que visa à criação de novos postos nas capitais que ainda não contam com esse atendimento voluntário, e no Estado do Rio de Janeiro.
Site: www.cvv.org.br
Também nessa Edição :
Perfil: Roberto Marinho
Entrevista: Viviane Senna
Artigo: Imagem é diferente de reputação
Notícia: O que deu na mídia (Edição 14)
Notícia: Amor à natureza
Notícia: Desenvolvimento pela Reciclagem
Leave a Reply