
Projeto da AOPA em Brazlândia (DF)
ONG brasiliense mostra como, por meio da cidadania, é possível ensinar crianças, jovens e adultos de regiões pobres a respeitar e conservar os recursos naturais. Criado em 1995, o grupo conquistou o respeito da população, da mídia e do governo do Distrito Federal
Criada no dia internacional da mulher, em 8 de março de 1995, durante assembléia entre 33 pessoas preocupadas com o meio ambiente, a Associação Olhos d´Água de Proteção Ambiental (AOPA) tinha por objetivo principal a proteção da cachoeira do Urubu, a mais próxima do Plano Piloto de Brasília, e das nascentes e cursos d´água da microbacia do Urubu. A região é conhecida como Olhos d´Água, em razão da abundância de nascentes no local.
Entre as ações iniciais da AOPA, foram realizadas explorações do córrego do Urubu e afluentes, a fim de reunir informações que subsidiassem uma intervenção planejada na área. Foi promovida, então, uma série de eventos denominados “Viva a Cachoeira”, com o propósito de reunir moradores e freqüentadores da cachoeira do Urubu em atividades culturais, de educação ambiental, limpeza do córrego do Urubu e margens, colocação de placas informativas e lixeiras, bem como de replantio da mata de galeria com espécies nativas. Os eventos rapidamente receberam o apoio da comunidade, bem como da imprensa e do governo local.
Além dos eventos “Viva a Cachoeira”, a AOPA se articulou com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para a realização de palestras aos moradores da região a respeito de técnicas de combate a incêndios no Cerrado; publicou em jornais de grande circulação artigos de educação ambiental e denúncias à população a respeito dos problemas ambientais existentes na microbacia do Urubu, provocados, sobretudo, pela ação de grileiros, de empresas e até mesmo do governo do DF; e acionou, em diversas ocasiões, a Delegacia do Meio Ambiente, a polícia e o Ministério Público para coibir a ocupação ilegal e destrutiva da área. Também mobilizou as associações de moradores da região para apresentarem, em conjunto, ao governo do DF, propostas para a ocupação ordenada e sustentável da microbacia do Urubu.
Como parte da estratégia de tornar as denúncias dos crimes ambientais mais eficazes, a AOPA filiou-se ao Fórum das ONGs Ambientalistas do DF e Entorno, no início de 1999, assumindo, em agosto daquele ano, a Secretaria Executiva do Fórum. Nesse período, contribuiu significativamente para o desenvolvimento do Fórum, que obteve grande visibilidade e respeitabilidade junto à população e instituições do DF e entorno. O trabalho proporcionou à Associação papel de destaque no movimento ambientalista do Distrito Federal.
As ações de educação ambiental não poderiam ficar restritas à cachoeira do Urubu e adjacências, mas deveriam abranger a população do Varjão do Torto, vila de baixa renda, com mais de 8.000 habitantes, localizada nas imediações da microbacia do Urubu. Para trabalhar com a população do Varjão, a AOPA implantou na vila, em fevereiro de 2000, a primeira Escola de Informática e Cidadania do Distrito Federal. Como a educação ambiental está entre os conteúdos que a cidadania comporta, foi possível iniciar o trabalho para despertar a consciência ecológico-comunitária dos jovens e adolescentes do Varjão, capacitando-os também para o mercado de trabalho. Esse projeto foi o primeiro passo na estratégia da AOPA para promover o desenvolvimento sustentável do Varjão do Torto, contribuindo, dessa forma, para a proteção dos ecossistemas do entorno da vila.
No período 2000/2002, a AOPA passou por um processo de profissionalização por meio de uma reforma administrativa e da qualificação da ONG como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP. O grupo também implantou o Programa de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável (DLIS) no Varjão do Torto e em Expansão de Samambaia, outra cidade da periferia do DF. Também promoveu a abertura de espaço jovem com internet comunitária gratuita para a população do Varjão entre 14 e 24 anos, além de firmar parceria com a Universidade de Brasília para a implementação de projeto de melhoria da qualidade de vida dos adolescentes do Varjão, sob coordenação do Decanato de Extensão da UnB.
Oito anos depois de sua criação, a AOPA é composta de 66 associados. Com todos esses avanços, consolidou sua respeitabilidade e formou parcerias com diversas instituições, entre as quais destacam-se: Presidência da República, Unesco, SEBRAE, WWF-Brasil, Universidade de Brasília, Sociedade do Conhecimento (ARCA/AED) e Comunitas. “Foi um longo caminho percorrido, mas, certamente, ainda temos muito por fazer”, diz Alexandre Lins, presidente da ONG.
E-mail: alexandre@aopa.org.br
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