No dia 28 de agosto o país comemorou o Dia Nacional do Voluntariado, movimento que hoje é considerado estratégia empresarial
Moderno e produtivo. É esta a cara do voluntariado no Brasil hoje. Pesquisa recente realizada pela organização da sociedade civil Riovoluntário com empresas de todo o país mostra que ao contrário do que muita gente pensa, atualmente o voluntariado não é somente uma realidade de entidades filantrópicas, mas faz parte da rotina empresarial. O estudo – Perfil do Voluntário Empresarial no Brasil – está disponível no site da instituição, no endereço http://www.riovoluntario.org.br.
A pesquisa, realizada com 89 empresas (de todos os portes e setores que atuam em território nacional), mostrou que 45% das companhias mantêm programas estruturados de voluntariado com planejamento e orçamento anual e 73% delas estimulam o voluntariado em programas sociais da própria empresa. Outro dado surpreendente é que 49% do total levam em consideração dentro de seus planejamentos estratégicos, a questão do voluntariado, apoiando iniciativas dentro e fora de suas organizações.
O interesse em adotar programas de voluntariado vai muito além da preocupação social, sendo considerada por especialistas uma questão de mercado. “As empresas estão atentas ao crescimento das demandas criadas pelo aumento da concorrência. Hoje, temos um consumidor mais consciente que leva, sim, em conta, na hora de comprar seus produtos, se o fornecedor é socialmente responsável. As empresas que ainda não acordaram para essa realidade podem estar perdendo expressivas oportunidades de negócios”, explica a diretora-executiva do Riovoluntário, Heloisa Coelho.
Esta visão é corroborada pela diretora de Relações Institucionais do Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), Anísia Cravo Villas Bôas Sukadolnik. “As empresas hoje sabem que precisam mudar suas práticas de gestão para torná-las mais sustentáveis. Contam com ferramentas e instrumentos na implantação da responsabilidade social empresarial e o trabalho voluntário é uma dessas ferramentas”, destaca.
O retorno para as empresas que já adotaram esta estratégia em seus negócios são imensos. Vão desde uma maior produtividade dos funcionários até um fortalecimento positivo da marca da instituição. “Quando o funcionário acredita que a empresa é realmente preocupada com o desenvolvimento social da comunidade onde está inserida, ele valoriza mais a empresa”, conta Anísia Sukadolnik.
Esta visão pode ser confirmada com a experiência do Programa Itaú Voluntário, que atinge quase 40 mil funcionários e tem 3.244 colaboradores inscritos. Pesquisa interna realizada em março do ano passado com os 90 voluntários ativos apontou uma melhoria no relacionamento interpessoal, no ambiente de trabalho e ao lidar com diferenças pessoais; fortalecimento de princípios éticos e mais facilidade para o trabalho em equipe. “O principal benefício para o Itáu é o desenvolvimento do capital social, além de ser um dos meios de instalar as questões sociais na consciência e nas ações dos integrantes da organização”, explica a superintendente da Fundação Itaú Social, Ana Beatriz Patrício.
Entretanto, a nova realidade não traz ganhos apenas para as empresas. Segundo a pesquisa, 38% dos entrevistados revelaram considerar as demandas da própria comunidade quando elaboram seus programas de voluntariado empresarial. “Este dado é fundamental para que possamos entender a importância desse trabalho na construção de ganhos sociais concretos. O papel do voluntariado empresarial na construção de mudanças estruturais signficativas torna-se indispensável”, destaca Heloisa Coelho.
Histórico
Instituído pela Lei Nº. 7.352, de 28 de agosto de 1985, o Dia Nacional do Voluntariado, tornou-se uma data especial ao reconhecer e destacar o trabalho de pessoas, que motivadas por valores de participação e solidariedade, doam seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada para causas de interesse social e comunitário.
No Brasil o movimento é antigo, teve início em 1543, quando foi fundada a primeira Santa Casa de Misericórdia, na Vila de Santos. Nessa época, a noção de voluntariado estava bastante ligada à religião; as atividades eram conduzidas por padres e freiras. A partir dos anos 1980, o voluntariado ganhou popularidade. Em 1983, po exemplo, a doutora Zilda Arns Neumann e o então arcebispo de Londrina, Dom Geraldo Majella Agnelo fundaram a Pastoral da Criança, com o objetivo de combater a mortalidade infantil.
“O povo brasileiro é extremamente solidário quando solicitado. Por isso o trabalho dos centros de voluntariado é tão importante. É preciso construir canais para dar vazão a esta solidariedade, organizando o processo de oferta e de demanda de trabalho voluntário”, pontua Heloisa Coelho.
Pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas em 2003, mostra que no Brasil existem 42 milhões de voluntários, o que representa 23% da população. Somente o CVSP, que há 10 anos incentiva e promove o voluntariado em São Paulo, já orientou mais de 93 mil pessoas e 611 empresas a desenvolverem ações e projetos voluntários.
Centro de Voluntariado de São Paulo – Tel: (11) 3266-5477 – Riovoluntário – Tel: (21) 2262-1110 – Banco Itaú – Tel: (11) 5019-8880 / 8881
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