Governo aporta R$ 2 bilhões em programa que financiará projetos agrícolas sustentáveis
O governo federal institui oficialmente na última quarta-feira (18), o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A iniciativa destinará R$ 2 bilhões para práticas agronômicas que permitem compatibilizar aumento da produção e proteção ao meio ambiente, com a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Do total, R$ 1 bilhão são oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros R$ 1 bilhão do Banco do Brasil. Cada agricultor brasileiro poderá contratar, até 30 de junho de 2011, o limite de R$ 1 milhão para a safra. O crédito terá taxa de juros de 5,5% ao ano, com prazo de reembolso de até 12 anos.
Os recursos tomados pelo produtor rural e suas cooperativas, inclusive para repasse ao associado, serão destinados à recuperação de faixas de terra e pastagens degradadas, implantação de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), implantação e manutenção de florestas comerciais ou ainda à recomposição de reserva legal e áreas de preservação permanente. O programa faz parte das ações do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011.
Entre as técnicas que compõe as bases da agricultura sustentável no Brasil, está o plantio direto, uma técnica iniciada há 38 anos, pelo produtor rural Herbert Arnold Bartz. “Essa foi a maior revolução agrícola do final do milênio, porque retira o gás carbônico da atmosfera e o retém no solo, transformando-o em matéria orgânica”, explica. A técnica dispensa o revolvimento da terra com o uso de grades e arados e trabalha com rotações de culturas, aumentando a matéria orgânica. A semeadura é feita na palha da cultura anterior, o que impede a queima da área. Sem a massa vegetal queimada, o dióxido de carbono (CO2) não é liberado.
Com o plantio direto, estima-se a ampliação da área atual em 8 milhões de hectares, passando de 25 milhões para 33 milhões de hectares, nos próximos dez anos. Esse acréscimo vai permitir a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Além de promover o sequestro de dióxido de carbono da atmosfera, o plantio direto é exemplo de agricultura conservacionista, com preservação da qualidade dos recursos naturais, como água e solo. “Preservamos o solo e conseguimos fazer com que praticamente não se fale mais em erosão. A água que sai das lavouras para os rios é limpa, sem lama”, enfatiza. O local de plantio também é beneficiado com maior número de nutrientes.
Florestas comerciais
Outra prática prevista no ABC é o plantio de florestas comerciais, como eucalipto e pinus. Quanto mais difundido, o plantio dessas espécies de árvores aumenta o sequestro de dióxido de carbono, da atmosfera, pela fotossíntese. A intenção do governo é aumentar a área de florestas, até 2020, de seis milhões de hectares para nove milhões de hectares. Isso permitirá a redução da emissão de oito milhões de toneladas a dez milhões de toneladas de CO2 equivalentes, no período de dez anos.
O pesquisador Francisco Bellote, da Embrapa Florestas, ressalta que o Brasil é internacionalmente reconhecido como o maior detentor de tecnologia para esse plantio. “Temos material genético de altíssima qualidade, desenvolvido em quase 50 anos, que garante grande produtividade e controle da tecnologia”, explica. Bellote acredita que a prática é benéfica não só ao meio ambiente – com o balanço nulo dos gases de efeito estufa – mas também para o bolso do produtor rural. Para ele, o plantio de eucalipto é uma das atividades mais rentáveis no agronegócio, pois supre, por exemplo, as demandas dos setores siderúrgico, com a produção de carvão vegetal, e agrícola, na secagem dos grãos.
O consultor da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Marcílio Caron Neto, informa que, atualmente, 90% das florestas plantadas no país são ambientalmente corretas, respeitando os princípios da legislação vigente. No contexto do ABC, Caron diz que esse tipo de plantio tem maior poder de captação de dióxido de carbono do que as árvores naturais. “São florestas de alto crescimento, com vida ativa elevada, dentro de seu ciclo econômico, e acabam sendo grandes sequestradoras de CO2”, explica. Ele ressalta também a vantagem de manter as florestas nativas.
De acordo com Caron, é crescente o número de produtores que se aliam às empresas reflorestadoras para adquirir conhecimento sobre o tema. Dessa forma, regularizam suas propriedades perante a legislação ambiental e ainda complementam renda, fornecendo aos parques fabris matéria-prima ambientalmente correta para papel e celulose.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Telefone: (61) 3218 2203 / 2204 / 2205
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