
Nova assessora da Fundação do Câncer planeja fortalecer o relacionamento da entidade com os parceiros
Renata Couto é a nova assessora de relações institucionais da Fundação do Câncer. Ela chega com o objetivo de reforçar a aproximação da entidade com parceiros e estimular a mobilização da sociedade para a prevenção e o controle da doença, que hoje é a segunda maior causa de morte no Brasil. Para tanto, estruturou sua atuação em quatro pilares: captar e fidelizar doadores individuais, realizar campanhas direcionadas, promover eventos específicos para sensibilizar as pessoas, e articular parcerias com instituições internacionais de pesquisa.
“Estamos traçando um mapa de ações a fim de envolver todos esses segmentos em projetos específicos”, disse Renata Couto em entrevista exclusiva para o Responsabilidade Social.com. Entre esses projetos, a fundação iniciou na semana passada a edição de 2010 da campanha McDia Feliz, que acontecerá em 28 de agosto. A meta é vender 51.600 mil tíquetes que garantirão a manutenção da emergência pediátrica do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“Atualmente, um dos principais projetos realizados pela fundação é a expansão da Rede Brasileira de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, que conta com a coordenação técnica do Inca e prevê a construção de oito novos bancos”, pontuou Renata Couto, que traz no currículo uma grande experiência de atuação no terceiro setor. Já trabalhou em instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Canal Futura e a organização internacional Médico Sem Fronteiras. Confira na entrevista quais serão suas prioridades a frente da área de relações institucionais da entidade, os principais resultados e as metas para o futuro. Acompanhe.
1) Responsabilidade Social – A senhora é a nova assessora de relações institucionais da Fundação do Câncer e assumiu o cargo com o objetivo de alavancar a adesão da sociedade para prevenção e o controle do câncer. O que planejou para alcançar essa meta?
Renata Couto – A minha vinda para a Fundação do Câncer teve como foco conseguir potencializar o relacionamento da instituição seja com empresas, com outras organizações do terceiro setor ou mesmo diretamente com indivíduos em prol de ações de prevenção e controle do câncer. Dessa forma, estamos traçando um mapa de ações a fim de envolver todos esses segmentos em projetos específicos como o de apoio a pesquisas de tratamento ou de ampliação de tratamento, mas também angariar o apoio das pessoas à causa.
2) RS – Quais serão as suas prioridades à frente da pasta?
RC – Em primeiro lugar ampliar a nossa comunicação direta com as pessoas. A solicitação do apoio financeiro, ou seja, o pedido de doações só é possível depois que as pessoas realmente abraçam a causa. O câncer hoje é a segunda maior causa de morte no Brasil. Pensar que a prevenção e controle da doença são um dever apenas do Estado significa minimizar imensamente as possibilidades de reversão desse quadro. Tem que ser uma preocupação de todos e acreditamos que o envolvimento da sociedade civil é que pode trazer uma transformação efetiva.
3) RS – Na sua avaliação, como a sua experiência no terceiro setor, com passagens pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Canal Futura e a organização internacional Médico Sem Fronteiras, poderá contribuir para reforçar a aproximação da Fundação do Câncer com os parceiros?
RC – O que essas organizações têm em comum é o compromisso com a transformação social e o esforço para garantia de acesso a direitos, como a educação, saúde e cultura. Mas como organismo internacional (BID), um projeto social de investimento privado (Futura) e uma ONG internacional quase inteiramente sustentada por doações de pessoas físicas, cada uma dessas organizações apresenta modelos de sustentabilidade bastante específicos. E acredito que a minha experiência com modelos tão variados nos ajuda hoje a pensar o horizonte de sustentabilidade da Fundação do Câncer.
4) RS – O povo brasileiro se diz solidário. É solidário com a Fundação? Quantas pessoas contribuíram para a causa no primeiro semestre deste ano?
RC – Existe muito essa discussão em torno da “solidariedade” do brasileiro. É preciso antes refletir sobre a diferença entre solidariedade e participação, pois, para a Fundação do Câncer, o apoio financeiro das pessoas é importante, sem dúvida, haja vista a sustentabilidade da organização. Mas isso deve ser um desdobramento da participação na causa, ou seja, queremos que as pessoas se previnam, que doem sangue, que se tornem doadores de medula óssea, que fiquem alertas sobre o perigo do tabagismo, inclusive o passivo.
Nesse sentido, o povo brasileiro se mostra solidário às causas mais prementes. E falando da fundação, tivemos um acréscimo de 30% da nossa base de doadores apenas nesse semestre. Mas diria que, de modo geral, ainda falta uma participação mais arraigada. Não apenas no cenário da saúde e prevenção do câncer, mas também na participação política e em prol da garantia dos direitos sociais de modo geral.
5) RS – E em volume de recursos? Qual o valor arrecadado neste período? Há expectativas de aumentar essa receita?
RC – Estamos falando pouco mais de mil doadores que doam entre dez até R$ 2 mil.
6) RS – Quais são os principais resultados do trabalho desenvolvido pela fundação, que já foi reconhecida com diversos prêmios importantes, como o Prêmio Desempenho, do Instituto Miguel Calmon, nos anos de 1996, 2000 e 2003, sendo considerada uma das maiores organizações do Rio de Janeiro no setor “Médicos e Hospitalares”?
RC – Esses prêmios são importantes na medida em que reconhecem a excelência da Fundação do Câncer na gestão de projetos de prevenção e controle da doença. Sem dúvida, são reconhecimentos importantes. Mas os nossos principais resultados estão nos benefícios trazidos pelos projetos realizados.
7) RS – O trabalho desenvolvido pela fundação é respeitado em todo o país e também no exterior. A que a senhora atribui esse respeito?
RC – No mundo inteiro os governos empenham esforços para combater a doença e já há uma compreensão de que só os esforços governamentais não são suficientes. Por isso, o surgimento de organizações relevantes como a American Cancer Society, a Canadian Cancer Society. No Reino Unido há mais de 50 organizações civis dedicadas ao câncer, uma para cada tipo da doença! É reconhecimento da necessidade da mobilização da sociedade em torno desse assunto. Nesse sentido, a Fundação do Câncer se insere em uma estratégia de mobilização nacional voltada para romper o paradigma da passividade, para partir para uma responsabilidade partilhada.
8) RS – Como é pautado o trabalho da instituição e quantas pessoas estão envolvidas nas atividades realizadas?
RC – A missão da Fundação do Câncer é apoiar as ações da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, cuja formulação é de responsabilidade do Inca, que também é o seu respectivo órgão normativo, coordenador e avaliador. Nesse sentido, a Fundação do Câncer atua com muita proximidade ao Inca, sendo a principal instituição privada parceira do instituto. A nossa equipe é bastante enxuta. São cerca de 30 profissionais que dão suporte à viabilização e execução de diversos projetos ligados a nossa causa.
9) RS – Quais os principais projetos que a Fundação comanda hoje?
RC – Atualmente, um dos principais projetos realizados pela Fundação do Câncer é a expansão da Rede Brasileira de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BrasilCord), que conta com a coordenação técnica do Inca. O projeto, que conta com um financiamento de R$ 32 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê a construção de oito novos bancos. O objetivo é armazenar cerca de 60.000 cordões nos 12 bancos da rede, número considerado ideal para, com os doadores voluntários de medula óssea, suprir a demanda de transplantes no Brasil. As unidades de Fortaleza, Belém, Distrito Federal e Florianópolis já foram inauguradas. Haverá também em Recife, Curitiba e Porto Alegre e Belo Horizonte.
Na área de pesquisa, além dos projetos apoiados no Inca, a Fundação do Câncer mantém um apoio regular ao Programa de Oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para mobilização da sociedade em prol da causa, os destaques são o show “Com você, pela vida” que reuniu nas duas edições diversos artistas e a “Corrida e Caminhada Com você, pela vida – Doe Medula Óssea”, que este ano acontece pela segunda vez e está marcada para o dia 12 de dezembro. A intenção é marcar esses eventos no nosso calendário regular de atividades.
10) RS – Quais são as expectativas para o segundo semestre de 2010?
RC – Temos programado até o final do ano dois projetos de grande relevância para a fundação. Em termos de mobilização é a “Corrida e Caminhada Com você, pela vida”, que será realizada no dia 12 de dezembro, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento marca a abertura da “Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea”. Os recursos da inscrição, que dá direito a um kit com camiseta, boné e sacola, serão revertidos para projetos realizados no Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca. A expectativa é reunir 2.500 participantes.
Além de informar sobre o diagnóstico precoce do câncer e estimular a adoção de práticas saudáveis de vida tão fundamentais para a prevenção da doença, o nosso objetivo é conscientizar as pessoas para a importância da doação de medula óssea. No dia da corrida e caminhada, uma unidade móvel do Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro (Hemorio) estará no local para captar doadores voluntários.
E em termos de captação de recursos estamos animados com a campanha “Doe seu troco – Ele pode salvar vidas”, que estamos promovendo junto com a Concessionária Rio-Teresópolis (CRT). De 30 de julho até o fim deste ano, os usuários da via poderão fazer doações nos cofrinhos distribuídos nas 10 cabines de pedágio da praça principal, em Piabetá – Magé, na rodovia BR-116/RJ. Os recursos recolhidos serão aplicados diretamente em projetos ligados à prevenção e ao controle do câncer.
Parcerias como essa são muito importantes para nós, não só para a arrecadação de recursos, como para encontrarmos uma oportunidade para alertar as pessoas sobre a importância da prevenção e controle da doença. Como a média de veículos que passam pela praça de pedágio, na altura de Piabetá, é de 18 mil por dia, acreditamos que a mobilização será expressiva. Estamos animados com essa perspectiva.
11) RS – O que a senhora entende por responsabilidade social?
RC – Acho que posso recuperar aqui um pouco da minha resposta anterior. Considero que Responsabilidade Social é justamente quando a responsabilidade pelas questões sociais é compartilhada entre todos. E por todos inclui-se aí o Estado, as organizações sociais, empresas e corporações, e também o envolvimento individual. Cada um agindo na sua esfera, mas de forma complementar. Acho que isso que significa promover a transformação social.
Fundação do Câncer – Telefone: (21) 2157-4600
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