Pedagoga desenvolve método de ensino de inglês para crianças com deficiência visual
A pedagoga Eloísa Lima, diretora do Dice English Course, criou um método de ensino de inglês especial para crianças com deficiência visual. A metodologia já é aplicada há anos e surgiu a partir de estudos sobre como funciona o ato de conhecer em cada fase do desenvolvimento infantil.
“Há 30 anos lido com isso. As crianças com deficiência visual aprendem rápido, têm uma audição esplendorosa e um interesse acuido”, destaca a profissional mestre em Nerolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ela, até os 13 anos, a criança não é capaz de conhecer algo sem manipular um objeto. “Por essa razão, um deficiente visual leva, inclusive, vantagem por manipular peças, sem dispersar pela visão”, diz.
Ainda de acordo com ela, a técnica leva em conta a forma com que as crianças apreendem o mundo e implica em muita dedicação na formulação de métodos de ensino. “Na verdade atender a um aluno com qualquer que seja a sua deficiência é preciso entender, pedagogicamente, o que é possível fazer em cada caso. É preciso investimento do educador em estudar para conhecer a deficiência e eu fui estudar essa possibilidade, os potenciais do sujeito com essa deficiência especificamente pela lógica do aprendizado de uma segunda língua”, explica.
Recentemente, Eloísa finalizou pesquisa onde comprova que os bebês, já a partir dos seis meses de idade, são capazes de aprender mais de um idioma ao mesmo tempo, de maneira totalmente uniforme. O mesmo acontece com bebês e crianças que não enxergam. Todavia, o trabalho deve ser diferenciado, já que com elas, algumas ferramentas, como as de estímulos visuais, não podem ser usadas.
“Busquei alternativas, outras estratégias, que não fossem as mesmas que se usa para ensinar a um aluno regular. Muito embora, saber ensinar significa lidar com as diferenças interpessoais e entre as pessoas. Ensino-aprendizagem não funciona para massa, cada um aprende no seu momento de interesse”, defende.
Embora a técnica seja inovadora, a pedagoga destaca que a procura ainda é tímida, reflexo do pouco conhecimento sobre o potencial desses cidadãos. “Esporadicamente recebemos deficientes visuais. Não é sempre. Precisamos divulgar que isso é possível para que a sociedade passe a se habituar que aprender um idioma é totalmente possível pelos seus filhos deficientes visuais”, diz. No último semestre, por exemplo, nenhum aluno com essa deficiência foi matriculado.
Segundo Eloisa Lima, os retornos em ensinar inglês para esse público são imensuráveis. “Ter a oportunidade de lidar como professora com crianças de uma sensibilidade exacerbada como o deficiente visual é um presente. Essas crianças sabem quando estamos no ambiente, sabem de nós pelo nosso perfume, pelo calor da nossa mão, pelo modo com que caminhamos pela sala, pela nossa palma, enfim, é maravilhoso entender suas possibilidades de aprender de primeira um vocábulo e que não perdem o foco com a rapidez das pessoas”, conta.
Ainda de acordo com ela, a meta para este ano é dividir essa experiência profissional com outros educadores, sobretudo os que trabalham em escolas públicas que além de não terem treinamento especializado, não têm material disponível para trabalhar. “Poder popularizar esse trabalho, seria extremamente recompensador”, conclui.
Eloísa Lima – Telefone: (21) 3215-2380
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