
Pesquisa divulgada na última semana mostra que o esforço para limpar o sistema de energia do mundo pouco avançou nas últimas duas décadas
Estudo realizado pela Agência Internacional de Energia (AIE) mostra que a energia produzida hoje é basicamente tão suja quanto era há 20 anos. O relatório, divulgado no último dia 17, destaca que apesar da aparente expansão recente das fontes renováveis, a quantidade de dióxido de carbono emitida por unidade de energia foi de 2,37 toneladas de CO2 por tonelada de petróleo equivalente (tCO2/toe) em 2010. O índice é quase igual ao de 1990, de 2,39 tCO2/toe.
“O esforço para limpar o sistema de energia do mundo estagnou. Apesar de muita conversa com os líderes mundiais, e apesar de um boom nas energias renováveis na última década, a unidade média de energia produzida hoje é basicamente tão suja quanto era há 20 anos”, lamentou Maria van der Hoeven, diretora executiva da AIE.
De acordo com o texto, apesar de o uso do carvão ter sido reduzido em alguns dos grandes países geradores de energia, como os Estados Unidos, devido à troca para o gás natural, isso é um fenômeno regional, e na maioria do planeta, como por exemplo na Europa, a utilização do carvão aumentou em detrimento do gás natural.
Segundo a AIE, a geração de energia movida a carvão cresceu 45% entre 2000 e 2010, ultrapassando o crescimento de 25% na produção de energias renováveis durante o mesmo período.
Outro relatório apresentado recentemente pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF) também apontou um progresso pequeno no investimento em energias limpas nos últimos tempos. O documento indica que o investimento em energias limpas no cenário global no primeiro trimestre do ano chegou ao menor nível desde 2009, caindo 22% para US$ 40,6 bilhões. A BNEF sugere que a redução nos investimentos foi devido à incerteza nos principais mercados, como EUA e Alemanha.
Felizmente, ambos os relatórios também apresentam dados positivos para a indústria de energias limpas. A AIE mostra que de 2011 a 2012 as tecnologias solares fotovoltaicas e eólicas cresceram 42% e 19%, respectivamente, apesar das turbulências econômicas e políticas no setor.
As economias emergentes também estão intensificando esforços nas energias limpas, e o Brasil, a China e a Índia ficaram entre os países que melhoraram o apoio político para o setor de energia renovável em 2012, através, por exemplo, de tecnologias de veículos como os híbridos e elétricos. As vendas de automóveis híbridos ultrapassaram a marca de vendas anual de um milhão, enquanto a de elétricos mais do que dobrou, chegando a 110 mil unidades.
Já a BNEF mostrou que os mercados asiáticos, em especial o Japão, apresentaram um crescimento forte, enquanto os instaladores de energia solar também tiveram um cenário positivo, já que o preço de um módulo fotovoltaico caiu 16,5% no último ano para US$ 0,81 por watt.
O documento da AIE também apontou que algumas medidas de eficiência energética precisam ser desenvolvidas, pois têm potencial para serem muito importantes para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. O relatório mostrou, por exemplo, que é necessário estimular a economia de combustível, melhorando os padrões existentes.
Em se tratando de captura e armazenamento de carbono (CCS), o relatório afirma que o desenvolvimento dessa tecnologia seria essencial, principalmente se o mundo continuar dependendo de combustíveis fósseis.
Entretanto, embora as tecnologias de CCS estejam maduras em muitos aspectos, o texto enfatiza que elas provavelmente não serão desenvolvidas comercialmente até que os governos criem compromissos na forma de políticas apropriadas.
“À medida que as temperaturas mundiais sobem devido às crescentes emissões de gases do efeito estufa como o dióxido de carbono – dois terços do qual vêm do setor de energia –, a falta de progresso deve servir como um grito de alerta”, colocou Van der Hoeven.
“Não podemos dispor de outros 20 anos de apatia. Precisamos de uma expansão rápida nas tecnologias energéticas de baixo carbono se queremos evitar um aquecimento potencialmente catastrófico do planeta, mas devemos também acelerar o abandono dos combustíveis fósseis mais sujos”, concluiu ela.
(Responsabilidade Social com informações do Instituto CarbonoBrasil)
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