Empresas do setor de cosméticos investem cada vez mais em projetos de preservação ambiental. Por meio de fundações e parcerias, elas dão o exemplo tanto na fabricação quanto no marketing dos produtos
Por trás de perfumes, batons, sombras e cremes, respeito ao meio ambiente, investimento em pesquisa científica e promoção de eventos ligados à preservação da natureza. Nos últimos anos, as empresas brasileiras do setor de cosméticos vem agregando cada vez mais valor a suas marcas com iniciativas que mostram o interesse dos executivos no desenvolvimento sustentável dos biomas brasileiros. O cuidado começa na extração das essências utilizadas nos produtos, segue nas fábricas, ganha vitrines e até espaço na televisão. “Certificamos toda a cadeia de produção, acompanhando inclusive a forma como a matéria-prima utilizada por nós é extraída e preservada”, conta Rodolfo Gutilla, diretor de assuntos corporativos da Natura.
Criada há quase 40 anos, a empresa construiu uma nova fábrica em Cajamar (SP) seguindo rigorosas regras de boa ocupação do solo. A arquitetura também foi cautelosa ao integrar jardins, praças de esporte, berçário, centros de convivência, escritórios e até uma floresta nativa. As instalações são apenas o início de uma rede de preservação que se estende à escolha dos produtos.
Há pouco tempo, a Natura lançou uma linha de produtos inspirados no conhecimento das populações tradicionais. Trata-se da Ekos, com sabonetes, xampus, cremes e óleos criados a partir de fórmulas que misturam camomila, guaraná, copaíba, mate verde, buriti e castanha do Pará. As essências são adquiridas por meio trabalhadores rurais que, além de vender matéria-prima, preservam o local onde moram e tiram o próprio sustento.
Detentora do ISO 14000 de gestão ambiental, elaborado por um organização internacional com sede na Suíça, a Natura tem um volume de negócios de cerca de R$ 2 bilhões por ano. Cerca de 3,5% da receita líquida é utilizada em pesquisa e desenvolvimento, em parcerias inclusive com universidades. Em 1999, a aquisição de um laboratório de fitoterápicos inaugurou a entrada no ramo de medicamentos. O investimento em parcerias também é constante. A empresa financia, por exemplo, o Projeto Diversidade Brasil. Em co-produção com a TV Cultura, promove documentários sobre os biomas ameaçados.
Outra gigante do ramo de cosméticos, o Boticário investe na preservação do meio ambiente por meio de uma fundação, a Fundação Boticário de Proteção à Natureza. Aos 26 anos, a empresa já acumula uma década de atuação na área ambiental. A sede da fábrica fica em São José dos Pinhais, no Paraná. “A Fundação foi criada em 1990 com a proposta inicial de financiar projetos e fortaleces instituições que atuam no setor. Mas, com o tempo, fomos criando projetos próprios”, conta a engenheira florestal Maria de Lourdes Nunes, gerente técnica da Fundação Boticário. “Cerca de 1% da receita líquida da empresa investido aqui.”
Um desses “projetos próprios” citados por Maria de Lourdes vai para a quarta edição. Em 2004, o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação está marcado para outubro, em Curitiba. O Boticário tem muito a contribuir para o debate, uma vez que desenvolve um projeto de aconselhamento para a preservação de terras privadas.
Além disso, a empresa também é proprietária de uma reserva: a Reserva Natural Salto Morato. Localizada no litoral norte do Paraná, em Guaraqueçaba, a área de 2.340 hectares é um dos poucos refúgios preservados da Floresta Atlântica. Lá, o Boticário promove ações de educação ambiental, pesquisa e proteção da amostra do bioma em extinção. As atividades se estendem para a Estação Natureza, exposição interativa em um dos principais shoppings da capital paranaense, o Shopping Estação. Com painéis, cenários e maquetes, a exposição é uma viagem pelos ambientes brasileiros. A intenção da empresa é de nos próximos meses replicar essa experiência no Mato Grosso do sul e no Ceará. Com 2,5 mil lojas espalhadas por 1,1 mil municípios, o Boticário propõe aos franqueados decorar as vitrines com motivos ecológicos quatro vezes por ano.
Na área de educação, o Boticário vai ainda mais além. A Fundação conta com cursos de especialização, pós-graduação e oficinas. Projetos de pesquisa e organizações não-governamentais também podem buscar apoio na empresa.
Escolas da rede pública recebem tratamento diferenciado. Em 2003, 250 colégios estaduais do Paraná receberam uma coleção de livros e fitas de vídeo elaborada pela própria Fundação. Material didático para fazer de crianças e adolescentes os guardiões da natureza do presente e do futuro.
Sites: www.boticario.com.br e www.natura.com.br
Também nessa Edição :
Perfil: Rubem Cesar Fernandes
Entrevista: Rejane Peratti
Artigo: Porque uma Lei de Responsabilidade Social
Notícia: O que deu na mídia (Edição 25)
Notícia: Armas em troca de paz
Notícia: Voluntários da natureza
Leave a Reply