Campanha do desarmamento faz sucesso em todo o país e mostra que um movimento iniciado pela própria sociedade é capaz de mudar a realidade
Da criação do Estatuto ao recolhimento de armas. O sucesso da campanha pelo desarmamento no Brasil mostra que a atuação da sociedade civil organizada é capaz de modificar a realidade do país. Organizados em comitês, pais que perderam seus filhos paras as balas começaram uma mobilização capaz, hoje, de levar até colecionadores de armas a entregar seu acervo para a Polícia Federal. Nas manifestações incentivadas até mesmo por novelas, a população foi às ruas pedir o fim da violência e exigir punições mais severas para quem carrega uma arma. Nos intervalos comerciais, artistas e personalidades cruzaram as mãos para dizer “Eu Sou da Paz”. No gramado do Congresso Nacional, famílias de todo o país depositaram sapatos dos parentes amados que tiveram sua caminhada interrompida à pólvora.
Sem dúvida, um caso de marketing social bem-sucedido. A mobilização social foi fundamental aprovação do Estatuto do Desarmamento no Congresso Nacional, casa sempre alvo de assédio da indústria bélica. Com 77 artigos, o documento tornou mais rigorosa a venda e o porte de armas no país. Foram reservados R$ 10 milhões para ressarcir as pessoas que entregarem as armas ao governo.
Em menos de um mês de campanha, a Polícia Federal já recolheu mais de 41 mil armas de fogo. O estado de São Paulo lidera o ranking, seguido de Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A expectativa do governo é de que 80 mil armas sejam entregues em todo o país até o fim do mês de dezembro. Um dos pontos de maior entrega de armas é justamente o posto do Viva Rio, organização não-governamental, criada em 1993 na cidade maravilhosa e cansada de violência. Em dois dias de funcionamento, o posto – localizado na zona sul da capital carioca – recebeu 113 armas.
Entre elas, fuzis. No dia 9 de agosto, foram entregues duas granadas. “As pessoas se sentem mais confortáveis aqui e têm a certeza de que as armas vão ser destruídas”, acredita o coordenador do Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira.
Outra referência para a população tem sido o Instituto Sou da Paz. Em Diadema (SP), a entidade intensificou a campanha do desarmamento em parceria com a Polícia Federal. Com o slogan Armas foram feitas para matar: Entregue a sua. Não importa de onde ela veio, mas para onde ela vá, o Instituto e a PF montam postos itinerantes nas igrejas do município.
Cerca de 260 agentes comunitários de saúde de Diadema, grupos de idosos e de escoteiros serão capacitados pelo Instituto Sou da Paz para divulgar a iniciativa, distribuindo folders para toda a população. A expectativa é mais municípios possam entrar na campanha e organizar ações de recolhimento de armas.
Só o envolvimento de cada município do país, de cada entidade da sociedade civil, vai permitir que a campanha de desarmamento dê resultados e tire de circulação centenas de milhares de armas, acredita Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz. “Estamos à disposição para auxiliar todos que quiserem entrar nesta campanha.”
Site: www.soudapaz.org
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