Aos 40 anos, ela é de uma naturalidade pouco comum no Brasil. Brasiliense, Rejane Peratti faz parte de uma geração que nasceu na capital do país e agora conquista o mundo com projetos e idéias inovadoras. Ela faz parte de um seleto grupo de cerca de 170 brasileiros na lista de líderes Avina, uma fundação criada por um empresário suíço interessado em apoiar líderes comunitário pelo mundo. Na presidência da “Amigos do Futuro” – uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) – Rejane promove campanhas de conscientização ambiental e incentiva a profissionalização dos interessados em atuar no terceiro setor. Em entrevista ao www.RESPONSABILIDADESOCIAL.COM, ela conta um pouco da história da “Amigos do Futuro”, revela novos projetos – financiados por empresas como Petrobrás e Unibanco – e ensina como conciliar a trajetória profissional com a pessoal. Nos cinco filhos (entre 23 e 4 anos), ela encontra inspiração para conquistar parceiros para um amanhã melhor.
1) Responsabilidade Social – Como surgiu a Amigos do Futuro? De que forma sua formação contribui para a organização?
Rejane Peratti – Sou formada em marketing, com especialização em gestão ambiental e gestão do terceiro setor. Sempre gostei da área de conscientização ambiental. Há sete anos, já trabalhava em campanhas em espaços públicos de Brasília. Íamos ao Parque da Cidade, aos supermercados para distribuir cartilhas, panfletos ou apenas conversar. De repente, muita gente começou a participar. Em dois anos, fundamos a Amigos do Futuro. Hoje, vejo pessoas em reportagens com a nossa camiseta e nem sei quem são. Contamos com 2 mil filiados. Setenta deles já aderiram à uma campanha recém-lançada e se dispuseram a dar apoio financeiro para a organização.
2) RS – Quais são os principais projetos desenvolvidos por vocês?
RP – Um dos projetos mais importantes é o Ecoteca, um espaço construído no zoológico para pesquisa, oficinas de educação e arte. Contamos com livros, vídeos e computadores com acesso a sites e programas relacionados ao meio ambiente. São 280 metros quadrados, construídos com apoio do Unibanco. É por meio do Unibanco também que estamos expandindo algumas discussões e até personagens criados aqui. Iniciado em agosto, o “Educação Ambiental sobre Rodas” conta com três duplas de carretas que vão percorrer o Brasil. Os monitores foram capacitados por nós. Projetei as instalações da sala de cinema e exposição interativa. Nas carretas, as crianças vão receber um livro com a história de um pequeno protetor da natureza. O Kiko é inspirado no meu filho, o Enrico. Aqui em casa, todo mundo é amigo do futuro. Meu marido e meus filhos participam de todas as atividades. Eles são um grande incentivo pra mim.
3) RS – E como tem sido a sua atuação na área de profissionalização do terceiro setor?
RP – Há dois anos, criamos o Núcleo de Estudos do Terceiro Setor (Nets). Percebi que muita gente não tinha condição de ir a São Paulo aprender mais sobre o assunto. Começamos então a trazer pessoas de lá para ensinar aqui. Agora, já vamos lá ensinar também. Do Nets, surgiu o Observatório Brasília do Terceiro Setor. Mensalmente, promovemos encontros com especialistas no Ministério Público do Distrito Federal. Também já temos alguns cursos no Sebrae. No Terraço Shopping, participamos do Mercado do Futuro. Por esse projeto, uma vez por semana, ONGs montam estandes e promovem oficinas. É uma forma de divulgar o nosso trabalho e, ao mesmo tempo, trocar experiência.
4) RS – O fato de você atuar na capital, sede de muitos órgãos públicos, ajuda de alguma forma?
RP – A realidade é que o terceiro setor atua sozinho, sem ajuda do governo federal. Mas algumas parcerias boas já estão sendo feitas. Recentemente, criamos o projeto gestão ambiental em órgãos públicos. Já temos 15 parceiros. Entre eles, o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República. Ajudamos os funcionários a combater a cultura do desperdício. Mostramos que não é preciso jogar fora pastas, clips e disquetes. É possível reutilizar grande parte das coisas. Aquelas que não podem ser reutilizadas precisam de um destino seguro.
5) RS – Ainda é muito difícil trabalhar com conscientização ambiental? As pessoas ainda são muito resistentes aos conceitos de preservação, equilíbrio?
RP – O problema é que as pessoas ainda têm uma noção muito restrita de meio ambiente. Acham que algo sempre relacionado com o verde, com o rural. É preciso entende que o meio ambiente começa dentro da gente. Não podemos nos preocupar apenas com o mico leão dourado ou o pingüim da Patagônia. Os casos de hantavirose em Brasília mostram que é preciso respeita o meio ambiente como um todo. A ocupação desordenada fez com que os ratos perdessem espaço. Agora, eles buscam refúgio e comida perto das casas.
6) RS – Quais são seus próximos projetos?
RP – Temos vários projetos engatilhados. Mas o que estamos comemorando nesse momento é a aprovação do Projeto Amigos da Água no edital lançado pela Petrobrás para o patrocínio, por dois anos, de iniciativas do terceiro setor relacionadas ao tema Recursos Hídricos. Mil e setecentos projetos foram apresentados e apenas trinta conseguiram o patrocínio. O nosso prevê a instalação do Espaço Água, no zoológico de Brasília. Todo o sistema de encanamento será visível. Teremos horta e sistema de captação de água da chuva para mostra como é possível preservar água. Também vamos capacitar professores e multiplicadores. Pretendemos inaugurar o espaço o em março do ano que vem. Simultaneamente, lançamos uma campanha. Quero voltar a ter mais contato com as pessoas. É a melhor parte do trabalho.
Site: www.amigosdofuturo.org.br
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