O Instituto Vladimir Herzog recebeu, no último dia 9, o Prêmio de Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A instituição foi vencedora na categoria “verdade e memória” na 17ª edição da iniciativa, considerada a maior condecoração do governo brasileiro a pessoas e entidades que se destacaram na defesa, na promoção e no enfrentamento e combate às violações dos direitos humanos no país.
Receberam a homenagem Clarice, Ivo e Lucas Herzog – viúva, filho e neto de Vladimir Herzog, jornalista que ficou conhecido devido a sua luta contra a ditadura militar. Sua morte, em 1975, causou impacto na sociedade da época, marcando o início de um processo pela redemocratização do país. Para muitos, ele é um símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça.
“Esse prêmio na verdade é uma homenagem a meu pai, Vladimir Herzog e a todas as outras pessoas que foram assassinadas, torturadas e vitimadas de várias formas pela ditadura. E é também um grande incentivo da Presidência da República para que a nossa e outras entidades continuemos a ajudar a recuperar a história recente do país – agora com o importante reforço da Comissão da Verdade e da Lei do Direito à Informação – e a fazer com que as novas gerações conheçam os males de uma ditadura e impeçam que isso volte a acontecer no nosso país”, afirmou Ivo Herzog, diretor do instituto.
Fundada em junho de 2009, a instituição tem por missão contribuir para a reflexão e produção de informação que garantam o direito à vida e o direito à justiça. Para isso, ao lado de outras nove organizações da sociedade civil, a entidade promove também ações como o Prêmio Vladimir Herzog, que alcançou em 2011 seu 33º ano consecutivo, reconhecendo o trabalho de profissionais da imprensa que deram destaque para temas relacionados a direitos humanos.
O prêmio foi atribuído ao instituto principalmente pelo seu projeto “Resistir é preciso”, um conjunto de iniciativas apoiadas pelo governo federal, com base na Lei Rouanet e na Lei do Audiovisual. O objetivo do projeto é divulgar os jornalistas e os jornais que combateram a ditadura, entre 1964 e 1979, quando entrou em vigor a Lei da Anistia.
Em 2011, essa iniciativa abrangeu a coleção de DVDs “Os protagonistas dessa história”, com depoimentos de 60 profissionais e ainda o livro “As Capas desta História”, reunindo as primeiras páginas da imprensa alternativa, clandestina e no exílio que se opôs ao regime ditatorial. Para o próximo ano, a meta é dar continuidade ao projeto com a publicação do livro “Os cartazes dessa história”, que trará em 200 páginas espelhadas os pôsteres produzidos por exilados brasileiros para combater a ditadura e promover a anistia.
A instituição planeja também lançar a obra “As crônicas dessa história”, que vai contar, em linguagem leve e solta, muitos dos bastidores das 106 horas de depoimentos em vídeo de jornalistas que combateram a ditadura, que compuseram a coleção de DVDs. Está nos planos do instituto, ainda, produzir a série de documentários “Em nome da liberdade”, já aprovada para incentivo pela Lei do Audiovisual, que contará essa mesma história em linguagem de televisão e será exibida pela TV Cultura.
Outra meta para 2012 é lançar a mostra de cinema documentário “Transformação e Renovação”, que abrangerá cerca de 30 documentários políticos latino-americanos produzidos desde a década de 1950 e digitalizar e contextualizar 50 mil documentos referentes à luta da imprensa contra a ditadura, que serão disponibilizados na rede mundial, pelo portal resistirepreciso.org.br.
História
Nascido na Croácia, em 1937, e naturalizado brasileiro, Herzog se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1959. Ele trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, como O Estado de S. Paulo. Nessa época, resolveu passar a assinar “Vladimir” ao invés de “Vlado”, pois acreditava que seu nome verdadeiro soava um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.
Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar no Brasil de 1964-1985, como também no Partido Comunista Brasileiro.
No dia 24 de outubro de 1975, Herzog foi detido para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista. Um dia após sua prisão, o jornalista, então diretor de jornalismo da TV Cultura, foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura.
Gerando uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Herzog impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira.
Instituto Vladimir Herzog – Site: www.resistirepreciso.org.br
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