
Condenado há 11 anos de prisão, Xiabo foi condecorado por longa luta não violenta pelos direitos humanos
Dissidente chinês recebe Nobel da Paz e coloca em evidência a situação dos direitos humanos na China
O dissidente chinês Liu Xiaobo recebeu no dia 8 deste mês o Prêmio Nobel da Paz 2010. Segundo o Comitê Nobel, a condecoração é resultado da sua “longa luta não violenta pelos direitos humanos na China”. A decisão não agradou as autoridades chinesas e de acordo com eles, a escolha de Liu “viola” a integridade do prêmio, pois o jornalista e professor universitário está preso, após condenação por violar as leis daquele país.
Poeta e professor de literatura, Liu Xiaobo, de 54 anos, é perseguido pelo governo desde 1989, quando aderiu aos protestos da praça da Paz Celestial. Passou anos na cadeia e campos de trabalhos forçados. Entre 1996 e 1999, foi mantido em um campo de “reeducação pelo trabalho” por defender a reforma política e a libertação dos estudantes que participaram dos protestos de 1989 ainda presos.
Liu foi preso novamente em 2008 por ter sido um dos 10 mil signatários da Carta 08, petição formulada para exigir reformas políticas no regime comunista chinês. Em dezembro de 2009, foi condenado a 11 anos de prisão por “subversão”, em um julgamento que gerou uma onda de protestos por todo o mundo.
A escolha de Liu gerou grande repercussão internacional e colocou em evidência a situação dos direitos humanos na China, há décadas denunciada por dissidentes e entidades internacionais. Stefenn Seibert, porta-voz do governo alemão, por exemplo, expressou publicamente o desejo de seu país de que Liu seja libertado. Logo após o anuncio do Nobel, o presidente Barack Obama, a França e Japão também fizeram um apelo pela libertação imediata do professor. Espera-se que essa indicação pressione a China em direção à reforma democrática.
Já a China reagiu de forma dura. Censurou as notícias sobre o Nobel na internet e a imprensa oficial ignorou o fato. O governo disse que o dissidente é um criminoso condenado e que dar o prêmio a ele vai contra os princípios do Nobel da Paz. O governo chinês também declarou que o prêmio abalou as relações entre a China e a Noruega.
Shang Baojun, um dos advogados de Liu, declarou no dia da indicação que espera uma libertação rápida do dissidente. “Espero que, graças a essa decisão, ele seja rapidamente liberado, embora seja ainda cedo demais para dizer se isso vai de fato acontecer”, ponderou. “Espero que a China se abra ainda mais com esse evento, e que suspendam as restrições à liberdade de expressão”, indicou. Xiaobo já expressou o desejo de que sua mulher, Liu Xia, receba o prêmio, que será entregue oficialmente em 10 de dezembro, em Olso.
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