
Iniciativa comandada pelo Sesi oferece cursos educacionais e profissionais, que garantem aos participantes chances reais de mudança de vida
O projeto ViraVida, uma iniciativa inovadora do Serviço Social da Indústria (Sesi) contra a exploração sexual de jovens, tem conquistado adeptos e ganhado envergadura. Iniciada em Fortaleza (CE), um dos locais que apresenta altos índices dessa violência no país, a ação já alcançou 11 unidades da federação e é realizada em vários municípios.
Idealizado pelo presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, após uma visita à capital cearense, onde pôde vivenciar meninas sendo agenciadas e oferecidas como acompanhantes a turistas italianos em plena luz do dia, o projeto oferta cursos de capacitação, que envolvem as áreas de qualificação profissional específica, educação continuada; e empreendedorismo e autogestão.
“Fiquei extremamente chocado com a situação”, lembra Meneguelli. Segundo ele, a proposta do programa não é somente qualificar profissionalmente, mas sim oferecer condições reais para a inserção dos participantes no mercado de trabalho. “Embora as redes locais de enfrentamento trabalhem para transpor as situações de exploração sexual e de violações de direitos de adolescentes, há um vácuo de oportunidades concretas, que permitam criar novas perspectivas de futuro para esses jovens. E é essa lacuna que o projeto procura minimizar”, explica.
Participam da iniciativa, jovens de 16 a 21 anos em situação de extrema vulnerabilidade. Além da capacitação profissional, o projeto também oferece acompanhamento psicossocial, atendimento médico e odontológico. Os cursos oferecidos duram entre 10 e 12 meses, e são desenvolvidos a partir da demanda do mercado e do perfil dos jovens assistidos.
Já foram ministrados cursos na área de moda, imagem pessoal, turismo e hospitalidade, comunicação digital, química, administração e gastronomia. O projeto atende 100 jovens por vez em cada turma. A ação é realizada atualmente no Ceará, Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Distrito Federal, Piauí, Bahia, Paraíba. Mas já está em fase de implantação no Paraná, Rondônia e Rio de Janeiro.
Novos rumos
O projeto concede uma bolsa-auxílio, devidamente acompanhada de orientações sobre como administrar e utilizar esses recursos. Do montante mensal, 20% são reservados para uma poupança, que o aluno resgata ao concluir o curso. Segundo informações do Sesi, vários participantes estão inseridos no mercado de trabalho, num percentual de quase 55%. Por meio do Programa Jovem Aprendiz, grande parte deles hoje atende o público em instituições financeiras como Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste, dois dos principais parceiros da iniciativa.
Outra vertente forte do programa é despertar nos jovens o espírito empreendedor. Em Fortaleza, por exemplo, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), um grupo de 21 alunos formados em confecção e moda pesquisou o mercado, descobriu um nicho pouco explorado e montou uma cooperativa de produção de uniformes de trabalho.
Atualmente o projeto mobiliza uma série de parceiros pelo país, entre instituições públicas, privadas, religiosas ou filantrópicas. Cada parceiro contribui com uma pequena parcela de sua maior habilidade, ou seja: instituições sociais monitoram os adolescentes, seu relacionamento com a família e seu compromisso com o projeto. As instituições do Sistema S garantem o processo educativo, o encaminhamento ao mercado de trabalho e também acompanham a adaptação ao primeiro emprego, enquanto empresas públicas e privadas contribuem oferecendo aos alunos do ViraVida a oportunidade de trabalho.
Cenário
A Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes (ESCCA) atinge todas as camadas sociais, mas incide principalmente sobre meninas de famílias de baixa renda, que vivem na periferia dos grandes centros, apresentam baixa escolaridade e têm sua trajetória de vida marcada por diferentes formas de violência e privações.
Um estudo promovido pela Organização Mundial da Saúde indica que 1,8 milhão de crianças e adolescentes são explorados em vários países. No Brasil, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, cerca de 100 mil meninos e meninas são explorados sexualmente. Mais de 950 municípios brasileiros são atingidos por redes de exploração sexual. Desse total, cerca de 43% estão localizadas nas regiões Norte e Nordeste.
Projeto ViraVida – Telefone: (61) 3217-0700
Também nessa Edição :
Perfil: Liu Xiabo
Entrevista: Vera Cordeiro
Artigo: Apelo verde chega à propaganda de produtos no Brasil
Notícia: O que deu na mídia (edição 106)
Notícia: Construção sustentável (2010/10)
Notícia: IBF doa mudas nativas para proprietários rurais
Oferta de Trabalho: Procura-se (10/2010)
Leave a Reply