Há quase uma década, o professor de matemática Emerson Teixeira comanda no Distrito Federal uma iniciativa voltada para inclusão social de pessoas com deficiência. O escopo da ação é proporcionar uma maior autonomia para esses cidadãos e para tanto, desenvolve um tipo de bicicleta adaptada que beneficia pessoas de baixa renda da capital federal.
Trata-se do Projeto Tricicletas Cabulosas, realizado com apoio do moto-clube Os Teixeiras. Os equipamentos são personalizados para atender a necessidade de quem vai usá-los e são construídos a partir de bicicletas antigas doadas pela população.
“O segredo é que os triciclos são mais leves e mais fáceis de usar que uma cadeira de rodas. A pessoa que anda no triciclo vai pedalar, virar e frear só com o movimento dos braços ou das pernas, dependendo da deficiência dela”, diz Emerson que foi ciclista durante muito tempo.
A motivação para a realização do projeto foi um ex-aluno, Saulo Pereira, que sem os dois braços e ainda uma perna atrofiada, dependia de uma cadeira de rodas e de um amigo para levá-lo à escola. Com 16 anos, Saulo cursava o supletivo de ensino fundamental, em Ceilândia, área de baixa renda do DF.
“Ele era totalmente dependente. Isso me comoveu bastante”, lembra. Segundo professor, no início o estudante teve um pouco de dificuldade para se adaptar ao equipamento, mas no mesmo dia já estava andando pela quadra onde morava, por conta própria e com menos de 15 dias passava até por lombadas.
Desde então, Emerson não parou mais. Ao todo já foram entregues 26 tricicletas, sem custo algum para a pessoa atendida. Entre os beneficiados está Taynara, que teve paralisia cerebral quando nasceu por causa de um atraso no parto. Com apoio do seu amigo Ricardo Augusto, parceiro no projeto, foi construída uma tricicleta o mais feminina possível. A entrega foi no dia 24 de dezembro de 2010.
Para fabricação dos triciclos, o projeto também necessita de aportes em dinheiro, mas de acordo com o professor, as doações estão lentas e não tem sido possível atender toda a demanda. “Gostaríamos de atender muito mais pessoas, mas os recursos são poucos. As pessoas são desconfiadas e tem medo de doar dinheiro”, lamenta.
Neste ano, Emerson Teixeira espera expandir o projeto e alcançar os Estados de São Paulo, Paraná , Santa Catarina e Bahia. Também planeja manter a diretriz de priorizar os mais jovens e os mais pobres previamente cadastrados. “Como cidadão, percebo que posso fazer mais”, conclui o professor.
Emerson Teixeira – E-mail: professoremerson@gmail.com – Telefones: (61) 8196-3530 e (61) 8598-7029
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