
O carioca Alfredo Borret é uma daquelas pessoas que descobrem uma oportunidade de mercado onde ninguém vê. Com espírito empreendedor e uma sagacidade ímpar, o morador do Rio de Janeiro tem apostado na produção de peças artesanais a partir de tampas de garrafas e bolachas de chope. Os produtos não são comercializados, mas têm impulsionado o turismo sustentável na capital fluminense.
“Sempre fiquei atento para a quantidade de tampinhas e de papelão colocado embaixo dos copos jogadas no lixo, nas ruas e nas praias. Preocupado com a falta de alternativas para reciclar esses produtos e vivendo em uma cidade turística elaborei com irreverência o projeto Ecotampas”, explicou.
A proposta surgiu em 2008 e desde então foi aprimorada, passando por diversas reformulações. Alfredo Borret retira das ruas cerca de cinco mil tampa de metal e outras 300 bolachas de chope por mês. Esse volume é suficiente para produzir quatro mil imãs de geladeiras e 200 descansos de copos.
O projeto ainda é uma ação solitária, mas segundo o criador, a proposta é mobilizar pessoas interessada em apoiar a causa no próximo ano. “Apesar de todos acharem uma ótima ideia, ainda não apareceu alguém para somar”, disse.
Duas vezes por mês, Borret distribui o material confeccionado. A ação ocorre geralmente todo segundo e último domingo de cada mês em um determinado cartão postal da cidade, num total de quatro mil imãs e 200 descansos de copos doados. Ele ainda realiza palestras nas escolas do Rio.
O projeto é mantido com recursos do próprio profissional formado em marketing, mas ele planeja incubá-lo em algum instituto ou ainda fazer parceria com empresas, com o intuito de gerar renda. “Acredito na ideia e estou procurando parceiros, patrocinadores e pessoas que queiram investir na iniciativa. Há um custo para fazer o artesanato e para realizar as ações”, observou.
Mas, mesmo com parcerias Alfredo garante que a proposta do projeto não será alterada. “A única coisa que não pode mudar é o ato de brindar os turistas O Rio de Janeiro é uma cidade de turismo, devemos tratar bem nossos visitantes e passar uma imagem positiva da cidade. Por isso, sigo o lema ‘se beber, recicle’. É fundamental divulgar importância de viver de uma forma mais sustentável e disseminar a reciclagem”, completou.
Segundo ele, o mercado de produtos feitos dentro de um conceito socioambiental tem potencial para crescer nos próximos anos no país, o que torna o Ecotampas uma iniciativa inovadora e auto-sustentável. “Se o mercado é feito de oferta e demanda, basta demandarmos produtos ecologicamente corretos e cobrar do produtor ou fabricante”, opinou.
Ainda na avaliação de Alfredo Borret, a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um forte instrumento indutor de ações para reciclagem e poderá contribuir para impulsionar o setor. A legislação traz medidas que prevêem, por exemplo, responsabilidades ao longo da cadeia produtiva e de consumo e outras que estimulam a redução, reutilização, reciclagem e destinação correta dos resíduos.
Criatividade com pegada social
O envolvimento de Alfredo Borret com as questões socioambientais teve início em 2004, após participar de uma oficina de responsabilidade social, realizada pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). A capacitação era destinada a jovens universitários e para a conclusão do curso eles foram desafiados a criar um projeto social.
Na época Borret criou o “Ecopet”, que tinha como proposta realizar palestras educativas com jovens e crianças da comunidade da Babilônia, localizada no Leme, bairro da Zona Sul carioca, além da produção de peças artesanais com garrafas PET. “O grupo não deu continuidade e eu caminhei sozinho. O projeto ocorreu de forma tímida, sem recurso ou patrocínio algum. Mas pude participar de ações voluntárias, dei palestras de educação ambiental em colégios, projetos sociais e associações de moradores”, lembrou.
Alfredo Borret – Telefones: (21) 7715-0409 e (21) 9688-7124 – E-mails: alfredo.borret@gmail.com e ecotampas@gmail.com – Site: www.ecotampas.com.br – Twitter: @ecotampas
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