Mãos de Minas prova como é possível trabalhar o artesanato de forma integrada, cooperativa e economicamente viável
Um olhar diferente sobre a prática cotidiana. A artesã mineira Tânia Machado, a despeito das dificuldades de sua profissão, conseguiu enxergar além. Ela acreditava no potencial do artesanato como sustento de famílias e na capacidade – pouco explorada – dos artesãos de se tornarem empreendedores. Essa visão foi o impulso para que Tânia criasse uma rede (formada por três Ongs) que garantisse ao artesão a possibilidade de viver de sua arte e, numa postura ousada, lançar um importante projeto de responsabilidade social na periferia de Belo Horizonte.
Tudo começou com a Ong Mãos de Minas, criada para tornar viável a comercialização dos produtos; o Centro Cape nasceu em seguida para profissionalizar e capacitar os artesãos e o Banco do Povo surgiu para garantir recursos. Uma vez auto-sustentável o processo, a extensão para a responsabilidade social foi inevitável e a arte do fazer artesanal chegou a crianças e adolescentes carentes através da Oficina dos Meninos e das Meninas.
Fundada em 1983, hoje a Mãos de Minas conta com mais de sete mil associados de todo o Estado de Minas Gerais e oferece apoio aos artesãos orientando-os até mesmo na exportação de suas peças. O Centro Cape, criado em 1993, desenvolve treinamentos para capacitar os artesãos a gerenciar suas atividades de forma lucrativa. A Ong Banco do Povo, que hoje é modelo para diversos projetos no Brasil, surgiu em 1999 para completar o ciclo. A instituição oferece microcréditos, a juros baixos, beneficiando até quem não tem avalista. O atendimento não se restringe apenas aos artesãos, beneficia a população carente ao gerar renda e criar empregos.
Além de promover o desenvolvimento artesanal, as Ongs criadas por Tânia se especializaram em educação, desenvolvimento sustentável, geração de renda e capacitação de RH. Em 2001, foi criada a Oficina dos Meninos e das Meninas com o objetivo de retirar adolescentes de situações precárias e apresentá-los ao mundo da arte aliado à geração de renda. Hoje, 39 adolescentes (estudantes, como pré-requisito) fazem parte do projeto e, além de aprender o fazer artesanal, recebem de acordo com sua produção mensal.
E seus trabalhos já estão sendo reconhecidos por especialistas da área. Um ambiente da Casa Cor Minas 2004 contou com peças confeccionadas pelos meninos: 58 mil estrelinhas de papel reciclado e pufes feitos de fibra de bananeira fizeram parte da decoração. Na Oficina, são produzidas em média mil peças por mês (cerâmica, costura, papel machê, marcenaria, tear e pintura). As encomendas e os eventos são a principal fonte de renda. No ano passado, os trabalhos da Oficina participaram da maior feira de artesanato da América Latina, a Feira Nacional de Artesanato, que acontece anualmente em Belo Horizonte com enorme sucesso de público.
Centro Cape, Mãos de Minas e Banco do Povo – Telefone: (31) 3282.8300 – E-mail: evento3@centrocape.org.br – Endereço: Rua Grão Mogol, 662 – Sion – 30310-010 / Belo Horizonte – Minas Gerais
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