
Famílias em isolamento no Amazonas
À frente de uma expedição realizada ao longo de diversos rios da região, a Territória constatou que a precariedade das condições sócio-econômicas está estimulando o desenvolvimento de lideranças locais e a auto-organização
A primeira etapa da expedição realizada ao longo de vários rios da Amazônia pela Territória – empresa especializada em ações sócio-econômicas voltadas a comunidades excluídas social e territorialmente – constatou que, diante da situação social dramática de isolamento e precariedade de sobrevivência em alguns municípios, as comunidades locais estão se organizando e buscando desenvolver lideranças para tomar em suas próprias mãos o processo de desenvolvimento.
Municípios onde a iluminação é feita de forma precária pelo sistema poluente das usinas termelétricas a diesel, e que não contam com infra-estrutura de comunicação ou saneamento básico, são o retrato de inúmeras cidades e comunidades ribeirinhas do Amazonas. Com uma agricultura precária, projetos de assentamento abandonados, falta de técnicos agrícolas ou recursos para capacitar a população local, sistema inexistente de transporte e sem meios de escoar sua produção, essas comunidades vivem literalmente à margem do mundo desenvolvido.
O rio (principal via de acesso a estas comunidades) continua sem estrutura e recursos para receber os visitantes, abastecer as cidades e escoar a pouca produção ali desenvolvida. Ao longo dos trajetos fluviais não há pequenos portos para passageiros esperarem com algum conforto, e tampouco freqüência e diversidade de embarcações, postos de abastecimento de combustível. Ou seja, a infra-estrutura necessária para o transporte local.
Diante dessa realidade, a Territória realizou encontros com mais de 300 pessoas em alguns municípios, como Parintins, Itaquatiara e Itapiranga, com o objetivo de mapear como vive essa população e suas lideranças e, posteriormente, elaborar um projeto de desenvolvimento sócio-econômico com parcerias locais. “O lado positivo desses encontros foi constatar que, a despeito das dificuldades, isolamento e falta de recursos, as comunidades têm uma forte disposição e interesse em se organizarem, em capacitar lideranças locais e empreenderem processos de desenvolvimento local”, constata a socióloga e urbanista Nereide Mazzucchelli, coordenadora da expedição e diretora da Territória. Ela ressalta que “há um distanciamento gritante do Estado tanto na oferta de infra-estrutura básica quanto no desenvolvimento de ações que capacitem a população para gerirem seu processo de desenvolvimento econômico e social”.
Como contrapartida, essas comunidades estão buscando se auto-organizar para encontrar meios de desenvolvimento. Representantes da Igreja de todas as religiões estão à frente desse processo no momento, cumprindo papéis que seriam atribuição do Estado. “Ao conversarmos com estes grupos notamos que eles agem em sintonia, principalmente quando a questão é o social, e que buscam apoio em organizações como a Igreja”, conta Nereide.
Até agora, essa organização só pode equacionar, contudo, algumas questões, principalmente na área da saúde e da educação, com a ajuda de voluntários religiosos e técnicos estrangeiros que se instalaram no interior da Amazônia. “Para se desenvolver sob o aspecto sócio-econômico, essas comunidades precisam, inicialmente, de infra-estrutura básica, que é uma tarefa do Estado”, lembra a socióloga e urbanista. “Algumas empresas estão estudando o desenvolvimento de projetos na região, mas estas ações ficam restritas, isoladas e sem os efeitos sinérgicos se não houver a criação de parcerias com o governo.”
Territoria – Tel.: (11) 3064-0794/3064-1812 e Perspectivas
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