
Por Andrea Goldschmidt
Ao contrário do que muita gente imagina, o Balanço Social não é um mero relatório das atividades sociais apoiadas por uma empresa. Estas atividades, sem dúvida, fazem parte do Balanço Social, mas ele é muito mais do que isso, já que as ações com a comunidade serão apenas um dos grupos a serem analisados através deste instrumento de gestão.
O Balanço Social Corporativo está intimamente associado ao Planejamento Estratégico da empresa, já que seu principal objetivo é fazer uma avaliação estratégica daquele negócio. O planejamento estratégico das empresas está passando por mudanças significativas. Há alguns anos, um grupo de executivos se reunia por vários dias e definia, entre 4 paredes, os rumos que a empresa deveria seguir nos próximos anos.
O que vemos atualmente é uma nova forma de planejamento estratégico, através da qual os stakeholders (públicos de interesse) vêm adquirindo uma maior importância.
Isso, é claro, é resultado da evolução dos negócios e do aumento da competitividade, que nos levou a uma situação em que não basta fazer um planejamento estratégico focado única e exclusivamente nos interesses da empresa. Cada vez mais, passa a ser necessário saber como os diversos públicos que se relacionam com a empresa imaginam que ela deva se desenvolver no futuro.
Alguns destes públicos estão mais próximos e têm o poder de interferir quase que imediatamente nos resultados da empresa. Funcionários, por exemplo, podem ter um desempenho melhor se estiverem satisfeitos com as ações desenvolvidas pela empresa (tanto em seu próprio benefício, como em benefício de terceiros).
Outros públicos, terão influência menor, mas, mesmo assim, são importantes para a empresa. Ë o caso dos fornecedores. A princípio, podemos imaginar que os fornecedores dependem mais da empresa do que o contrário, mas uma relação adequada com este público pode garantir um fornecimento contínuo, pontual e preferencial que pode afetar os seus negócios do ponto de vista financeiro.
O novo planejamento estratégico pressupõe analisar como anda o relacionamento da empresa com cada um dos públicos de interesse e desenvolver ações que visem melhorar estes relacionamentos, trazendo ganhos para a empresa.
É a partir daí que a empresa deverá definir se vai fazer doações para organizações sociais na comunidade, investir em ações que beneficiem seus funcionários, no treinamento de seus fornecedores, ou criar campanhas em benefício de seus clientes e consumidores.
Feito isso, será mais fácil provar aos acionistas que, a longo prazo, o investimento em ações de Responsabilidade Social Corporativa significará maiores lucros e, conseqüentemente, a garantia da continuidade daquele negócio.
A elaboração do Balanço Social, portanto, não deve ser vista como um instrumento de marketing, mas sim como um instrumento de gestã um relatório capaz de mostrar aos dirigentes da empresa onde estão suas principais fragilidades e, portanto, para onde devem ser direcionados os seus investimentos nos próximos anos.
Andrea Goldschmidt é administradora de empresas pela EAESP- FGV. Trabalha como consultora na APOENA Empreendimentos Sociais auxiliando empresas na implantação de programas de responsabilidade social junto à comunidade.
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