Limpeza consciente

Luiz Carlos Dutra, presidente da Abipla, mostra como a sustentabilidade pode gerar lucro

Pegada ecológica chega ao setor de saneantes com programa nacional para o consumo sustentável dos produtos e apoio a cooperativas de catadores

Campanha nacional levará princípios de sustentabilidade para o setor de saneantes. A proposta, uma iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), chamada de “Programa Movimento Limpeza Consciente”, tem como meta contribuir com o desenvolvimento sustentável do segmento, fixando principalmente os aspectos ambiental, econômico, social e cultural.

A ideia é sensibilizar os municípios a se comprometerem a implantar ou melhorar a coleta seletiva municipal. Será realizada, ainda, uma campanha voltada para a população sobre a importância do consumo consciente dos produtos desde o momento de uso até o descarte da embalagem. Também haverá ações para estimular cooperativas de catadores, com acompanhamento técnico por meio de treinamentos e palestras de gerenciamento. O objetivo é tornar a atividade auto-sustentável.

Nesse primeiro momento, o programa já conta com iniciativas focadas na correta destinação de embalagens pós-consumo. Trata-se do “Projeto Dê a Mão para o Futuro”, que cria formas de reaproveitamento de embalagens em diversos processos produtivos e estimula a organização de cooperativas de catadores. O projeto foi lançado no estado do Rio de Janeiro com o apelo “Colabore com a reciclagem e ajude a gerar trabalho e renda”.

Para Luiz Carlos Dutra, presidente da Abipla, a participação das indústrias do setor é muito importante para a harmonização das metas e objetivos, no sentido de proporcionar a mudança de comportamentos com vistas ao desenvolvimento sustentável. “Essa iniciativa demonstra ser possível a mobilização articulada rumo à responsabilidade compartilhada entre a sociedade, o poder público e as indústrias, com o objetivo comum de promover cada vez mais a longevidade no planeta”, destaca.

Outra frente de atuação, será trabalhar a informalidade das empresas, uma das maiores necessidades do segmento. Para tanto, já está em desenvolvimento o “Programa de Mobilização pela Regularização do Setor de Saneantes”, fruto de uma parceria do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos de Limpeza (Sipla) e da Abipla com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo é viabilizar a regularização de empresas, apresentando os benefícios e desafios de micro e pequenos fabricantes, que respondem por 95% do mercado, na regularização de seu processo produtivo.

A parceria procura mostrar a importância da adequação das empresas à legislação atual e a introdução das boas práticas de fabricação, o que traz uma concorrência leal no mercado. “Trata-se de uma oportunidade de aproximar o pequeno fabricante de produtos de limpeza do órgão regulador, mostrando com mais detalhes a função da entidade de proteger e promover a saúde da população, garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços”, esclarece Dirceu Raposo de Melo, diretor-presidente da Anvisa.

“A participação do Sebrae é fundamental como um agente do desenvolvimento, do estímulo ao empreendedorismo e ao crescimento de negócios de micro e pequeno portes. Somente a criação de empresas formais, competitivas e sustentáveis possibilitará o fortalecimento cada vez maior do setor”, acrescenta Jorge Rincon, diretor da entidade.

Desafios

Para a elaboração das ações futuras do programa, a Abipla apostará no investimento em estudos para o desenvolvimento de novas tecnologias para a redução da geração de embalagens, da emissão de CO2 e do uso de produtos químicos em geral. Também planeja investir em pesquisas que visam diminuir o consumo de energia e otimizar o uso da água.

Segundo Dutra, a instituição se inspirou nas mais modernas tendências sobre o tema. “O uso de produtos químicos de maneira adequada resultará num grande ganho para o meio ambiente”, diz. A otimização do uso da água no processo produtivo gerará redução de custos para o produto final por meio dos sistemas de reutilização para finalidades como irrigação, lavagem de máquinas, entre outros.

Já a eficiência energética trará melhor aproveitamento dos sistemas, aumentará a produtividade, proporcionando benefícios ambientais e econômicos às indústrias. “Entre os resultados esperados estão a redução dos custos de operação por meio da utilização de fontes alternativas, minimização da geração de resíduos e redução dos impactos ambientais”, conclui.

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