
Ambiente proposto pela Mera Arquitetura e Paisagismo traz soluções ambientalmente corretas
Soluções sustentáveis e economicamente viáveis marcam a edição deste ano da Casa Cor
Propor produtos ecologicamente corretos, economicamente viáveis e socialmente justos são os grandes desafios deste século para os mais diversos setores da economia e não poderia ser diferente para da construção civil, considerado um dos grandes vilões do meio ambiente. No Brasil, de 2004 para cá, 123 projetos foram iniciados atendendo ao conceito do selo verde americano. Só nos três primeiros meses do ano, foram 20 e 66% estão em São Paulo.
Um pouco dessa preocupação pôde ser vista na “Casa Cor 2009”, considerada a maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo da América Latina e terceira maior do mundo. Sob a bandeira da sustentabilidade, a mostra realizada em São Paulo, de 26 de maio a 14 de julho, trouxe projetos que priorizam a utilização de materiais de baixo impacto ambiental e que primam pelo consumo consciente de diversos recursos. Exemplo é o jardim proposto pela Mera Arquitetura e Paisagismo, que leva pastilhas de vidro reciclável e objetos de decoração de madeira bruta de reflorestamento.
Para a arquiteta e sócia proprietária da empresa, Beatriz Fernandez Mera, a procura por projetos desse tipo é cada vez maior, mas cabe aos profissionais da área alertar a população sobre a importância do uso de técnicas sustentáveis e especificar materiais adequados. Em entrevista para o Responsabilidade Social.com, ela dialoga sobre o mercado no setor e os desafios para tornar harmoniosa a relação entre construção civil e meio ambiente.
1) Responsabilidade Social – Pesquisas apontam que os edifícios são responsáveis por 30% da emissão anual de gases que causam o aquecimento global em todo o mundo e que 75% dos produtos utilizados pela construção de empreendimentos são provenientes de recursos naturais. Quanto falta para a relação entre construção civil e meio ambiente chegar a um ponto de equilíbrio?
Beatriz Fernandez Mera – Falta principalmente a consciência de todos os consumidores de que somente essa nova postura ambiental poderá minimizar os efeitos do aquecimento global causados pelo crescimento desordenado das cidades. Com a conscientização dos clientes as construtoras se vêem obrigadas a seguir essa postura e assim começar a propor materiais sustentáveis aos fornecedores.
2) RS – Na prática, como funcionam as ações de sustentabilidade na área de construção?
BM – A sustentabilidade na arquitetura vem desde a elaboração do projeto, pensando na insolação, conforto térmico, detalhes construtivos, escolha dos materiais, preocupações com o resíduo de materiais durante a obra até a preocupação do dia a dia do seu usuário, como o local adequado para a armazenagem do lixo para reciclagem e evitar o desperdício de recursos hídricos através de equipamentos específicos.
3) RS – O aquecimento global constitui hoje a maior ameaça existente ao meio ambiente e à humanidade. Que papel o setor pode cumprir em relação a esse fenômeno?
BM – Nós arquitetos e paisagistas devemos alertar nossos clientes sobre a importância do uso de técnicas sustentáveis e especificar materiais adequados.
4) RS – Após a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC em inglês), em fevereiro de 2007, houve uma corrida de toda a sociedade para apresentar soluções para mitigar o aquecimento global. Passada essa fase de modismo da sustentabilidade a senhora acha que algumas ações vão ficar? Há trabalhos sérios?
BM – Nós podemos sentir essas alterações climáticas todos os dias. Acredito que isso faz com que essa consciência se mantenha e cada vez mais forte. As atitudes que realmente tiverem impacto contra o aquecimento e forem facilmente aplicadas em nosso cotidiano continuarão.
5) RS – O mercado dos certificados, que atestam produtos da construção civil e até empreendimentos como ecologicamente corretos, também apresentou um crescimento exponencial. Para a senhora esses selos são instrumentos eficazes para a promoção do desenvolvimento sustentável ou apenas alimentam a indústria do “marketing verde”?
BM – As coisas estão ligadas, em alguns casos podemos dizer que seja puro marketing, mas o marketing e a imprensa são fortes aliados para conscientização da população. Acredito que quanto mais falarmos no assunto mais as pessoas terão curiosidade em se aprofundar e procurar materiais e técnicas realmente eficazes.
6) RS – O que a senhora aponta como os maiores avanços do segmento na área de preservação do meio ambiente e os retrocessos nos últimos dois anos?
BM – Avanços: Captação da água da chuva, o reuso de água, os painéis para energia solar e aquecimento da água. No paisagismo o uso de espécies regionais e também com necessidade reduzida de irrigação, o aproveitamento da água pluvial para irrigação. Revestimentos que mantêm parte da permeabilidade do solo, uso de calçadas verdes.
7) RS – Já é possível perceber grandes mudanças no comportamento dos consumidores?
BM – Sim. Os clientes já têm essa preocupação quando vão construir. E hoje procuram preferencialmente revestimentos recicláveis e perguntam por técnicas construtivas sustentáveis, mas ainda se preocupam com os custos e o retorno individual.
8) RS – Os projetos apresentados na “Casa Cor 2009”, com soluções ambientalmente corretas são também economicamente viáveis? Quanto projetar uma “casa verde” pode elevar o custo no final das obras?
BM – Nos projetos da Casa Cor podemos ver técnicas construtivas e revestimentos acessíveis. Por exemplo, em nosso espaço utilizamos pastilhas ecológicas que já tem o preço mais acessível em relação às não-ecológicas. As tintas mais claras são mais baratas, o uso de pisos intertravados ou piso drenante para a área externa dispensa a execução de contrapiso, a calçada verde e as áreas ajardinadas diminuem a metragem de material para o piso. Entre as técnicas mais caras está à captação e reutilização de água pluvial e os painéis de energia solar, que possibilitam redução nas contas de água e luz, dependendo do tamanho da obra.
9) RS – Qual o seu entendimento do termo “responsabilidade social”?
BM – A pratica da “Sustentabilidade” não só nas obras, mas no nosso dia-a-dia, o respeito ao próximo. Na arquitetura a transparência da origem dos materiais específicos em obra, o respeito às comunidades e seu entorno e principalmente o respeito a nosso planeta.
10) RS – O desenvolvimento econômico pode conviver harmoniosamente com o meio ambiente e boas práticas sociais?
BM – Cada vez mais sinto que estamos seguindo para essa direção.
11) RS – Qual o principal desafio do desenvolvimento sustentável?
BM – A educação ambiental e a conscientização da população em relação a atividades verdes. As novas ideias, desenvolvimento de materiais e técnicas construtivas cada vez mais acessíveis e aplicáveis a todos.
Mera Arquitetura e Paisagismo – Tel: (11) 3842-9072
Também nessa Edição :
Perfil: Marta Serrat
Entrevista: Maria Elisa Ehrhardt Carbonari
Notícia: O que deu na mídia (edição 79)
Notícia: Reciclagem chega ao setor automotivo
Notícia: Comunicação para o bem
Oferta de Trabalho: Procura-se (08/2009)
Leave a Reply