Brasil intensifica a comercialização de créditos de carbono

Parceria entre a Caixa e Banco Mundial permitirá a negociação desses ativos no mercado global

A Caixa Econômica Federal e o Banco Mundial assinaram um acordo para negociar créditos de carbono no mercado global. A transação será realizada a partir da compra e venda de emissões reduzidas, junto ao fundo Carbon Partnership Facility (CPF). Pela parceria, a instituição financeira brasileira será a única do país a oferecer financiamento para implantação de aterros sanitários, tendo como garantia acessória do empréstimo as receitas geradas pela Redução Certificada de Emissões (RCE), também conhecida como crédito de carbono, lastreadas com recursos do CPF.

Além de disponibilizar recursos para redução dos principais impactos sociais e ambientais, a CAIXA também passará a estimular operações de financiamento, por meio das receitas de crédito de carbono, e impulsionará o segmento de resíduos sólidos urbanos, já que, para se obter a garantia do crédito, será necessária a preparação e entrega de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

“É nossa primeira operação de créditos de carbono e temos a oportunidade de colocar em prática ideias, que vêm sendo pensadas em todo o mundo, sobre redução de impactos ambientais. Vamos ocupar papel de destaque num segmento ainda inexplorado no Brasil”, destaca o vice-presidente de Governo da Caixa, José Urbano Duarte. Os dois bancos também assinaram acordo de empréstimo de US$ 50 milhões para aplicação em projetos de resíduos sólidos urbanos e financiamento de carbono.

Na avaliação de especialistas, a iniciativa deverá elevar o número de projetos de MDL no Brasil, que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), já ocupa a terceira posição mundial no número de atividades nesse tipo de projeto, atrás somente da China e da Índia. São 7,7 mil projetos cadastrados, sendo 499 brasileiros, 3.056 chineses e 2.098 indianos.

Em termos de potencial de redução de emissões associado aos projetos no ciclo do MDL, o Brasil também está na terceira posição do ranking, sendo responsável pela redução de 412,1 milhões de toneladas, o que corresponde a 5% do total mundial. A China ocupa o topo da lista, com mais de 4 bilhões de toneladas, responsável por 47% do total mundial.

“Essa parceria ajudará a Caixa a maximizar a sustentabilidade ambiental, social e econômica desses investimentos; estimular a participação privada e combinar esses fatores ao financiamento de carbono, alavancando um impacto ainda maior”, analisa o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop. O acordo é fruto da parceria iniciada em 2008 com o Banco Mundial, e da entrada do banco brasileiro no CPF, em 2009, durante a COP15 em Copenhagen.

Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apontam que o maior número de projetos brasileiros de MDL é desenvolvido na área de geração de energia e suinocultura, somando 68% de participação. Os escopos que mais reduzirão emissões de CO2 são os de energia renovável e aterro sanitário, com 40,3% e 23,5%, respectivamente. Já na distribuição por Estados, São Paulo lidera o ranking, com 21%; seguido por Minas Gerais, com 16%; Rio Grande do Sul com 10%; Santa Catarina com 9% e Paraná com 7%.

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