
Andrea Goldschmidt
Por Andrea Goldschmidt.
Com o avanço do conceito de Responsabilidade Social Corporativa, a sociedade brasileira começou a avaliar as empresas também por sua postura social. Por esse motivo, muitas empresas têm se interessado em divulgar seus Balanços Sociais Corporativos. Chegou-se até a discutir a criação de uma lei que torne obrigatória a publicação do Balanço Social Corporativo, juntamente com o Balanço Patrimonial da empresa.
O que vemos no mercado atualmente, no entanto, é uma confusão bastante grande sobre o que é o Balanço Social Corporativo. Em primeiro lugar, ele difere do Balanço Patrimonial uma vez que representa uma análise da empresa a partir de outras informações importantes, que não apenas a saúde financeira daquele negócio. Analisando o relacionamento da empresa com todos os seus stakeholders (clientes, fornecedores, funcionários, governo, comunidades, etc.) é possível ter uma visão muito mais ampla da perenidade desse negócio e do poder da empresa de sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo.
Em muitos casos, o Balanço Social Corporativo vem sendo confundido com o relatório das atividades sociais apoiadas pela empresa. Essas atividades, sem dúvida, fazem parte do Balanço Social, mas ele é muito mais do que isso, já que as ações com a comunidade serão apenas um dos grupos a serem analisados. O principal objetivo que uma empresa deve ter ao elaborar seu Balanço Social Corporativo é o de fazer uma avaliação estratégica de seu negócio. Essa avaliação estratégica irá demonstrar:
- Os princípios da atuação da empresa no mercado;
- Sua política de gerenciamento de pessoas;
- Como se relaciona com fornecedores e clientes;
- Como executa suas ações sociais com colaboradores e com a comunidade;
- Como se relaciona com o governo;
- Sua preocupação com a proteção do meio ambiente onde atua.
O desafio é provar aos acionistas que, a longo prazo, o investimento em ações de Responsabilidade Social Corporativa, significará maiores lucros e, conseqüentemente, a garantia da continuidade daquele negócio. Funcionários satisfeitos, clientes fiéis, apoio da comunidade do entorno, bom relacionamento com fornecedores e com o Governo, podem ser diferenciais significativos no crescimento de qualquer negócio. Por isso, é importante monitorar o relacionamento com todos esses públicos.
Muito mais do que um relatório de atividades, o Balanço Social Corporativo deve ser visto como um instrumento de diagnóstico e gestão interna, visando a perenidade do negócio. Existem vários modelos para se iniciar o diagnóstico da empresa. O mais simples é o que foi desenvolvido pelo Ibase, que concentra a análise da empresa no relacionamento com funcionários e com a comunidade. Outro modelo bastante utilizado no Brasil é o que foi desenvolvido pelo Instituto Ethos. Ele ajuda a empresa a analisar sete áreas de interesse: valores e transparência, funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente. Existe ainda um terceiro modelo, desenvolvido na Inglaterra, pelo Global Reporting Initiative (GRI) que, através de 90 indicadores de desempenho, aborda essas mesmas questões de maneira mais profunda.
Por ser um instrumento de gestão, o Balanço Social Corporativo deve ser elaborado anualmente. O que se recomenda é que as empresas comecem pelos modelos mais simples, para que possam ir se estruturando e se organizando internamente para ter informações cada vez mais complexas e detalhadas. Os produtos finais desse processo de planejamento e análise, portanto, serão:
– o relatório que será divulgado para os stakeholders;
– o plano de ação, elaborado através da análise de pontos críticos da gestão da empresa (pontos fortes e fracos, áreas com potencial de melhoria, áreas prioritárias para investimento, etc.) que garantirá a melhoria dos seus processos gerenciais.
Toda empresa pode (e deve) elaborar anualmente seu Balanço Social Corporativo, independentemente da sua área de atuação, do seu porte ou localização. O modelo a ser escolhido, no entanto, irá depender do estágio de evolução da empresa nesse processo.
Andrea Goldschmidt é administradora de empresas pela EAESP- FGV e atua como consultora na APOENA Empreendimentos Sociais.
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Ótimo artigo sobre o tema BSA.
Estou condensando e desenvolvendo várias informações e dados para editar uma espinha dorsal “básico” do Balanço Social Ambiental (BSA).