Andando pela rua, ninguém consegue imaginar o que Tânia Machado já produziu em sua vida. Com 51 anos, a artesã desenvolveu projetos que beneficiaram milhares de pessoas. O trabalho surgiu de uma necessidade que ela mesma viveu: as dificuldades que um artesão tem para se tornar um empreendedor.
O dom para produzir peças artísticas logo se revelou como um ofício. Mas no trabalho foram surgindo diversos entraves. Por mais antiga que fosse a profissão de artesão, os produtos desse segmento eram de notável dificuldade de comercialização. As carências iam desde coisas simples, como a emissão de notas fiscais para colocar o produto no mercado, até as mais complexas, como abrir as portas para o artesanato ganhar o mundo.
Tânia Machado mobilizou artesãos, empresas e governos para mudar a realidade desse setor. A iniciativa que antes parecia um sonho distante para os 500 mil artesãos mineiros tornou-se realidade quando, em 1983, foi criado o projeto Mãos de Minas. Logo, percebeu-se a importância do projeto e a Mãos de Minas tornou-se uma Associação Sem Fins Lucrativos. A ousadia dessa artesã não tinha limites e a Mãos de Minas destacou-se entre outras associações, emitindo notas fiscais aos produtores, que antes tinham que buscar a Secretaria da Fazenda. Os trabalhos desenvolvidos pela Associação assumiram tamanha proporção que a instituição ficou auto-suficiente, passando a ser uma Organização Não-Governamental de sustentação de cooperativas de moda, alimentos e artesanato em geral.
Hoje, a Mãos de Minas conta com mais de sete mil filiados em todo o estado. A instituição oferece apoio aos artesãos desde a produção até a comercialização dos produtos. A Ong está envolvida em projetos também de alcance nacional. Foram criadas duas lojas em Belo Horizonte e São Paulo que servem como canal de venda dos produtores mineiros.
Mas o trabalho da artesã não parou por aí. Era preciso mais do que o dom para o artesão se desenvolver. A preocupação de Tânia Machado era tornar o artesanato um negócio que garantisse a sobrevivência dos produtores. Daí surgiu uma outra ong, o Instituto Centro Cape. A instituição desenvolve treinamentos – por meio de cursos – para capacitar os artesãos e torná-los empreendedores. Do Centro Cape, foi criada a Jogos de Empresa, que comercializa o material necessário para a realização dos cursos.
Não há tempo de descanso para essa mulher. Ela ainda queria mais. O artesão já sabia criar e gerenciar. O que mais lhe faltava? Dinheiro. Sem recursos, ele não crescia. Mais uma vez, ela assumiu a luta de criar uma instituição para oferecer empréstimos aliados à capacitação. Da idéia nasceu a Organização Não-Governamental Banco do Povo, hoje, modelo para diversos projetos no Brasil. A instituição oferece micro-créditos a juros baixos, beneficiando até quem não tem avalista. Em apenas três anos, o Banco do Povo tem uma ficha na qual passaram mais de 2,5 mil pessoas. O atendimento não se restringe apenas aos artesãos, beneficia a população carente, gerando renda e criando empregos.
Mas a luta não acabou. Criar, gerenciar e dar condições financeiras para o artesão crescer não é suficiente para quem trabalha com recursos da natureza. A matéria-prima do produtor se esgota quando mal utilizada, e isso interfere no meio ambiente. Pensando nisso, Tânia Machado formou a Organização Não-Governamental Instituto Terra Brasilis, que trabalha em projetos de desenvolvimento do meio ambiente. As instituições criadas cresceram. Surgiu a necessidade de se criar uma empresa que produzisse manuais e materiais utilizados no treinamento e na divulgação dos trabalhos: a W3 Propaganda. Com isso, a artesã completou o que hoje se chama Grupo de Desenvolvimento.
Entre em contato: www.terrabrasilis.org.br
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