Com uma metodologia sistematiza, a Rede CDI está presente em 12 países e beneficia, principalmente, pessoas de baixa renda
O Comitê para Democratização da Informática do Distrito Federal e Entorno (CDI-DF) completa, em 2012, 13 anos de atuação, com um balanço que comprova a eficiência do trabalho desenvolvido em prol da inclusão digital. Desde 1999, foram atendidas mais de 62 mil pessoas da região. Também foram estabelecidas parcerias com 113 instituições e capacitados 1,7 mil educadores.
“Temos a nossa metodologia sistematizada e sempre buscamos inovações em cursos, serviços e formas de mobilização comunitária. Procuramos sempre estar alinhados com a demanda das comunidades parceiras e somos reconhecidos por essa atuação”, destaca a secretária executiva do CDI-DF, Andrea Portugal.
A unidade faz parte de uma rede criada há 17 anos e presente hoje em 12 países, com 24 escritórios, sendo 16 regionais e oito internacionais. Foram, ao todo, beneficiadas 1,4 milhão de pessoas. Trata-se se um movimento pioneiro de inclusão digital na América Latina e um dos principais empreendimentos sociais no mundo.
O movimento dispõe de uma abordagem sócio-educativa diferenciada e um modelo único de gestão, visando à sustentabilidade do projeto. Somadas as aulas de informática, o comitê propõe reflexões sobre a realidade social e
ambiental. São abordados temas como: direitos humanos, democracia, meio ambiente, mercado de trabalho, saúde, educação e violência.
A principal linha de atuação do comitê no DF é o “CDI Comunidade”. São espaços criados em parceria com entidades locais, com o objetivo de integrar os membros dessas regiões com vistas a diminuir o nível de exclusão social. Dentro desse projeto, o movimento cede computadores, softwares, sistematização de estratégias pedagógicas e formação contínua de educadores da própria comunidade. Atualmente, 24 núcleos estão em atividade.
No Distrito Federal, o movimento atua não só em comunidades de baixa renda, como também em instituições que atendem um público com necessidades especiais, como deficientes auditivos, internos do sistema prisional e jovens em situação de risco. A proposta é colocar a informática ao alcance de todos como ferramenta para o exercício da cidadania.
Segundo Andrea Portugal, entre os impactos gerados ao longo desses anos é possível citar a melhora do rendimento escolar e o aumento na auto-estima, além da capacitação profissional. Numa área rural de Planaltina, mulheres atendidas pelo CDI usaram as aulas de informática e desenvolveram ferramentas para planilha de custos e cartaz
para montar um curso de cabeleireira, manicure e artesã. Houve no local a geração de trabalho e renda.
Destaque também para o Projeto Fábrica da Cidadania, realizado em Taguatinga. Os participantes da comunidade aprenderam sobre montagem e manutenção de computadores – capacitação importante para o mercado de trabalho.
Eles também participaram de aulas sobre educação ambiental, o que resultou na criação de pontos de coleta para lixo eletrônico.
O projeto também adquiriu ao longo da sua trajetória uma forte vertente ambiental. Desde 2008, tem estimulado o uso das tecnologias para reflexão e mobilização sobre o Cerrado com vivências, pesquisas e plantio de árvores nativas em áreas degradadas de acordo com a realidade de cada comunidade. Segundo o CDI, mais de mil árvores já foram plantadas.
“Nesses 13 anos temos trabalhado cada vez mais próximos das parcerias comunitárias, reconhecendo o viés ambiental e social que acompanha todas as ações. Preparamos formações diversificadas de acordo com a demanda”, destaca Portugal.
O trabalho do CDI também inspirou diversas políticas públicas, não só de acesso aos computadores, mas relacionadas à internet e ao uso comunitário da rede em espaços públicos. “O CDI foi a primeira ONG a trabalhar nesse sentido. Atualmente, participamos do comitê que discute a modelagem da Lei 12.305/2010 que trata sobre resíduos sólidos, com foco específico em eletroeletrônicos”.
Cenário incerto
Na avaliação de Andrea Portugal, o Brasil tem grandes desafios na área de inclusão digital. “Ainda temos áreas com pouco ou nenhum acesso à internet, o valor cobrado pela conexão inviabiliza uma democratização do uso da tecnologia, seja para acesso ao e-gov, oportunidades de emprego, geração de renda através da venda de produtos do campo online, entre outros”, exemplifica.
Para mudar esse cenário são necessários, na opinião dela, investimentos nas conexões e seu barateamento, além de aportes na formação do profissional que vai intermediar o aprendizado para o uso das tecnologias. Também é fundamental a criação de projetos de sustentabilidade local para que após a implementação dos programas do governo, as comunidades se apropriem do uso, espaço e manutenção.
Nesse sentido, o CDI-DF espera no segundo semestre deste ano priorizar a captação de recursos para dar continuidade ao trabalho em curso e dessa forma contribuir para o processo de inclusão social e digital do país. “No momento temos apenas parcial da equipe que não nos permite dar suporte as 24 instituições parceiras nem abrir para as demais que estão nos procurando”, lamenta. De acordo com ela, são necessários recursos da ordem de R$ 100 mil para garantir a realização do projeto até dezembro de 2012.
Comitê para Democratização da Informática do Distrito Federal e Entorno – Telefone: (61) 3322-7233
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