
Aconteceu no final de junho, em Vitória (ES), o Congresso Internacional de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Indústria de Base Florestal e de Geração de Energia. O evento, referência nacional no segmento, reuniu cerca de 300 especialistas de expressão do setor florestal e de geração de energia, entre profissionais, estudantes, representantes do meio empresarial, acadêmico e político.
A ideia foi compartilhar experiências e boas práticas que contribuam para fomentar o desenvolvimento do setor que representa 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e emprega 9% da população economicamente ativa do país.
Em entrevista exclusiva, Jussara Ribeiro, organizadora do encontro, também conhecido como Madeira 2012, faz um balanço do congresso que acontece no país há 12 anos e avalia a atuação da indústria de base florestal.
“As empresas do setor estão cada vez mais focadas na sustentabilidade, buscando assegurar a produção de madeira no longo prazo, atentas aos aspectos econômicos, ambientais e sociais”, diz Jussara que também preside o Instituto Besc de Humanidades e Economia. Leia a entrevista.
1) Responsabilidade Social – Entre os dias 28 e 29 de junho a capital capixaba recebeu o Madeira 2012. O evento já está na sexta edição. A senhora poderia apontar os principais resultados conquistados ao longo dos últimos anos pelo evento?
Jussara Ribeiro – É importante observar que o evento ocorre de dois em dois anos, por tanto estamos falando de um horizonte de 12 anos quando muita coisa aconteceu no setor florestal brasileiro e internacional. Por exemplo, estamos passando recentemente pelas mudanças no código florestal brasileiro que mobilizou vários setores da economia do país, discutindo amplamente cada detalhe do mesmo.
Observou-se um embate principalmente entre os chamados ruralistas ou produtores rurais (pequenos, médios e grandes) e os ambientalistas, cada um defendendo o seu ponto de vista. Observou-se também o grande crescimento do setor de celulose e papel bem como do setor de chapas de madeiras e produtos sólidos ou madeira serrada, de Pinus e de Eucalyptus.
Um assunto muito importante e, que, começou a entrar na pauta das discussões do empresariado florestal brasileiro é a implantação de florestas adensadas de eucalipto, de curta rotação para a produção de biomassa para energia, principalmente de pellets para exportação. Ao reunir de dois em dois anos, os principais dirigentes das empresas florestais brasileiras, e de algumas internacionais, o Madeira contribuiu para trazer as discussões para um fórum de alto nível e de onde saíram sugestões que nortearam a política florestal brasileira.
2) RS – Dentro de um conceito sustentável, como a senhora avalia a atuação da indústria de base florestal hoje no país?
JR – A indústria de base florestal brasileira vem se desenvolvendo ao longo dos anos e está entre as mais competitivas do mundo. Contribuem para isso as tecnologias desenvolvidas por nossos pesquisadores e as condições climáticas favoráveis à produtividade. As empresas do setor também estão cada vez mais focadas na sustentabilidade, buscando assegurar a produção de madeira no longo prazo, atentas aos aspectos econômicos, ambientais e sociais.
3) RS – Quais são, na sua opinião, os principais desafios desse segmento na área de responsabilidade socioambiental?
JR – O desafio do setor é suprir a demanda futura por produtos da indústria de base florestal, colaborando para a preservação ambiental, a inclusão social e a viabilidade econômica. Inovação e competitividade, para que as demandas madeireiras sejam atendidas, os desmatamentos se reduzam e a geração de empregos e renda cresça no setor florestal, com sustentabilidade.
4) RS – O Brasil sediou no último mês a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. Na sua opinião, houve resultados concretos?
JR – A Rio +20, uma vitrine global, proporciona discussões importantes como a erradicação da pobreza. O setor de celulose e papel defendeu duas questões que certamente entrarão na pauta de toda a cadeia de florestas plantadas, celulose e papel nos próximos anos: a valorização do carbono florestal e a biotecnologia arbórea.
Mas o trabalho de envolvimento de todos os stakeholders em torno das questões não se esgotou com o evento, prova disso é o Madeira 2012. O setor continua reunido, discutindo, evoluindo para apontar ações no sentido de assegurar o avanço dessas discussões.
5) RS – Na sua avaliação, se comparada a Eco 92, a Rio +20 trouxe mais avanços ou retrocessos?
JR – Toda discussão traz avanços e a Rio+ 20 não foi diferente. Qualquer fórum que suscite discussões importantes para o futuro da humanidade tem a sua relevância. O desafio é manter os assuntos discutidos na ordem do dia e colocar em prática as ideias levantadas.
6) RS – Qual o seu entendimento do termo ‘responsabilidade social’?
JR – Responsabilidade social envolve a construção de relações com os diversos atores com os quais interagimos, os chamados stakeholders. Essas relações passam por ações como estimular o crescimento sustentável, o protagonismo e a autonomia das comunidades. A responsabilidade social é uma prática que já foi incorporada pelo setor produtivo brasileiro preocupado não apenas em produzir com eficiência, mas também em contribuir com o bem-estar das comunidades.
Jussara Ribeiro – Telefone: (31) 3225-1116 ou (31) 3221-9241
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