
Equipe do Instituto Brasileiro de Florestas trabalha na manutenção das mudas do viveiro do projeto Sementes do Trabalho
Instituto no Paraná desenvolve projetos para compensar emissões de CO2 e gera renda em comunidades indígenas
O combate contra o aquecimento global se tornou um negócio promissor e já movimenta recursos da ordem de US$ 120 bilhões em todo mundo. Trata-se de uma série de iniciativas, que vão desde a elaboração de projetos com Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) até um sofisticado mercado de negociação de crédito de carbono. No Brasil, não faltam iniciativas nesse sentido. Dados de janeiro deste ano do Ministério de Ciência e Tecnologia apontam que o país tem 5.712 projetos de MDL cadastrados, suficiente para colocá-lo na terceira posição do ranking mundial, atrás somente da China e Índia.
Em Londrina, no Paraná, o Instituto Brasileiro de Florestas (Ibflorestas) tem apostado nesse novo mercado com o intuito de proteger florestas nativas da Mata Atlântica e reflorestar áreas degradadas. A instituição sem fins lucrativos desenvolve projetos socioambientais para empresas que tenham interesse em compensar suas emissões de CO2. No mercado há quatro anos, a entidade hoje conta com mais de 3 mil agentes, entre parceiros, associados e clientes.
O instituto atende empresas de todos os portes, principalmente das áreas de transporte, indústrias químicas e cooperativas agrícolas. Segundo a entidade, até mesmo as pequenas corporações já perceberam a importância de aderir a esse movimento verde. Mesmo com projetos menores e pontuais, como o plantio de árvores, elas respondem por 35% da demanda do instituto.
Entretanto, o diretor de Desenvolvimento Institucional do Ibflorestas, Higino Martins Aquino Jr., destaca que a vocação do instituto não é comercial. “Primeiramente não recebemos doações de empresas públicas e não recebemos doações a título de dedução fiscal. As empresas parcerias tem de ter objetivos alinhados com o nosso. Não é interessante, por exemplo, nos relacionarmos com corporações que procuram selos ambientais “de fachada”. Se a empresa se identifica com a causa e quer investir em ações socioambientais, criamos soluções adequadas ao seu perfil”, pontua.
Para ele, o voluntário de carbono no Brasil está passando por uma fase de profissionalização e já é possível observar o crescimento de pequenas e médias empresas atuando nesse segmento. “É preciso melhorar os modelos teóricos de inventário de emissões e elaborar mais pesquisas quanto o sequestro de CO2 das árvores. Penso que o foco do mercado de carbono deverá procurar a preservação do meio ambiente com projetos sociais regionais”, diz.
No ano passado, a entidade produziu 3,6 milhões de mudas e começou 2010 com estrutura para 12 milhões de árvores. “Realmente o mercado tem nos impulsionado. Outra ajuda importante são as de pessoas físicas que nos contratam para plantar árvores para neutralização de suas emissões de CO2. Essa atividade irá aumentar muito”, completa.
Com três formatos fechados de projetos, o instituto também tem uma preocupação social, com a geração de trabalho e renda. Nas iniciativas “Sementes do Trabalho” e “Viveiro Familiar”, a entidade trabalha em parceria com comunidades indígenas e agricultores familiares na coleta de sementes nativas. A proposta é modificar os hábitos extrativistas das comunidades e proporcionar uma fonte de trabalho auto-sustentável.
No “Sementes do Trabalho”, por exemplo, as famílias beneficiadas recebem equipamentos e materiais de coleta para a realização da atividade proposta. Também recebem capacitação técnica para o processamento e limpeza do material coletado, que é destinado à produção de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica.
Segundo Higino Aquino, hoje o projeto mais procurado é o de doação de mudas. Mas ele alerta sobre a necessidade de mostrar para as empresas como atuar de maneira responsável. “Somos totalmente contrários a distribuição de árvores nas ruas, pois não é possível determinar como elas ficarão”, diz.
Para ele, o ideal é que essas corporações façam um trabalho de conscientização com a população e distribua as sementes para proprietários rurais, que precisam recuperar áreas de Mata Ciliar. “Atualmente o Ibflorestas tem uma fila de mais de 3 mil proprietários cadastrados interessados em receber mudas gratuitamente para recuperar suas nascentes e beira dos rios, o representa mais de 5 milhões de árvores. Então não faz sentido doar mudas nas ruas sem critérios de avaliação ou cadastro”, completa.
Guia
Atentos a crescente demanda pela busca de projetos de carbono, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Biofílica Investimentos Ambientais, lançaram nesta semana o ‘Guia para a elaboração de projetos de carbono e projetos ambientais”. A publicação é resultado da experiência prática do instituto a partir do desenvolvimento do programa de atividades sobre climas e serviços ambientais e de estudos aprofundados do assunto, por parte das duas organizações.
Disponível no endereço http://www.imaflora.org, o documento traz informações sistematizadas e organizadas de maneira a orientar a elaboração de iniciativas na área. “Trata-se de um manual operacional, dirigido aos profissionais que tem interesse em elaborar ações nesse sentido. Na publicação, buscamos definir o formato do projeto bem como as informações precisam ser consideradas”, explica Maurício Voivodic, engenheiro florestal do Imaflora e co-autor do guia.
Instituto Brasileiro de Florestas – Tel.:(43) 3324-7551 e Imaflora – Tel.: (11) 3815.8162
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