
Renata Truzzi, diretora da NESsT
Evento reúne agentes do universo financeiro interessados numa forma financeiramente sustentável
O ambiente brasileiro é extremamente propício para negócios sociais, embora ainda sejam necessárias algumas definições e atualizações na regulamentação do país. A avaliação é da Renata Truzzi, diretora da NESsT, uma incubadora de negócios sociais criada no Chile há 15 anos e que atua em outros nove países.
Por iniciativa da instituição, o Rio de Janeiro recebeu neste mês, entre os dias 16 e 18, a quinta edição do Fórum Mundial de Negócios Sociais (SEWF). Trata-se do maior evento global com foco no desenvolvimento de empreendimentos que aplicam práticas de mercado para resolver problemas sociais, econômicos e ambientais.
Participaram cerca de 150 palestrantes do Brasil e do exterior, que discutiram os melhores exemplos e modelos de empresas sociais, tendências e desafios com delegados de mais de 30 países. Com o tema “Empresa Social: Investir no impacto”, o encontro buscou atrair novas fontes de investimento que geram, além de lucros, benefícios sociais para as comunidades nos países de mercados emergentes.
De acordo com os organizadores, a proposta foi estimular o mercado de capitais para apoiar empresas criadas para promover um propósito social de uma forma financeiramente sustentável. “O evento foi capaz de conectar o universo financeiro de empresas de private equity e venture capital, investidores, bancos e instituições financeiras, interessados em novas possibilidades e oportunidades, com o modelo dos negócios sociais”, diz Renata Truzzi.
Além das palestras, o SEWF incluiu oficinas de capacitação em negócios sociais, clínicas para afiar as habilidades dos participantes de gestão e uma feira para expor mercados nesse modelo. Também foram realizadas visitas de campo a lugares como o Complexo do Alemão, Floresta da Tijuca e Rocinha.
O potencial brasileiro para o mercado social pode ser exemplificado, de acordo com Renata Truzzi, pela forte participação de fornecedores de serviços e produtos oriundos de negócios sociais das cinco regiões do país durante o SEWF, que atingiu 75%. “Outro exemplo interessante é o contínuo crescimento do número de jovens no setor com a participação em eventos e congresso, além do objetivo de empreenderem empresas sociais como objetivo profissional”, completa.
Ainda segundo ela, o modelo de negócios sociais no país passa por uma fase de estruturação e expansão dos primeiros casos de sucesso. Para alavancar a área é necessário, de acordo com ela, além de um marco regulatório eficiente, a definição de regras específicas adaptadas às peculiaridades desse modelo e o acesso ao capital financeiro para a implementação de novos projetos.
“A partir da definição de uma legislação específica para o setor, será possível ter um crescimento ainda mais acelerado em relação a projetos em diferentes temáticas aproveitando situações e oportunidades para os próximos anos, como os grandes eventos, principalmente esportivos, que serão realizados no Brasil”, pontua.
NESsT
A incubadora tem sido pioneira em empresa social desde 1997, com atuação no Brasil a partir de 2007. A organização já formou 3,8 mil organizações em mais de 48 países sobre os princípios e ferramentas de planejamento de negócios sustentáveis, gestão financeira, operações, marketing, entre outros.
“A NESsT, como catalizadora de negócios sociais, atua e facilita a estruturação de novas empresas sociais através de um modelo de competição de plano de negócios, com aporte monetário e capacitação gerencial, além de acompanhamento por três anos dos vencedores em seu portfólio de incubação”, explica Renata Truzzi. Para se ter uma ideia, a instituição já investiu recursos da ordem de US$ 8 milhões no desenvolvimento 120 empresas sociais.
No Brasil, são 11 organizações no portfólio de incubação atualmente. Para 2013, os principais objetivos são fortalecer a gestão e a implementação dos projetos, “além de proporcionar meios para o crescimento e escalonamento dos mesmos”, anuncia a diretora da instituição.
NESsT: www.nesst.org
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