
Crianças participam da oficina de artesanato
A vice-presidente da Ramacrisna, Solange Bottaro, apresenta um balanço da instituição social que completa 54 anos este mês. Instalada em Betim, Minas Gerais, a entidade tem como missão transformar vidas por meio de soluções em educação e profissionalização e beneficiou mais de sete mil pessoas diretamente somente no ano passado.
“Temos por objetivo promover a assistência social, educação, profissionalização, cultura, conscientização ecológica, lazer e esportes a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, moradores em bairros de periferia e zona rural da cidade de Betim”, detalha Solange em entrevista exclusiva para o Responsabilidade Social.
Para manter um atendimento de qualidade, de forma continuada e segura, a instituição aposta na aplicação de estratégias de gestão, o que tem garantido a autossustentabilidade financeira. “A Ramacrisna vem, desde 1994, desenvolvendo parcerias a fim de aprimorar seu processo de gestão, pois acredita que assim otimiza a utilização dos recursos disponíveis o que repercute no atendimento de seus beneficiários, atingindo níveis de excelência”, destaca.
A instituição atende pessoas em situação de vulnerabilidade social, de 6 a 80 anos, moradores em bairros de periferia da cidade de Betim, priorizando os moradores da regional de Vianópolis, área rural da cidade. “Acreditamos que a diminuição da pobreza passa pela elevação da escolaridade e qualificação profissional das pessoas”, lembra. A Ramacrisna também beneficia 317.196 pessoas em todos os bairros da cidade em ações de saúde preventiva e alimentação de qualidade a baixo custo.
1) Responsabilidade Social – A Ramacrisna completa 54 anos com uma marca de autossustentabilidade. Como a instituição conseguiu alcançar esse patamar?
Solange Bottaro – A Fábrica de Massas Caseiras e a Fábrica de Telas de Arame tornaram a instituição conhecida no Brasil como entidade do terceiro setor referência em projetos de autossustentabilidade. Essa proposta inovadora do fundador da instituição, Arlindo Corrêa da Silva, teve início na década de 1970. Ele percebeu que a inconstância no recebimento de donativos levava à insegurança no atendimento às crianças e adolescentes. O professor promoveu, então, a criação de dois negócios em áreas diferentes, que, em sua sazonalidade, injetavam recursos para manter um atendimento de qualidade, de forma continuada e segura.
A ampliação da Fábrica de Telas em 2012, com dois novos maquinários automáticos, permitiu aumentar a produção com maior qualidade do produto: uma nova tecnologia gerando inclusão social. A parceria com a Vilma Alimentos propiciou o aumento da produção das massas e do número de crianças atendidas pela instituição.
E ainda a parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) permitindo assim, a Ramacrisna melhora do seu processo de gestão e a qualificação de seus colaboradores, cujo efeito é a otimização do uso dos recursos. A aplicação de estratégias de gestão resulta em ações de maior qualidade e mais impacto nas comunidades atendidas pelos projetos: as unidades produtivas arcam com parte das despesas da instituição e o restante dos recursos é obtido por meio de parcerias com órgãos públicos, empresas privadas e pessoas físicas.
2) RS – Como o trabalho da Ramacrisna evoluiu ao longo desses anos?
SB – A visão inovadora do fundador foi um dos pioneiros em ações de autossuntentabilidade entre as organizações do terceiro setor. Essa decisão audaciosa e corajosa para a época foi o principal instrumento no desenvolvimento da instituição, pois não só promoveu um melhor equilíbrio financeiro, como foi o principal desencadeador da profissionalização dos processos de gestão, que atualmente chama a atenção das instituições. Outro diferencial é o investimento em ações de comunicação, que deram visibilidade aos projetos e aos impactos causados na vida das pessoas e das comunidades atendidas.
3) RS – Quanto a instituição investiu nos projetos desenvolvidos ao longo de 2012?
SB – Em 2012, foram investidos mais de R$ 44 milhões. Com essa verba, mais de sete mil pessoas foram beneficiadas diretamente pelas ações, projetos e atividades desenvolvidos pela instituição. Foram oferecidos 14 cursos de qualificação profissional para mais de 490 jovens e adultos, além de 287 adolescentes atuando como aprendizes em 52 empresas das cidades de Betim, Brumadinho, Contagem, Esmeraldas, Igarapé, Itaúna, Juatuba, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas e Sarzedo.
4) Qual a meta de investimento ou orçamento previsto para 2013 e quais projetos serão priorizados?
SB – A previsão de investimento é da ordem de R$ 45 milhões. Serão priorizados o programa Adolescente Aprendiz – Profissionalizantes, as atividades culturais, além das ações de consolidação da autossustentabilidade econômica da instituição.
5) RS – Quais as metas da Ramacrisna para 2013? Na sua avaliação, quais os principais desafios da instituição na próxima década?
SB – Neste ano, pretendemos melhorar a qualidade do atendimento oferecido. Nosso maior desafio é a ampliação da autossustentabilidade, que se traduz em segurança e qualidade nas ações desenvolvidas.
6) Como a Ramacrisna espera trabalhar para manter o nível de excelência conquistado ao longo de mais de cinco décadas?
SB – A Ramacrisna vem, desde 1994, desenvolvendo parcerias a fim de aprimorar seu processo de gestão, pois acredita que assim otimiza a utilização dos recursos disponíveis o que repercute no atendimento de seus beneficiários, atingindo níveis de excelência. A participação de voluntários e do Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] foi fundamental nessa busca inicial de conhecimento e transformação.
Em 2005, a RM Sistemas, atual TOTVS, doou à Ramacrisna um sistema ERP de gestão que integra todo o processo administrativo, proporcionando mais organização à instituição e disponibilizando, em tempo real, as informações necessárias a tomadas de decisões rápidas e objetivas, permitindo, assim, ao Conselho Deliberativo, Fiscal, parceiros e colaboradores acompanharem o desempenho da instituição com total transparência.
A partir de 2008, a Ramacrisna uniu-se à Fundação Dom Cabral, uma das dez melhores escolas de negócios do mundo e 1ª na América Latina, pelo ranking da Financial Times visando potencializar as estratégias de gestão da instituição. A POS – Parceria com Organizações Sociais, programa da FDC, baseia-se na construção conjunta de conhecimento por meio da troca de experiências entre organizações e empresas, sempre com a monitoria in loco de professores da instituição.
Ramacrisna – Telefone: (31) 3596-2828
Também nessa Edição :
Entrevista: Rosangela Coelho
Artigo: Sustentabilidade no Mercado Segurador
Notícia: Estados da Amazônia Legal propõem plano estratégico para a região
Notícia: Energia sustentável
Notícia: Investimentos em energia limpa caíram 11% em 2012, aponta estudo
Oferta de Trabalho: Procura-se (02/2013)
Leave a Reply