
Com uma rede de centenas de ouvintes em mais de 20 países, o Programa Visão Social completa neste ano dez anos de atuação. Fruto de uma iniciativa da jornalista Cris Guimarães e de outros profissionais de comunicação, o programa é veiculado toda sexta-feira pela Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na frequência AM 1080 Khz. Também é reprisado às terças-feiras pela Rádio Tom Social, de São Paulo, pertencente ao Grupo Editorial Revista Filantropia.
Todas as edições ainda estão disponíveis no site da iniciativa, no endereço http://www.visaosocial.inf.br. A ideia é divulgar o tema responsabilidade social e ampliar o acesso a dados sobre o assunto. Na entrevista, Cris faz um balanço desses dez anos, avalia a cobertura jornalística sobre a temática e antecipa os planos do programa para o futuro. Ela é diretora e apresentadora do programa e presidente do Instituto Visão Social, criado em 2010. Confira.
1) Responsabilidade Social – O Programa Visão Social completa, em 2012, uma década de existência. Como você avalia a atuação do programa ao longo desse período?
Cris Guimarães – Quando iniciamos o programa, lá em agosto de 2002, quase ninguém falava sobre o assunto. O eixo Rio/São Paulo eram as referências que tínhamos aqui no Sul, então, de certa forma, apesar de ser um projeto gaúcho, muitos de nossos entrevistados nesse começo eram dessas localidades. Foi uma fase de muita pesquisa, leituras e capacitações.
Começamos, sempre voluntariamente, a cobrir todos os eventos da área social e ambiental e a assim fizemos a nossa agenda local também e o universo dos três setores foi se desvendando. Foi uma fase de descobertas, muito aprendizado e de fortes alianças que temos até hoje.
2) RS – Quais os principais resultados que podem ser apresentados?
CG – Uma rede de centenas de ouvintes em mais de 20 países. Também podemos destacar o pioneirismo e a inovação de termos começado esse trabalho voluntário que amamos fazer, lá em 2002, quando quase ninguém sabia o que era essa tal de ‘responsabilidade social’. Não podemos deixar de citar o reconhecimento dos nossos ouvintes, as parcerias e amizades que conquistamos nessa caminhada.
Vale citar ainda a criação do Instituto Visão Social, um sonho bem antigo que conseguimos realizar no final de 2010. Outro importante resultado, em 2011, foi a parceria com a Rádio Tom Social, de São Paulo, pertencente ao Grupo Editorial Revista Filantropia, que nos procurou com o interesse de veicular o programa. Assim, desde o ano passado o Visão Social reprisa na íntegra todas as terças-feiras, às 10h40min na rádio (http://www.tomsocial.com.br).
Participamos de comissões de indicação e avaliação de importantes prêmios na área como, por exemplo, o Top Ser Humano e Top Cidadania da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH/RS) e o Prêmio Líderes e Vencedores, da Federsul. Também conquistamos clientes para nossas consultorias pela expertise adquirida.
3) RS – Na sua opinião, como a pauta ‘responsabilidade social’ evoluiu nesses dez anos?
CG – Sim, evoluiu, mas precisa ir mais adiante. Tem que estar no DNA da empresa e começar de dentro para fora. Deve ser incorporada no planejamento estratégico, com ações que envolvam todos os colaboradores, o que vai fomentar uma mudança de cultura nesses cidadãos na empresa, na sua casa, na escola, faculdade e por aí vai.
4) RS – Quais os avanços e os retrocessos que podem ser apontados?
CG – Os avanços foram importantes porque hoje, seja pelo ‘marketing’ ou pelos valores da empresa já se tem mais envolvimento das empresas e indivíduos no sentido de serem socialmente responsáveis. O avanço do Terceiro Setor também alavancou projetos e programas de voluntariado, de cidadania corporativa o que fomentou ainda mais o conceito e a mudança de olhar para a área social.
Quanto aos retrocessos, na minha leitura não vejo retrocessos, mas sim a falta de mais avanços, principalmente falando do poder público e empresas de menos porte, pois muitas dessas por acreditar que não têm recursos para investir no social extra muros, acabam não desenvolvendo nenhuma ação, projeto ou programa. Porém, o Terceiro Setor está aí para mostrar como fazer bons projetos com muito pouco recurso.
Com relação aos governos, falta mais vontade política de implementar programas de Estado e não de governos, por meio de políticas públicas que possam dar condições de desenvolvimento aos cidadãos em vulnerabilidade e não deixando-os reféns desse ou daquele programa. Desenvolvimento com sustentabilidade e liberdade.
5) RS – Para você, quais os principais desafios para a cobertura sobre essa temática na próxima década e qual o papel do Visão Social nesse contexto?
CG – Acho que a cobertura na área ambiental e social melhorou e muito, mas ainda não podemos destacar muitos jornalistas ‘setoristas’ dessas áreas, o que é muito ruim. Por exemplo, existem alguns veículos que não têm um jornalista que trabalhe com a pauta social e, na hora de cobrir um evento ou demanda dessa área, ficam como que ‘perdidos’, pois não sabem muito bem do que vão falar, qual a melhor terminologia para referir um assunto envolvendo o ator social e por aí vai.
Portanto, o desafio da próxima década é que as universidades e as próprias empresas jornalísticas invistam em capacitações nesses segmentos para seus colaboradores. E o Programa Visão Social vai continuar com seu trabalho sério, sempre inovando e aprendendo muito nessa trajetória, ampliando cada vez mais seu conhecimento e parcerias na divulgação de projetos, programas e eventos socioambientalmente responsáveis, pois acreditamos que os modelos existentes devem balizar outras empresas, governos e cidadãos para também fazerem a sua parte.
6) RS – Quais são as metas do Visão Social para este ano?
CG – Consolidar os projetos do Instituto Visão Social nas áreas da defesa dos direitos dos animais, das crianças, idosos e deficientes. Também pretendemos veicular o Programa Visão Social em uma rádio comercial (AM) para potencializar a discussão sobre a responsabilidade socioambiental nos três setores entre este público de empresários e formadores de opinião.
7) RS – Qual o seu entendimento do termo responsabilidade social?
CG – Apesar de muitos conceitos desse termo nos levarem a uma explicação que nos remete à responsabilidade social corporativa, acredito que a responsabilidade social vem bem antes. Ela é individual e deve estar no DNA do cidadão. É base de sua formação educacional e de caráter. É ser cidadão, solidário, engajado e preocupado com o que acontece fora de sua zona de conforto. É pensar no coletivo, querer o bem do próximo, seja ele um ser humano, um animal, uma planta e fazer algo para isso. Para mim, esse é o conceito mais simples e que gera resultados mais impactantes do ‘ser socialmente responsável’, até porque governos e empresas têm por trás de suas mesas e cargos de relevância cidadãos.
Visão Social – Telefone: (51) 9806-6234
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