Matéria publicada na edição de 3 de agosto da revista Veja o jornalista Marcelo Sakate trata sobre a frustração de Bill Gates com a educação. Não existe instituição filantrópica com a envergadura financeira da Fundação Bill & Melinda Gates, administrada pelo criador da Microsoft e por sua mulher. Conhecida por seu trabalho para combater a miséria e moléstias em países pobres, especialmente na África, a organização possui ativos que somam 37 bilhões de dólares. Em 2010, destinou 2,6 bilhões de dólares para projetos sociais, mais do que qualquer outra fundação no mundo.
Embora não tão difundida, uma de suas metas é melhorar a qualidade do ensino público nos Estados Unidos, com investimento que supera 5 bilhões de dólares para projetos educacionais e bolsas de estudo desde 2000. Mais que dinheiro, Gates quis levar à filantropia a sua experiência empresarial, na tentativa de ampliar a eficácia dos recursos investidos. O empresário, no entanto, começa a perceber que seus feitos, nesse campo, têm ficado abaixo de suas expectativas.
Na semana passada, fez um desabafo numa entrevista ao “The Wall Street Journal”: “Aplaudo aqueles que fazem doações para a educação pública, mas, infelizmente, isso não tem produzido resultados significativos”.
Uma das principais iniciativas da Fundação Gates na área foi a criação de vinte escolas de pequeno porte, em diferentes cidades americanas, que serviram de laboratório para um ensino que acompanhasse os alunos mais de perto. O índice de ingresso no ensino superior melhorou 10%. “Não vimos impactos significativos nessa iniciativa e fazemos mea-culpa”, afirmou. Ainda segundo Gates, “o alcance da filantropia não deve ser superestimado”. O setor público gasta, ao ano, 600 bilhões de dólares com educação. Enquanto isso, todo o valor já desembolsado por fundações nessa área não chega a 10 bilhões.
A frustração de Gates revela quão difícil é reestruturar o ensino público. Diz o economista Naercio Menezes Filho, do Insper: “Uma ideia inovadora e que possa ser replicada em larga escala é o caminho para o sucesso empresarial. Foi assim com o Windows. Mas, na educação, os insumos são pessoas. Cada aluno reage à sua maneira. Cada um tem sua formação, sua família. Por melhor que seja uma ideia, nem sempre obtém o resultado esperado”.
Para a educadora Maria Helena Guimarães de Castro, titular do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, a despeito do alcance limitado, as fundações podem contribuir para subsidiar a pesquisa. “Existem intervenções que podem levar sem dúvida à melhoria da qualidade do sistema. Por exemplo, formar professores e criar métodos de avaliação de desempenho”, afirma Maria Helena. A saída para Gates, portanto, será reavaliar suas metas e estratégias.
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