Yvânia Gabriel

Colaboradores da Fucapi promovem ações sociais no Abrigo Monte Salém, que atende crianças abandonadas e vítimas de maltratos domésticos

Criada em 1982, a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) tem entre suas principais características a busca pela inovação em todas as áreas de atuação. Empresa privada, sem fins lucrativos sediada em Manaus (AM), a fundação surgiu para contribuir para o desenvolvimento da pesquisa, a oferta de serviços tecnológicos e para o incremento da competitividade de empresas e organizações na região amazônica. Hoje é referência no Estado em tecnologia e em educação, mas sem deixar de lado a preocupação com a sociedade e com o meio ambiente.

Em entrevista exclusiva, a gestora de Responsabilidade Social da Fucapi, Yvânia Gabriel, ressalta as principais ações da fundação, a importância do tema para a instituição, apresenta um balanço das atividades nos últimos cinco anos e fala sobre o lançamento do programa de voluntariado Amigos da Comunidade. Acompanhe.

1) Responsabilidade Social – O que a Fucapi entende por Responsabilidade Social?
Yvânia Gabriel – Para nós é mais que uma postura legal baseada em valores éticos, promoção do desenvolvimento sustentável da região, prática da filantropia e apoio às comunidades carentes. Significa, sobretudo, mudança de comportamento para atitudes mais positivas focadas na qualidade das relações e na formação de valor para todas as partes interessadas.

2) RS – De que maneira a Fucapi consegue recursos para aplicar em ações de socialmente responsáveis?
YG – A Fucapi possui um percentual voltado para as ações sociais, mas também conta com a contribuição de parceiros, amigos e colaboradores.

3) RS – Quantas pessoas já foram beneficiadas até os dias atuais?
YG – Nos últimos cinco anos, considerando todos os nossos programas sociais, beneficiamos em torno de 9,2 mil pessoas.

4) Há quanto tempo a Fucapi realiza ações de responsabilidade social e quantos programas sociais existem atualmente?
YG – As ações com foco em responsabilidade social existem desde 1988, mas atualmente existem quatro grandes programas sociais. O primeiro deles, que existe desde 2005, é o Clica Comunidade, que busca proporcionar a inclusão sociodigital gratuita às comunidades.

O segundo deles é o Viva as Férias, que acontece desde janeiro de 2005. Esse programa proporciona atividades de esporte e lazer aos familiares no período de férias escolares, como parte do seu desenvolvimento pessoal e social e como exercício para a conquista da cidadania. São 750 jovens, com idade entre 4 e 18 anos, que participam de oficinas de esportes e outras atividades, desde aulas de origami até minicursos de informática.

O terceiro programa, criado em janeiro de 2008, é o Amigos da Natureza, que atua na conscientização de crianças de 8 a 13 anos sobre problemas ambientais, buscando envolvê-los com o futuro sustentável do planeta. No total foram instruídas 88 crianças durante as férias escolares. Os temas abordados são a importância da água, a coleta seletiva, a reciclagem e a preservação da Amazônia. Todos os anos, ao final do programa, as crianças fazem um juramento onde se comprometem a colaborar com todas as ações que visem preservar o meio ambiente e recebem um diploma que os certifica como Amigos da Natureza.

O último programa é o Prêmio Fucapi Solidária, que busca promover o engajamento dos colaboradores em ações sociais, estimular ações sociais em equipe, desenvolver o espírito de solidariedade e arrecadar donativos para instituições carentes.

5) RS – Qual o principal projeto da fundação hoje?
YG – O nosso “carro-chefe” é o Programa Clica Comunidade, que visa, principalmente, a inclusão digital em comunidades carentes com as quais trabalhamos. O programa possibilita que essas pessoas tenham acesso à informática, por meio de cursos totalmente gratuitos que vão do nível básico ao avançado. Fruto desse programa, o Telecentro foi inaugurado em 2005 e se define como uma sala de aula totalmente informatizada localizada nas dependências da Pestalozzi, que contém computadores e demais equipamentos onde são ministradas as oficinas.

São oferecidos cursos de informática básica e avançada em software livre; noções básicas de lógica de programação; tópicos de redação empresarial; e formação de instrutores comunitários. Desde novembro de 2005 já foram capacitadas 1.940 pessoas.

O programa atende seis comunidades, que são: Betânia, Lagoa Verde, Mauazinho, Santa Luzia, São Joaquim e São Lázaro onde são oferecidos cursos de informática básica e avançada em software livre, noções básicas de lógica de programação, tópicos de redação empresarial e formação de instrutores comunitários. Além das comunidades citadas, o programa atende a Associação dos Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa), a Associação de Capacitação, Emprego e Renda para Portadores de Deficiência do Amazonas (Acerpam), o Centro Estadual de Referencia e Apoio a Mulher (Cream) e as Voluntárias Cisne Branco.

Trimestralmente são realizadas reuniões com os líderes comunitários onde são expostas as necessidades das comunidades e outras atividades como encaminhamento e cadastro de alunos, acompanhamento de frequência e notas, avaliações de cursos, entre outros. Os cursos oferecidos já formaram muitas pessoas que conseguiram uma colocação no mercado de trabalho e hoje são instrutores voluntários. Alguns alunos que nós formamos através do Programa Clica Comunidade tornaram-se instrutores voluntários e hoje ministram cursos para a comunidade.

Segundo pesquisa que fizemos 44,67% desses alunos tiveram a possibilidade de conhecer o computador e seu funcionamento pela primeira vez; 28,28% adquiriram melhores condições de conseguir emprego; e 27,05% fortaleceram os conhecimentos adquiridos.

6) RS – A Fucapi tem mais algum projeto em andamento?
YG – A novidade em 2011 é o programa de voluntariado Amigos da Comunidade, que envolve os colaboradores e seus familiares, alunos, fornecedores e clientes da fundação a praticarem ações voluntárias nas comunidades carentes de Manaus. O objetivo desse programa é exercer atividades voluntárias, de modo que haja transferência de conhecimentos, habilidades e competências adquiridas aos membros de comunidades menos favorecidas.

Para isso, a ideia é formar um banco de dados a partir de informações dos colaboradores voluntários, dando-lhes a oportunidade de, por meio de seus conhecimentos ou qualificação, praticar ações voluntárias, incentivando o exercício da cidadania solidária.

Por meio do programa, a Fucapi pretende semear nos seus colaboradores e familiares, bem como nos demais públicos envolvidos nas atividades, o trabalho voluntário engajado e comprometido, por intermédio do conhecimento de outras realidades que permita a cada um deles a utilização de talentos, habilidades e potenciais em prol dos mais necessitados.

O programa é composto por várias atividades, tais como palestras, cursos, minicursos e oficinas motivacionais, atividades lúdicas e criativas, e visitas a museus, exposições e bosques, de modo que o público possa conhecer e valorizar a cultura e o meio ambiente.

Além de contribuir para a promoção da cidadania, por meio da circulação de informações de diversas áreas do conhecimento, as comunidades carentes têm a oportunidade de melhorar as condições de educação, socialização, capacitação para o mercado de trabalho e qualidade de vida.

7) RS – Como é a dinâmica do Prêmio Fucapi?
YG – A iniciativa tem a finalidade de promover o engajamento dos colaboradores da fundação e desenvolver o espírito de solidariedade. Implantado em 2008, o 1º Prêmio Fucapi Solidária é uma disputa saudável entre o Departamento de Tecnologia (Detec), Departamento de Educação (Deped) e a Presidência (Pres), as três grandes áreas que envolvem todos os setores da fundação. Vence o departamento que totalizar mais pontos com a arrecadação de donativos e em horas de atuação voluntária nas instituições carentes de Manaus.

Podem participar os colaboradores, estagiários, bolsistas, aprendizes e prestadores de serviços da fundação. Cada departamento deve formar equipe com pelo menos 10 participantes e as instituições beneficiadas são escolhidas por cada equipe antes do início da competição.

Em setembro teremos a 4ª edição da iniciativa. O prêmio é composto por quatro modalidades de arrecadação, em que cada item corresponde a uma pontuação. A primeira é a arrecadação de vestuário e artigos de casa. A segunda corresponde à arrecadação de brinquedos e gêneros alimentícios. A terceira modalidade é a arrecadação de recursos financeiros e a quarta, e mais importante, é a atuação voluntária, em que os participantes podem ministrar cursos e palestras educativas, oficinas de geração de emprego e renda e recreativas.

Para garantir a transparência da ação, foi criada uma comissão fiscalizadora, formada por um membro de cada equipe e da Responsabilidade Social. Eles têm a função de interpretar o regulamento do prêmio e zelar pela sua perfeita execução. Elaborar, determinar, observar e fazer cumprir os prazos e horários, julgar as infrações cometidas por cada equipe, conforme o regulamento.

A implantação e a manutenção dos programas desenvolvidos pela área de responsabilidade social reafirmam o compromisso da fundação em buscar o equilíbrio socioeconômico das comunidades das quais se relaciona, reforçando a imagem institucional da instituição como empresa-cidadã.

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