
Detentos da Penitenciária Industrial de Joinville ajudam na campanha realizada pela SDR Joinville que visa arrecadar e distribuir donativos aos desabrigados da região
Brasileiros se organizam para auxiliar vítimas das enchentes de Santa Catarina
Os desastres naturais que devastaram municípios de Santa Catarina têm motivado o espírito solidário do povo brasileiro. Por todo país, empresas, organizações do terceiro setor e pessoas físicas promovem ações para arrecadar roupas, alimentos, medicamentos e recursos financeiros. Segundo a Defesa Civil do estado, a tragédia já atingiu cerca de 70 mil pessoas, entre desabrigados, mortos e desaparecidos.
O setor supermercadista, por exemplo, iniciou uma enorme mobilização. Em campanha articulada pela Associação Nacional de Supermercados (Abras), em conjunto com a Associação Catarinense de Supermercados (Acats), o segmento espera arrecadar alimentos, agasalhos e água. “Em carta às nossas 27 regionais afiliadas, orientamos que as associadas entrem em contato com os supermercados da sua região e organizem a recepção e transporte das doações. Nesse momento de urgência, a logística de consolidação e transporte das cargas é muito importante, para que a ajuda chegue a salvo à Defesa Civil de Santa Catarina”, diz o presidente da Abras, Sussumu Honda.
Segundo ele, os empresários do setor foram orientados a mobilizar principalmente as grandes redes de supermercados para que façam parceria com as transportadoras. A experiência dos supermercados, em termos de logística de distribuição, pode contribuir para agilizar o socorro às vítimas.
Sensibilizados com a tragédia, especialistas do Instituto Foccus também ofereceram ajuda psicológica às vítimas. Os médicos Othon Vieira e Cláudia Sodré já organizaram um grupo de dez psicólogos para atuar nas regiões mais críticas, a critério do Governo do Estado. “A parceria do Foccus com a Abras acontece porque os supermercados estão, naturalmente, sempre próximos às comunidades, pulverizados pelas cidades. O atendimento será feito nos supermercados para que os psicólogos possam atuar diretamente junto às vítimas, uma vez que é praticamente impossível o deslocamento das pessoas de uma região para outra nas cidades atingidas”, diz Honda.
A situação crítica do estado mobilizou também 270 dos 360 detentos da Penitenciária Industrial de Joinville (PIJ), que desde segunda-feira (01/12), doam as marmitas do jantar para a refeição de famílias atingidas pelas enchentes. Segundo o diretor da instituição, Richard Harrison, a idéia partiu dos próprios presos e contagiou a todos pela solidariedade e união. Os presos preparam a refeição sob a supervisão de uma nutricionista e de duas cozinheiras. Já o fornecimento da comida é terceirizado e a empresa fornecedora utiliza a mão-de-obra dos presos. Outro grupo de dez detentos da PIJ, que cumprem detenção em regime semi-aberto, está auxiliando na organização dos donativos recebidos no ginásio de esportes da Escola Estadual Osvaldo Aranha.
Em Porto Alegre, os detentos do Presídio Central decidiram passar um dia sem se alimentar e doar todos os produtos que seriam consumidos para as vítimas das enchentes. Segundo a direção do presídio, a decisão partiu dos próprios presos. O jejum representará mais de uma tonelada e meia de alimentos como arroz, feijão, farinha de mandioca e milho.
Na opinião do secretário de Desenvolvimento Regional de Joinville, Manoel Mendonça, toda contribuição é bem-vinda, pois há milhares de famílias precisando de ajuda nesse momento tão difícil na reconstrução das casas. “É importante o engajamento de todos para que possamos ajudar os mais necessitados”, ressalta o secretário.
Entre as medidas anunciadas pelo governo federal, está a liberação de R$ 1,97 bilhão em ajuda para os estados afetados por calamidades, entre os quais o de Santa Catarina. A Caixa Econômica Federal também liberou recursos financeiros da ordem de R$ 1,5 bilhão, por meio de várias ações e operações de crédito, para ajudar a população do estado.
Dados da Defesa Civil apontam que um total de 11.987 profissionais e uma infra-estrutura de 2.449 equipamentos, entre helicópteros, aviões, máquinas e caminhões compõem o contingente humanitário e logístico em ação no estado. A força-tarefa conta com a maior parte dos voluntários – cerca de 4 mil – que atua nos abrigos e principalmente na triagem das doações, seguido pelo contingente policial (2 mil) e agentes de saúde, que entre médicos e enfermeiros somam 1,5 mil.
“É importante que as pessoas busquem informações antes de ir até uma Central de Arrecadação e Distribuição, já que em muitos pontos o número de voluntários é superior às necessidades, o que acaba prejudicando a organização das tarefas”, explica o gerente de Defesa Civil de Santa Catarina, major Emerson Neri Emerim. Ainda segundo ele, a ação dos voluntários é fundamental, principalmente, nos processos de armazenamento, triagem e distribuição de doações, assim, como em outras áreas de atuação, porém os trabalhos devem ser organizados. “Precisamos de voluntários conscientes”, afirma.
Até domingo (29/11), a Defesa Civil do estado havia entregue mais de 800 toneladas de alimentos nos municípios atingidos. Também foram distribuídos até agora, cerca de 1 milhão de litros de água e 60 toneladas de roupas, além de brinquedos e materiais. As doações aos atingidos pelas chuvas em Santa Catarina, por meio de nove contas bancárias abertas pela Defesa Civil Estadual, contabilizavam R$ 12 milhões, no dia 02 deste mês.
Para doar – Informações: 0800-482-020 ou através do site www.desastre.sc.gov.br
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