O responsável pelo gerenciamento da TerraCycle para o Brasil, Guilherme Brammer, acaba de criar uma empresa de projetos e soluções de logística reversa para atender a indústria brasileira. Batizada de GreenBusiness, a instituição pretende aproveitar o potencial do mercado de gerenciamento de resíduos industriais, gerado a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A proposta é facilitar o encaminhamento dos resíduos industriais até os processos de reciclagem, que hoje no Brasil apresentam ociosidade em sua capacidade produtiva pela falta de uma coleta seletiva mais eficiente. Entre os programas e ações previstos para o início das atividades da empresa estão o fomento da coleta de resíduos para a reciclagem mecânica, projetos que vão envolver capacitação para a produção de móveis feitos com produtos de reciclagem, compra e venda do lixo reciclável online, soluções de consumo colaborativo, entre outros.
Além da área de negócios, a GreenBusines também terá forte atuação em comunicação. Brammer mantém um programa na rádio IdeiaFM (http://www.inovacaoverde.com.br/podcasting/), no qual entrevista empresarios, ambientalistas e formadores de opinião ligados ao mundo da sustentabilidade. Há também projetos para um reality show em canal aberto e a publicação de um livro, ainda a serem definidos.
Em entrevista exclusiva para o Responsabilidade Social.com, Brammer fala sobre os principais gargalos do Brasil para o gerenciamento de resíduos sólidos e como a instituição poderá atuar nesse sentido e anuncia as principais metas da empresa para 2011. Confira:
1) Responsabilidade Social – Qual foi a principal motivação para a criação da GreenBusiness?
Guilherme Brammer – Sempre fui muito prático em minha vida e achava que faltavam projetos que o consumidor pudesse envolver-se e fazer parte efetivamente e com a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) assinada em agosto de 2010, várias empresas nos procuraram na TerraCycle para ajudar com os resíduos gerados em seus processos industriais e também pós-consumo.
O mercado de reciclagem no Brasil já movimenta R$ 10 bilhões e com a nova política isso irá aumentar exponencialmente. No modelo TerraCycle, já estamos ajudando grandes empresas de consumo a darem um opção aos seus consumidores, com os novos projetos queremos ajudar o mercado BtoB a achar soluções melhores para seus resíduos.
2) RS – Quais, na sua opinião, são os principais gargalos do Brasil para o gerenciamento de resíduos sólidos e como a GreenBusiness poderá atuar nesse sentido?
GB – O Brasil por ser um país continental e que o modal mais utilizado é o rodoviário, o principal gargalo é o logístico. Outro gargalo é o sistema de aproveitamento de resíduos. Para um sistema de tratamento de efluente que comporte grandes volumes de resíduos o investimento é muito alto, isso é uma barreira de entrada no mercado.
O que a GreenBusiness fará é achar empresas de reciclagem com ociosidade e ligá-las a empresas que geram os resíduos por meio digital. Outro papel da GreenBusiness será achar soluções de aplicações desses resíduos no próprio processo industrial do gerador.
Um exemplo é a Carpintaria Verde. Esse projeto será totalmente baseado no modelo de Muhamad Yunus, chamado de Social Business. Como vai funcionar: empresas de móveis geram toneladas de resíduos por mês. Hoje elas pagam para alguma empresa retirar esse resíduo nas suas plantas e geralmente direcionam para aterros ou incineradoras. Nós pegaremos esses resíduos e transformaremos em móveis modernos. Para a produção, usaremos pessoas que serão capacitadas em carpintaria. Todo o lucro da operação será reinvestido no projeto para conseguirmos ampliar para outros Estados do Brasil.
3) RS – Quais as principais metas para este ano?
GB – Este ano temos metas agressivas. Pela TerraCycle, iremos lançar mais sete novas categorias de resíduos que os brasileiros poderão coletar. Hoje já coletamos embalagens de suco em pó, salgadinhos, chocolates, margarina, produtos congelados e papel sulfite.
Já com a GreenBusiness, a meta é gerar projetos para cada vez mais facilitarmos os mecanismos que ligam os resíduos à reciclagem em escala industrial. Ainda pela GreenBusiness, a Carpintaria Verde estará rodando no segundo semestre de 2011.
4) RS – Como o senhor avalia o mercado de gerenciamento de resíduos industriais brasileiro?
GB – O mercado de resíduos industriais no Brasil já possui grandes empresas atuando. A grande questão é que essas empresas focam em resíduos fáceis de reutilizar, deixando os mais complicados para aterros sanitários, por exemplo.
Na nossa visão tudo tem solução. O que falta são projetos que envolvam toda a cadeia produtiva para a viabilização de uma aplicação mais nobre. Um exemplo disso é um cliente que direcionava o resíduo industrial plástico para pequenos recicladores sem nenhum controle da aplicação final. O que fizemos foi ajudar, tanto o gerador, quanto o reciclador a transformar os resíduos plásticos em displays de ponto de venda, caixas de movimentação interna que serão reaproveitados dentro da própria empresa.
5) Na sua opinião, as indústrias do país estão prontas para atender as exigências da PNRS?
GB – Não. Na política as empresas ficam responsáveis pela disposição final do resíduo pós-consumo, mas como uma empresa que tem como principal atividade desenvolver e produzir conseguirá se adequar para coletar resíduo por aí? Não existirá uma solução única, mas sim várias iniciativas para tentar a adequação o mais rápido possível.
6) RS – Para o senhor, quais investimentos e ações são prioritários para que o país tenha uma coleta seletiva mais eficiente?
GB – Em primeiro lugar, os municípios devem urgentemente rever o modelo de coleta urbana atual. Alegar que não fazem mais coleta seletiva por que as cooperativas não têm capacidade de absorção, isso não me convence.
Em segundo lugar, acredito fortemente que todas as empresas precisarão repensar os materiais utilizados em seus produtos. Na GreenBusiness teremos uma área que ajudará as empresas na engenharia de produto, desde o inicio. Ou seja, é possível repensar a composição dos materiais utilizados hoje para uma mudança de insumos que tenha uma disposição mais fácil após a vida útil primaria.
GreenBusiness – Telefone: (11) 3061-4074 ramal 4
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