
O secretário-geral da Eco-92, Maurice Strong, fala com a imprensa após participar da cerimônia de comemoração aos 20 anos da Cúpula da Terra
“Devemos ter cautela. Não há muito a comemorar e celebrar. Estou muito preocupado com o futuro da civilização… Há enormes lacunas para a implementação do que foi acordado na ECO-92. O hiato entre ricos e pobres também cresceu nos países desenvolvidos e não se materializaram as negociações em favor dos menos desenvolvidos”, disse Maurice Strong, ex-secretário-geral da Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92). A avaliação foi realizada na última sexta-feira (15), durante a celebração em homenagem ao evento organizado pela organização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no Rio Centro.
Segundo ele, é importante que ocorram auditorias gerais para auferir as responsabilidades dos governos. “A Rio+20 não pode ser vista só como um evento, mas uma plataforma de lançamento para ações futuras”. Em sua opinião, independentemente de a conferência atual ter menor orçamento comparativamente à de 20 anos atrás, isso não impede que as ações propositivas ocorram. “Olhar no espelho retrovisor não é para dar ré, mas para prosseguir”, comparou.
Strong considera que o quadro atual do planeta está distante do curso dos caminhos propostos há duas décadas, quando propostas como a Agenda 21 e as Convenções sobre Diversidade Biológica e sobre Mudança do Clima foram realizadas, além do encaminhamento da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.
“O que aconteceu desde então?”, questionou. Em sua avaliação, ocorreram pontualmente ações nacionais, mas alguns países continuam a negar a importância do tema. “Eu venho de um (país) infelizmente que se enquadra nesse perfil (Canadá), e não dá um bom exemplo”, diz. Ao mesmo tempo, Strong ponderou que a China (apesar de ser o maior emissor de gases do efeito estufa), progrediu nas últimas décadas em relação ao desenvolvimento sustentável.
O ex-secretário-geral da ECO-92 avalia que a pressão dos movimentos de massa são estratégicos e, às vezes, a única forma de se efetivar mudanças, citando como exemplos o Occupy Wall Street e Gandhi. E deixou o seguinte recado: “Hoje, com a mídia social, as mobilizações têm alcançado um grande número de pessoas, que vão responsabilizar seus líderes pelo que prometeram fazer há duas décadas e não cumpriram”.
Strong participou do evento de comemoração, que contou com a presence do secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do ex-presidente (à época da ECO 92) e atual senador, Fernando Collor de Mello, entre outros convidados.
(Matéria publicada no portal Mercado Ético)
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