
A psicóloga Maria Salete Abrão lança na quinta-feira (17), o livro “Construindo vínculo entre pais e filhos adotivos”. A obra, fruto de longa experiência da autora no setor, é dedicada à análise das peculiaridades psíquicas que envolvem os dois principais elos desse processo e traz quatro histórias clínicas para ambientar o leitor.
No livro, Maria Salete faz uma breve retrospectiva do estatuto da adoção e das circunstâncias que permeiam a infância e o abandono ao longo da história. Para o entendimento dos casos clínicos, a escritora tem na psicanálise a principal referência teórica. Autores como Sigmund Freud, Donald Winnicott, Silvia Bleichmar e Eva Giberti formam a base das reflexões.
Na publicação, ela destaca que a adoção traz sempre rupturas e que não se corrige essa fratura, pela transferência de cuidados da mãe biológica para outra mãe. “É necessário aprender que pais adotivos não são iguais aos pais biológicos. Não são melhores nem piores; são diferentes”, defende. O livro foi editado pela Primavera Editorial.
A obra alerta, ainda, que para a adoção transcorrer bem é imprescindível poder lidar com a diferença. “Em uma sociedade marcada pela estética da igualdade e da semelhança, os pais adotivos precisam escapar dessa igualdade. O filho adotivo deve ser reconhecido como o outro que é originado geneticamente por outros.”
Outro desafio, segundo Maria Abrão, diz respeito aos valores culturais associados à maternidade e à paternidade, questões que, de acordo com ela, habitam o imaginário popular e que pregam que a mãe que gera deve ser a mesma que cria. “Na adoção, esse elo indissolúvel é rompido e, nesse contexto, o vínculo simbólico entre pais e filhos adotivos precisa incorporar esse difícil elemento de superação”, diz na obra.
Formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Maria Salete Abrão possui mestrado e doutorado pela Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). A autora é professora do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, instituição em que se formou psicanalista. Ela integra, ainda, o Grupo Acesso – Estudo, Pesquisa e Intervenção em Adoção, ligado ao Sedes.
O contato dela com a experiência da adoção deu-se ainda durante a adolescência, graças à convivência com uma amiga que era filha adotiva. A ligação com o tema se aprofundou, mais tarde, nas clínicas de saúde escolar da Prefeitura de São Paulo e na experiência clínica, em consultório particular. Em mais de 30 anos de atividade profissional, passou a conhecer de perto questões de quem vive a adoção, seja como filho, seja como pai ou mãe que adota.
Maria Salete Abrão – Telefone: (11) 5182-1806
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