
Durante o mês de maio a artista Maria Aparecida Amorim, 60 anos, pôde expor para o público os frutos de um longo trabalho que lhe devolveu a alegria. Tratam-se de inúmeras telas produzidas a partir da técnica da pintura com a boca, já que Cidinha, como é carinhosamente conhecida, não possui braços e pernas.
A mostra foi no Centro Cultural Palmeiras, em Suzano, São Paulo, e é resultado da sua participação no Projeto Acesso Livre, realizado pela Fundação Orsa. A iniciativa beneficia outras 49 pessoas também com deficiência. A exposição, realizada de 03 a 31 de maio, contou com peças de cinco artistas.
Segundo Cidinha, o seu gosto pela pintura é antigo, mas para transportar sua imaginação para as telas foi preciso muita paciência. Num país pouco adaptado para esses cidadãos, com falta de infraestrutura básica acessível, como transporte público equipado com rampas e guiados por profissionais preparados, ela participou primeiro de aulas de pintura em tecido pela proximidade do local das oficinas com a sua residência.
“Eu sabia do Acesso Livre, mas não tinha transporte para eu ir. Um colega, também cadeirante, me inscreveu, pois sabia que o meu grande sonho eram as telas. Gosto de mexer com cores”, diz. As barreiras foram sendo superadas aos poucos e há três anos ela frequenta as aulas duas vezes por semana.
“Eu me entrego no projeto. Lá eu realmente vivo. Dou tudo de mim e extrapolo todos os meus limites. Eu me sinto uma nova pessoa. A minha vida é a pintura”, destaca emocionada. Na avaliação dela, os retornos são imensuráveis. Além de uma maior autoestima, a participação no projeto também ampliou o seu ciclo de amizades e apurou seu dom para a pintura.
“Projetos como esse tem o poder de salvar uma pessoa. Trata-se de um resgate mesmo. É um projeto positivo e é importante estimular iniciativas nesse formato”, completa. No Acesso Livre, os alunos desenvolvem diversas atividades práticas, desde oficinas culturais e esportivas até cursos profissionalizantes.
Em sua segunda edição, o evento trouxe 11 telas que misturam as técnicas com látex e acrílico, além de pinturas em banquinhos de papelão ondulado. O escopo da iniciativa é inclusão social e histórias de superação. “A recepção dos visitantes foi muito boa. Eu notei que eles gostaram muito e isso me deixou bem feliz”, comemora Cidinha que vendeu um dos quatro quadros que expôs na mostra. Neste mês, o projeto será apresentado no Centro Cultural Boa Vistam em outra região do munícipio.
Além de projetos culturais, a fundação desenvolve programas nas áreas de educação, saúde, garantia de direitos humanos, meio ambiente, e geração de emprego e renda. Desde 1994, mais de 6,8 milhões de pessoas já foram atendidas no país, num investimento social que ultrapassa a marca dos R$ 150 milhões. “Esse projeto [Acesso Livre] tem a função de ajudar essas pessoas a se integrar na sociedade, além de valorizar a comunidade local”, conclui Humberto Braga, gestor da fundação em Suzano.
Fundação Orsa – Telefone: (11) 3123-9756 e Maria Aparecida Amorim – Telefone: (11) 9856-7930
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