Quem são, onde estão e como vivem as pessoas com deficiência do Brasil? São essas as questões que a organização não-governamental Força do Bem, criada pela atriz Isabel Fillardis, tem buscado responder. Por meio de um banco de dados permanente e atualizado diariamente, a instituição espera realizar o primeiro censo de mapeamento quantitativo das pessoas com deficiência no Brasil, bem como classificar – por tipo de deficiência, gênero, faixa etária e região – esses cidadãos.
O interesse e dedicação pela temática não poderia ter uma apelo maior: a Força do Bem nasceu da cumplicidade de Isabel para com todas as mães que, como ela, vivem a difícil tarefa de cuidar de uma criança especial. “Fui incentivada e motivada pela vinda do meu filho, Jamal, que tem uma doença rara. Com essa experiência percebi que falta acessibilidade para as pessoas com deficiência no país. Eu passei a enxergar o mundo mais profundamente e vi que é preciso mudar muita coisa”, conta. Jamal tem a Síndrome de West, uma doença rara que compromete o desenvolvimento da criança e que exige um tratamento intensivo e caro.
Hoje, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), são 16 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Já estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que são 24 milhões de brasileiros deficientes, o que representa 14,5% da população total.
Para Isabel, o banco de dados desempenhará um papel importante. Além de nortear políticas públicas voltadas para esses cidadãos, também subsidiará ações específicas e adequadas a cada tipo de deficiência. O cadastramento é feito no site da instituição (http://www.forcadobem.org.br) e também pela caixa postal 37.722. Em dois anos de trabalho, a ONG já conta com mais de 500 mil inscritos.
Exemplo de sucesso do trabalho realizado pela entidade, segundo a fundadora, é uma parceria firmada com o Ministério Público do Trabalho, que tem facilitado o cumprimento da lei das cotas (Lei n.º 8.213/1991). “Muitas empresas alegam não saber onde encontrar pessoas deficientes qualificadas quando são autuadas. Com o mapa em mãos, elas podem identificar o profissional que procuram. Ajudamos tanto o deficiente quanto a empresa. Todos ganham”, avalia.
Mas a questão de colocar a pessoa com deficiência no mercado de trabalho tem gerado preocupação e polêmica. “No atual sistema, quando o indivíduo com deficiência entra no mercado formal de trabalho, ele pode perder o benefício do governo. Mas, muitas precisam do benefício para a manutenção do tratamento, que é muito caro. Isso precisa ser revisto”, alerta.
Para discutir esse tema e outros relacionados ao universo dos deficientes, a atriz tem feito palestras por todo o país. “A sociedade não está preparada para receber uma pessoa com deficiência. Falta acessibilidade no mercado de trabalho, nos transportes, no entretenimento. Tudo isso precisa ser debatido”, destaca.
Nesse sentido, a presidente pretende ampliar o campo de atuação da Força do Bem. Nos planos, está a criação de um centro de desenvolvimento e capacitação infantil, que contará com o trabalho de profissionais que irão preparar a criança com deficiência para ingressar na escola comum. “O que parece tarefa simples, como pegar num lápis, escovar os dentes e até andar, muitas vezes é muito complicado para uma criança especial. Por isso, é importante ter um lugar onde ela possa se tornar mais independente”.
Isabel Fillardis participa de outros projetos e atividades sociais. Além da Força do Bem, a atriz também fundou, em 2003, a ONG Doe seu Lixo. O trabalho da instituição consiste em promover programas e projetos de cunho sócio-ambiental pautados no desenvolvimento sustentável visando à melhoria de qualidade de vida, inserção social e geração de renda por meio da coleta seletiva de resíduos sólidos.
A Força do Bem – Tel.: (21) 2436-4210
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Ana Lucia Christino says
Boa noite. Tenho um neto diagnosticado. Com síndrome de West.gostaria imensamente de fazer parte da ONG e maiores informação e sobre o tratamento