Alberto Hernandez Neto

O professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Alberto Hernandez Neto, ministrará, a partir deste mês, um curso voltado para projetistas interessados em reduzir o consumo de energia e em elaborar estratégias e sistemas sustentáveis. O docente será responsável pelo treinamento para uso do software EnergyPlus, um simulador de eficiência energética dos edifícios, financiado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.

A ferramenta, disponível no site http://apps1.eere.energy.gov/buildings/energyplus/, permite, por meio de interfaces, introduzir dados sobre a geometria de uma edificação; dos materiais utilizados na sua envoltória (opacos e transparentes); perfil de ocupação, ou seja, número de pessoas que pode variar ao longo do ano; potencial de equipamentos de iluminação, instalação e o perfil de uso; entre outros. “É possível incluir informações sobre sistemas de climatização e de geração de energia, assim como avaliar o consumo diário, mensal ou anual da edificação e, com isso, analisar os seus potenciais níveis de redução e uso racional de energia”, explica o professor.

O curso será realizado pela Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica – ANAB Brasil, com início no dia 30 de março das aulas à distância e 23 de abril das presenciais. Para o docente, cursos e treinamentos são importantes para que o conhecimento da ferramenta seja assimilado de forma adequada e o aprofundamento deve ser realizado em etapas para que o usuário entenda a complexidade das simulações. O aplicativo é resultado da união dos softwares BLAST e DOE-2 e o simulador também pode ser utilizado no processo de certificação de edifícios, emitido pelo Green Building Council.

Há mais de dez anos, Alberto Hernandez Neto se dedica a pesquisas relacionadas à eficiência enérgica, com participação ativa no programa de uso racional de energia desenvolvido pela USP. “Nesse programa desenvolvemos uma série de ações para a redução de consumo de energia que iam desde a troca de equipamentos até palestras para conscientização dos funcionários. Em 2001, com o ‘apagão’, a demanda por estudos em eficiência energética aumentaram, essa linha se consolidou e o número de estudos tem crescido a cada ano”, explica.

O professor destaca que a relação entre o meio ambiente, construção civil e mercado é muito próxima e abre campo para o oferecimento de soluções que agridam menos o meio ambiente com retornos financeiros bastante interessantes. “Principalmente para os empreendedores que mantêm para si a operação dos edifícios, pois os ganhos com a construção ‘verde’ encontram-se em metas de longo prazo com as reduções de consumo de utilidades na operação da edificação”, diz.

Para o consumidor final, o gasto de um empreendimento com conceitos de sustentabilidade ainda é maior, mas Hernandez lembra que a escolha resulta em economia no final. “O aumento de custo varia entre 5% e 15%, em relação a uma edificação convencional, mas isso pode se refletir em economias de até 20% na operação. Essa economia pode ser avaliada pelo usuário da edificação todo o mês com as contas de água e luz sendo menores”, completa.

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