
No dia da abertura da Copa do Mundo da Fifa, o Instituto Ethos e a Rede Brasileira do Pacto Global da ONU lançaram a publicação Combatendo a Corrupção no Patrocínio Esportivo e nas Ações de Hospitalidade – um Guia Prático, versão em português de Fighting Corruption in Sport Sponsorship and Hospitality. Desenvolvido para auxiliar as empresas no investimento em campeonatos esportivos, o objetivo do documento é contribuir com a prevenção da corrupção nesse tipo de ação de marketing.
A publicação, de 52 páginas, aponta os riscos mais recorrentes e propõe uma metodologia para melhorar a transparência e a ética nos contratos e na prestação de contas de patrocínios ao esporte. O guia também aborda outra modalidade bastante comum de apoio, conhecida como “ações de hospitalidade”: troca de favores e presentes entre patrocinadores e entidades desportivas. Mesmo com o final da Copa do Mundo, a temática continua relevante no Brasil, já que em 2016 o país organiza a próxima Olimpíada, sem contar os muitos campeonatos esportivos regulamente disputados no país.
A principal recomendação do guia é tratar entidades desportivas com o mesmo rigor que deveria ser dispensado aos fornecedores de outros serviços para as empresas. Isso significa adotar e implementar medidas de compliance e due diligence, tais como avaliações de risco, auditoria e programas anticorrupção para aprovação do patrocínio.
Para enfrentar os riscos relacionados à corrupção, são propostas seis etapas:
1) comprometimento com os princípios de conduta empresarial do Pacto Global da ONU;
2) avaliação de riscos, oportunidades e impactos;
3) definição de metas;
4) implementação de estratégias;
5) mensuração de impactos; e
6) comunicação do progresso às partes interessadas.
A criação de canais de denúncia e a divulgação em site dos contratos de patrocínios são algumas das ações propostas.
O guia também traz um estudo de caso sobre a experiência do Instituto Ethos com o projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios, que integra ações para a prevenção da corrupção em governos, em empresas e na sociedade, aproveitando a grande atenção que recebe a Copa do Mundo nos países-sede.
Sobre o guia
Combatendo a corrupção no patrocínio esportivo e nas ações de hospitalidade foi lançado originalmente em inglês em março deste ano. O documento reflete discussões e consultas públicas com empresas, sociedade civil e especialistas, lideradas pelo Grupo de Trabalho internacional sobre o 10 º Princípio contra a Corrupção do Pacto Global da ONU. O Instituto Ethos e a Petrobrás, que integram o grupo, contribuíram com a redação do texto.
A tradução e o lançamento da versão em português é uma iniciativa do Grupo Temático Anticorrupção da Rede Brasileira do Pacto Global. Segundo Aline Figueiredo, responsável de Relações Institucionais do Instituto Ethos e coordenadora do GT, o próximo passo será cobrar de grandes empresas patrocinadoras um compromisso público com as diretrizes apontadas pelo guia. “Também queremos facilitar o acesso dessas informações às pequenas e médias empresas, uma vez que as orientações gerais sobre compliance servem para outros contextos de patrocínios”, destaca Aline.
Sobre o Pacto Global
Lançado em 2000, o Pacto Global das Nações Unidas é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa voluntária do mundo. Reúne 8 mil signatários corporativos em 145 países com o objetivo de alinhar as operações de negócios aos dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O Brasil é a 4ª maior rede local, com cerca de 600 signatários – entre empresas e outras organizações. Desde 2011, o PNUD Brasil exerce a função de Secretariado Executivo, responsável pela coordenação e promoção do Pacto Global no país.
Também nessa Edição :
Perfil: Antônio Ermírio de Moraes
Artigo: A influência da responsabilidade social corporativa
Notícia: O que deu na mídia (edição 179)
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