
Fachada da Churrascaria Porcão, em Brasília
A filial da churrascaria Porcão, em Brasília, conseguiu transformar um fato que foi escândalo na imprensa local em um frutífero investimento. A empresa que havia sido denunciada por estar contaminando o Lago Paranoá passou por uma completa reestruturação, que envolveu desde as alterações técnicas para destinação correta do esgoto, até a participação dos funcionários em um curso de formação em preservação do meio-ambiente.
No dia 2 de abril de 2002, a churrascaria Porcão de Brasília, pagou mais de R$ 6 mil em multas à Companhia de Abastecimento e Saneamento do Distrito Federal (Caesb) por não fazer o trabalho de limpeza correto nas caixas de gordura, comprometendo a qualidade da água que é tratada na estação de esgoto e lançada no Lago Paranoá. As repetidas visitas da fiscalização e o dinheiro gasto em multas não afastaram o Porcão da reincidência. “A limpeza não tem ocorrido com a periodicidade exigida”, afirmou, à época, Dolores Volpini, chefe de Fiscalização de Esgotos da Caesb.
As sucessivas matérias publicadas a respeito do problema e a forma como a churrascaria vinha lidando com a questão fizeram a mais prestigiada casa de carnes da capital perder alguns clientes e entrar na lista negra dos ambientalistas. O caso foi parar na Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público do Distrito Federal (PRODEMA), que rapidamente encontrou a solução para o impasse. A promotora Marta Eliane, responsável pelo caso, analisou a infração da churrascaria e aplicou um “termo de ajustamento de conduta”. Nele, a empresa além de cumprir todas as determinações da Caesb – passando a fazer limpezas semanais nas caixas de gordura – recebe uma espécie de “penalidade”, na qual tem que contribuir com alguma ação que promova a preservação do meio ambiente.
No caso da Churrascaria Porcão de Brasília, a indicação da PRODEMA foi que o estabelecimento terminasse a obra do projeto denominado Ecoteca, localizado no zoológico da cidade. Trata-se de um espaço de pesquisa em meio ambiente, coordenado pela Associação Amigos do Futuro, que recebe diariamente crianças de escolas públicas e privadas para lições sobre a natureza. “O espaço foi totalmente construído com materiais ecologicamente corretos”, diz Rejane Pieratti, presidente da Amigos do Futuro.
Em contrapartida ao apoio da churrascaria, a ONG ofereceu a implementação de um sistema de gestão de resíduos, além da conscientização dos funcionários, por meio de um ciclo de palestras sobre conservação do meio ambiente. “Foi uma transformação muito bonita de ver acontecer. Hoje, a empresa economiza todo o dinheiro arrecadado com a venda de material reciclável e sorteia um carro para os funcionários no final do ano”, alegra-se Rejane.
“Esse tipo de trabalho de conscientização foi muito válido, pois envolveu todas as esferas da empresa”, avalia Marta Eliane. A promotora ainda chama atenção para os ganhos alcançados pela empresa depois de toda essa transformação. “É uma medida educativa que tem um efeito multiplicador. A empresa lucra com a economia do material, os funcionários ficam muito mais estimulados a trabalhar e, o mais importante de tudo, a churrascaria tornou-se ambientalmente responsável, o que atrai clientes e confiabilidade”, resume.
Site: www.amigosdofuturo.org.br
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