O Prêmio ECO estimula, desde 1982, uma transformação profunda nas relações entre empresas, Estado e sociedade civil. Criado pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo, a premiação chega à sua 21a edição em 2003
O termo responsabilidade social ainda não fazia parte do vocabulário e da agenda das empresas. As grandes preocupações do mundo corporativo em 1982 eram a desaceleração da economia, que marcava o início do que viria a ser conhecida como “a década perdida”, as negociações com o Fundo Monetário Internacional, urgentes diante das necessidades de crédito para honrar compromissos, dificuldades para importar, escalada da inflação, sinais de uma forte retração do mercado e o controle imposto com mão de ferro pelo CIP – Conselho Interministerial de Preços. Parecia difícil para as empresas olhar além de seus muros. Mais remoto ainda, empenhar-se na melhoria da qualidade de vida e no resgate da cidadania das comunidades carentes. Foi diante desse cenário, francamente desfavorável, que uma comissão formada pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo decidiu criar um incentivo para empresas que apoiassem ou desenvolvessem programas sociais.
Nascia o Prêmio ECO – Empresa-Comunidade –, iniciativa pioneira que trouxe um importante impulso à participação empresarial no esforço de enfrentar os graves problemas sociais do País. “Desde o início, o Prêmio ECO obteve uma receptividade surpreendente, sendo disputado até por empresas não associadas. A leitura disso é que houve um reconhecimento imediato do que, na época, apenas começávamos a vislumbrar”, avalia David E. Ivy, membro do Comitê Executivo e ex-presidente da Amcham-SP.
A análise de Ivy é consenso entre os mais destacados articuladores e porta-vozes do amplo movimento que vem dando força à política de responsabilidade social no Brasil. “O Prêmio ECO é um marco pelo impulso à mobilização do empresariado e a uma nova visão sobre o papel das empresas na sociedade, bem além dos princípios filantrópicos que durante muitos anos orientaram a sua atuação”, diz Luis Norberto Paschoal, presidente da rede de lojas DPaschoal e coordenador estratégico do Ibravo – Instituto Brasil Voluntário.
O Prêmio ECO vem, desde então, dando ressonância à cidadania corporativa. É esse o caminho que um número cada vez maior de companhias passou a adotar no Brasil. Desde sua criação, em 1982, o Prêmio ECO já teve: 1372 Empresas Participantes; 1653 Projetos Inscritos; 117 Projetos Vencedores; Mais de US$ 2.8 bilhões investidos nas cinco áreas do Prêmio (educação, saúde, cultura, meio ambiente e participação comunitária). Em 2003, em sua 21a edição, 75 projetos foram inscritos por 66 empresas.
Vitoriosa em 1982 na categoria educação e em 1987 em cultura, a Fundação Romi firmou com a comunidade o compromisso de dar continuidade a todas as ações que resultem em seu desenvolvimento. A antiga Escola de Aprendizagem Técnica, premiada no primeiro ano do ECO, deu origem a um projeto mais ousado, o CTPA – Centro Técnico e Pedagógico de Apoio à Formação de Formadores. O objetivo é atualizar e formar professores para as áreas técnicas e tecnologias de cursos de 2o grau e superior.
Lançado em 1987 e vencedor do Prêmio ECO no ano seguinte, na categoria participação comunitária, o Programa Volvo de Segurança no Trânsito – PVST – veio, desde então, ampliando sua abrangência. Do objetivo inicial de sensibilizar o País para esse grave problema, o programa evoluiu rumo à promoção do envolvimento da sociedade em debates sobre questões como o uso do cinto de segurança e a uma ativa participação nas discussões que levaram ao novo Código Brasileiro de Trânsito, aprovado em 1997.
O Criança Esperança, realizado pela Rede Globo em parceria com a Unicef, é outro exemplo de programa que não perdeu impulso com o tempo. Iniciado em 1986 e premiado em 1991 na categoria participação comunitária, já arrecadou mais de R$ 100 milhões, aplicados em cerca de 4.500 projetos que, no total, beneficiaram 2,5 milhões de crianças e adolescentes, além de cumprir um papel fundamental na conscientização da sociedade brasileira sobre a situação dos menores. “São apenas alguns exemplos, reconhecidos pelo Prêmio Eco ao longo de 20 anos, de uma radical mudança nas empresas e do que elas podem fazer para a construção de uma sociedade mais justa. Uma transformação que nem a retração do mercado nem as incertezas sobre a economia parecem capazes de reverter”, diz David E. Ivy.
Site: www.amcham.com.br
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