Brasil sedia pela primeira vez campeonato que tem como meta promover a inclusão social por meio do esporte
O Brasil receberá no próximo mês, a oitava edição do Campeonato Mundial de Futebol Social, iniciativa criada em 2003 para promover a transformação social de jovens pelo mundo. Conhecida internacionalmente como Homeless World Cup, a competição será realizada entre os dias 19 e 26, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e receberá seleções de 64 países dos cinco continentes.
No país, o evento é organizado pela ONG Futebol Social, em parceria com a Organização Civil de Ação Social (Ocas), que desenvolve um trabalho com moradores de rua, e o Instituto Illuminatus. No Brasil, a competição já soma resultados significativos de inserção social, como a revelação de talentos como Michele da Silva, moradora da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. A atleta foi eleita a melhor jogadora do campeonato mundial de 2007 e integrou a categoria sub-20 da Seleção Brasileira Feminina oficial.
Outro destaque é o jogador Carlos Magno, morador da comunidade Vila Nova, na Baixada Santista, escolhido melhor atleta do campeonato de 2008, na Austrália. Destaque também para Flaysmar Landim, 18 anos, morador da comunidade do Jaguaré, em São Paulo. Ele foi integrado aos juniores do Fluminense e está atualmente em período de testes.
Com a realização do evento neste ano, o país ainda terá ganhos sociais maiores, visto que a cada campeonato realizado a organização da Homeless World Cup tem como compromisso deixar um legado para o país sede. No Brasil, dois projetos serão realizados em parceria. Trata-se da construção do Centro de Convivência em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e da mini-fábrica na sede da revista Ocas, no centro de São Paulo.
O centro de convivência será instalado numa região com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da capital fluminense. O projeto foi escolhido a partir de um concurso mundial da Architecture for Humananity, rede global de profissionais voluntários que trabalham em projetos de design e construção para comunidades necessitadas. O projeto levou em consideração questões como eficiência energética, reciclagem de materiais e aproveitamento de recursos locais, como matéria-prima e mão-de-obra da comunidade.
A unidade terá três prédios interligados e será voltada para a integração social das comunidades do entorno, com salas de aula, banheiros, academia e auditório. O projeto será executado em duas fases, a primeira prevista para ser concluída até setembro. Na segunda etapa será implementada a nova sede do Instituto Bola pra Frente, que apoia a iniciativa. A instituição oferecerá atividades pedagógicas, esportivas e culturais. O objetivo é atender até dois mil jovens.
Já a mini-fábrica da Ocas, tem por objetivo oferecer oportunidade de trabalho para a população carente que vive no entorno. O investimento possibilitará a aquisição de materiais de construção, ferramentas e máquinas, e o suporte ao empreendimento durante o primeiro ano. Além disso, em parceria com a Drastosa, a empresa doará sobras de tecidos e itens que não são mais comercializados. “A ideia é formar empreendedores e o projeto deve ser auto-sustentável em um ano”, destaca Guilherme Araújo, diretor da Futebol Social.
A expectativa é oferecer trabalho para aproximadamente dez pessoas no primeiro ano, que serão treinados por voluntários da Ocas para diversas funções como produção, vendas, design, administrativa, entre outras. O primeiro produto será uma peruca fabricada a partir de resíduos de tecidos da camisa oficial da Seleção Brasileira de Futebol. A peça será vendida durante o campeonato e a arrecadação será totalmente revertida para a ONG Futebol Social.
O campeonato
O torneio internacional conta com o apoio de entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) e da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), além das multinacionais Nike e Vodafone. No Brasil, o evento conta ainda com o apoio dos ministérios dos Esportes e das Relações Exteriores.
Até hoje, a Homeless World Cup promoveu e apoiou a criação de programas sócio-esportivos em mais de 70 países, beneficiando cerca de 100 mil jovens em todo o mundo. Segundo pesquisas realizadas pela instituição, o impacto positivo na vida jovens participantes é significativo. Cerca de 73% deles decidem rever duas vidas, seja desvencilhando-se de vícios, seja na busca por uma formação ou reconstruindo sua vida pessoal e retomando laços familiares.
O torneio segue um formato de curta duração. Cada partida dura 14 minutos, com dois tempos de 7 minutos e 1 minuto de descanso. A camiseta Nike oficial da competição social será vendida durante o torneio. Toda verba arrecadada será doada para a Homeless World Cup.
Campeonato Mundial de Futebol Social – Telefone: (21) 3535-8330 // 8354 // 8363
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