
Estudo mostra que Brasil ainda não sabe aprovetiar fontes renováveis de energia
Pesquisa lançada neste mês revela que o país pode elevar em 40% a participação de fontes renováveis na matriz enérgica
Estudo lançado no dia 15 de agosto, em Curitiba (PR), mostra que é possível elevar em pelo menos 40% a participação de fontes renováveis alternativas nos leilões de energia nova no país. A pesquisa revela que o Brasil tem forte potencial em áreas como eólica, biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e solar fotovoltaica. Num cenário pessimista, cada uma dessas fontes pode crescer no mínimo 10%.
“O Brasil ainda explora muito pouco de seu grande potencial de geração de eletricidade por fontes alternativas renováveis”, avalia Carlos Rittl, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, organização que encomendou o estudo.
A pesquisa traz comparações com outros países, como a Alemanha, a Espanha e o Japão. O documento “Além de grandes hidrelétricas: políticas para fontes renováveis de energia elétrica no Brasil” também dispõe de recomendações para a construção de políticas públicas no setor.
O estudo aponta, por exemplo, que há um grande gap entre o potencial brasileiro de geração de eletricidade das fontes alternativas e a capacidade instalada e outorgada no país. Para se ter uma ideia, dos 2,4 mil empreendimentos de geração de energia elétrica em operação em 2011, apenas 77 usavam fontes renováveis que, juntas, podiam produzir 12,3 milhões de kW.
Em termos comparativos, somente a energia eólica já apresentava, em 2001, um potencial de geração de energia elétrica de 143 milhões de kW. Passados 11 anos, estima-se, em 2012, um potencial de 300 milhões de kW de energia gerada pelo vento, um total que é superior ao dobro da capacidade total instalada no Brasil, atualmente de mais de 114 milhões de kW, considerando-se todas as fontes geradoras.
Ainda na opinião de Carlos Rittl, o levantamento prova que, com alguns incentivos, é totalmente possível “fazermos uma revolução na matriz energética brasileira nas próximas décadas”. O estudo aponta, por exemplo, que se bem planejadas, essas fontes provocam impactos ambientais muito menores em relação às grandes hidrelétricas, sem significar aumento de custos.
Outra fonte com potencial subaproveitado é a biomassa com uso de cana-de-açúcar. De 440 usinas desse tipo em atividade no Brasil, só 100 delas produzem eletricidade. O potencial de geração de eletricidade estimado só para esta fonte era de 14 milhões de kW em 2009.
De acordo com o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do International Energy Initiative para a América Latina (IEI–LA), Gilberto de Martino Jannuzzi, o país dispõe de fontes alternativas com alto potencial de produção, e existe uma tendência de queda dos preços dessas fontes nos próximos leilões.
“O futuro não está mais em grandes projetos hidroelétricos e muito menos no uso continuado de fontes fósseis”, garante Jannuzzi, que supervisionou o estudo. “Há formas de tornar as fontes alternativas ainda mais competitivas, por meio da criação de novos subsídios ou do redirecionamento dos já existentes, mas que estão atualmente voltados a viabilizar as fontes fósseis”, completa.
Com relação aos custos de produção, a pesquisa revela que existe no Brasil uma tendência de queda nos próximos 10 a 15 anos das fontes eólica, biomassa (cana-de-açúcar), enquanto, no mesmo período, há tendência de elevação dos custos das usinas hidrelétricas.
“A conclusão é clara: o potencial dessas fontes é imenso e pouco aproveitado. Havendo vontade política, o governo brasileiro tem como promover as ações sugeridas no documento e, assim, atender a uma significativa parte das demandas de eletricidade do país a partir de fontes limpas e de baixo impacto ambiental”, reforça Rittl.
“No planejamento energético do Brasil, podemos fixar metas de expansão para fontes alternativas no sistema interligado nacional, associadas ao estímulo à geração distribuída, além de adaptação ou de substituição dos mecanismos de fomento já existentes”, relata Paulo Henrique de Mello Sant’Ana, do professor da Universidade Federal do ABC e do IEI-LA e coordenador da pesquisa.
WWF-Brasil: wwf.org.br
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