
Venda dos produtos gera renda e sustentabilidade econômica: 70% é distribuído entre os participantes e 30% investido na Acuda
Projeto realizado na cidade considerada uma das mais violentas do país já soma resultados como a formação de micro-empresários
Iniciativa de Porto Velho (RO), que está entre as cidades mais violentas do Brasil e com altos índices de reincidência criminal, tem mostrado aos detentos da cidade que é possível reconstruir a vida e ter uma fonte de renda sustentável. A estratégia alia qualificação profissional e formação cultural. A abordagem em nada é inovadora, mas os resultados são promissores e comprovam a eficácia da proposta.
Trata-se do “Iluminar” projeto realizado pela Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda). A iniciativa oferta oficinas de artesanato em marcenaria, cerâmica, tear, artes plásticas, reciclagem e hortifrutigranjeiros. São realizados, ainda, cursos de terapias complementares, como massoterapia ayurvedica, banho de argila, meditação, além jogos lúdicos e artes cênicas. As ações são voltadas para presidiários em regime fechado e semi-aberto e ex-presidiários e somam mais de 700 pessoas beneficiadas.
A proposta teve início há nove anos a partir de uma iniciativa do Serviço Social do Transporte (Sest), que montou o espetáculo teatral “Bizarrus” com os detentos. No começo a ideia era combater de forma incisiva à violência praticada contra o sistema de transporte. “Profissionais voluntários ousaram em criar um projeto específico e de vanguarda de atenção aos apenados, cujo escopo era facilitar a reinserção deles no convívio social”, explica Luiz Marques, diretor operacional do Sest.
Os resultados mobilizaram outros atores, como a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), Vara de Execuções Penais (VEP) e o Conselho da Comunidade na Execução Penal (CCEP), ambos de Porto Velho. Hoje a Acuda oferta um programa completo que beneficia a comunidade carcerária, os egressos e familiares desses cidadãos. O projeto, que conta com a parceria do Banco da Amazônia, oferece ainda apoio jurídico e atendimento psicológico, médico e odontológico.
Para participar das atividades é preciso ter no mínimo seis meses de pena a cumprir em um dos presídios da cidade, ter família e residir no município de Porto Velho. Também é necessário estar matriculado no ensino fundamental ou comprovar a conclusão do ensino médio. As oficinas são realizadas nas dependências da Acuda, instalada na Estrada da Penal, próximo ao presídio Ênio dos Santos Pinheiro.
Hoje o projeto envolve mais de 20 pessoas e a área administrativa da Acuda já é comandada por ex-detentos. As oficinas beneficiam diretamente 50 presos, mas segundo o diretor existe uma fila de espera com mais de 100 interessados. “No início eles desconfiavam da iniciativa e jogavam contra. Agora a demanda é crescente, na medida em que os presos voltam para suas celas e divulgam seus benefícios”, diz Marques. A expectativa para este ano é ampliar o número de vagas para 600.
Devido a abordagem que trabalha o cidadão em sua totalidade, a mudança de postura é expressiva. “Não é somente pelo emprego, mas sim pela escolha de poder mudar”, diz o diretor. A maior parte dos recursos gerados com as vendas dos produtos é destinada para as famílias dos detentos (70% de tudo que é vendido e fabricado pelos presos e divido entre eles) e os 30% restantes são investidos na própria Acuda, para manter a continuidade dos trabalhos.
Acuda – Telefone: (69) 9217-3830 – E-mail: acuda-rondonia@hotmail.com
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