
Nathan Herszkowicz
Brasil desponta no mercado internacional e garante uma participação ativa no segmento
Entrou em vigor em outubro o Código Comum para a Comunidade Cafeeira, um programa mundial que propõe a ampliação de práticas sustentáveis na cafeicultura, como a ausência de trabalho infantil e a preservação do meio ambiente. Criado pela Associação 4C, composta pelos maiores compradores mundiais do produto, o programa objetiva fomentar significativamente a produção do café sustentável, alcançando até 2015 a marca de 50% do total produzido.
Nesse cenário promissor, o Brasil terá um papel importante. A previsão é da Associação Brasileira de Indústria de Café (Abic), que desenvolve o Programa Cafés Sustentáveis (PCS). Segundo o diretor-executivo da entidade, Nathan Herszkowicz, o país já demonstra expertise e tem um grande potencial. “A cafeicultura brasileira, de maneira geral, é muito moderna, avançada e obedece a rígidos padrões de legislação trabalhista e ambiental, que exigem boas práticas no campo. No primeiro trimestre deste ano foram testados os sistemas e modelos de Verificação do 4C em diversas propriedades brasileiras, e os resultados mostraram que elas estão dentro dos padrões exigidos”.
Somente pelo PCS, desenvolvido em parceria com o Conselho das Associações das Cooperativas de Café do Cerrado (Caccer) desde maio deste ano, sete marcas já receberam o um selo que atesta sua sustentabilidade. “Os critérios utilizados no PCS são praticamente os mesmos utilizados pela 4C. Acontece que o PCS avança no produto industrializado enquanto o código refere-se unicamente ao café verde (cru)”, explica o executivo. O programa realizado pela Abic observa todos os requisitos de sustentabilidade econômica, social e ambiental tanto na lavoura quanto no ambiente industrial. “Vamos do grão à xícara”, garante Herszkowicz.
Atualmente cerca de 7% de toda a produção mundial de café, isto é, quase oito milhões de sacas já são sustentáveis. Para o próximo ciclo cafeeiro (outubro/2007 a setembro/2008) a previsão é que 2,5 milhões de sacas sejam produzidas dentro dos parâmetros do 4C. “O Brasil já possui quase 1,5 milhão de sacas desse total, o que o qualifica como o grande fornecedor de cafés 4C para o mercado mundial”, destaca o diretor-executivo da Abic.
Consumo pequeno
O consumo de café no Brasil tem crescido num ritmo mais acelerado do que o registrado no resto mundo. O crescimento médio no planeta é de 1,5% ao ano, enquanto a média anual brasileira é de 5,8%, ou seja, quatro vezes mais. Mas o gosto pelo café sustentável ainda não é uma realidade no país. Segundo cálculos da Abic apenas 1% das 17 milhões de sacas consumidas por ano no mercado interno é sustentável. Em alguns países da Europa, como a França, esse segmento já corresponde por 20% do total.
“Mas a expectativa é que cada vez mais aumente a demanda por esses produtos. Novas empresas já estão aderindo ao PCS e em breve colocarão seus produtos no mercado. A própria Abic estuda parcerias com outras entidades e certificações, para ampliar o leque de ofertas”, conta Herszkowicz. Ainda segundo o executivo, outro fator que poderá contribuir significativamente no aumento da demanda é o movimento mundial do ‘consumo consciente’. “Trata-se de uma tendência em que a tomada de decisão de compra leva em consideração a maneira como determinado produto foi feito e quais as conseqüências que trará quando for descartado”, conclui o representante da Abic.
Associação Brasileira da Indústria do Café – Tel.: (21) 2206-6161
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